

Às vezes, um pequeno acidente de trânsito transforma-se em muito mais que um pequeno acidente de trânsito. Como naquele dia, algures em dezembro de 1990, quando um taxista de seu nome Eric Court e Bertrand Gachot, um mediano piloto de Fórmula 1, nascido no Luxemburgo mas a correr com uma super-licença da Bélgica, deram um toquezinho numa rua de Londres.
Como demasiados insignificantes incidentes na estrada, este escalou: no meio da discussão, Gachot atacou Court com gás pimenta. Nem Court nem Gachot saberiam, mas os décimos de segundo entre o momento em que o piloto premiu o spray e a chegada deste aos olhos do taxista mudariam o curso da história do automobilismo.
Uma espécie de efeito borboleta, mas a motor.
O caso chegou a tribunal e, em agosto do ano seguinte, Gachot foi preso. Era véspera de GP da Bélgica e, de repente, a Jordan ficou com um problema em mãos: era preciso encontrar rapidamente um substituto para Gachot.
E foi assim, à boleia de um irritado belga nascido no Luxemburgo, que chegamos à estreia de Michael Schumacher na Fórmula 1.
O GP Bélgica duraria apenas uma volta para o jovem alemão, mas o 7.º tempo na qualificação era apenas o prelúdio para a chegada de uma nova estrela ao paddock. Era então um miúdo ambicioso, mas tímido. Esta quinta-feira, quase três décadas após aquela estreia involuntária, Michael Schumacher completa 50 anos sem que ninguém saiba - senão os mais próximos - qual a sua verdadeira condição, cinco anos após um acidente de esqui que o deixou seis meses em coma.
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