Fórmula 1

“Ele vai para lá do limite”, diz Hamilton sobre Verstappen. “Isto não é F1”, responde o neerlandês. A luta pelo título também fora da pista

“Ele vai para lá do limite”, diz Hamilton sobre Verstappen. “Isto não é F1”, responde o neerlandês. A luta pelo título também fora da pista

Há um campeonato a decorrer na pista e há outro a decorrer na zona de entrevistas. Com os jornalistas sentados na primeira fila, os protagonistas da Mercedes e Red Bull continuam a rivalidade que tem vindo a marcar a Fórmula 1, mas desta vez trocam as quatro rodas pelo microfone, no final do GP Arábia Saudita

A corrida pelo título mundial não ficou decidida no passado domingo, mas nem por isso deixou de dar muito que falar. Ao longo das 50 voltas do circuito de Jeddah foram vários os momentos de disputa direta entre Lewis Hamilton e Max Verstappen, os dois candidatos à vitória.

Hamilton começou a corrida na pole position, mas uma bandeira vermelha levou o rival a ocupar essa posição. Seguiram-se dois movimentos de Verstappen que o obrigaram a ceder o lugar ao britânico: duas saídas da pista para recuperar a posição. Numa das vezes que recebeu a ordem para deixar ultrapassar Hamilton, Verstappen travou mesmo na frente do rival e levou-o a embater com a asa fronteira no seu Red Bull.

Houve ainda um ou outro incidente entre os dois, mas no final venceu Hamilton, Verstappen ficou em segundo, a decisão do título ficou adiada e o neerlandês recebeu duas penalizações. Além disso, no final, fiéis ao que nos têm habituado, das duas equipas surgiram opiniões diferentes.

“Em 28 anos, já corri com muitos pilotos. Já me deparei com muitas pessoas diferentes e há algumas no topo que estão um pouco acima do limite. As regras não se aplicam, eles não pensam nas regras”, disse Hamilton à Sky Sports, referindo-se a Verstappen. “Ele vai para lá do limite, com certeza. Já evitei a colisão em tantas ocasiões com ele, mas nem sempre me importo de ser eu a fazer isso, porque se vive para lutar outro dia. Que foi o que eu fiz”.

Pool

Já Verstappen considerou que não se pode chamar Fórmula 1 à penúltima corrida da época: “Estou apenas a tentar competir e este desporto ultimamente é mais sobre penalizações do que sobre corridas. Para mim, isto não é a Fórmula 1”, afirmou.

Christian Horner, chefe de equipa da Red Bull, tinha também muito a dizer depois da corrida. E não escondeu o descontentamento. Horner começou por não concordar com o facto de Verstappen ter sido considerado culpado pelo choque entre os dois carros, após ter diminuído a velocidade diante de Hamilton - o que resultou numa penalização de 10 segundos.

“Tivemos sorte de ficar em segundo lugar, especialmente dada a quantidade de danos que tivemos na traseira do nosso carro. Não sei o que Lewis estava a fazer porque o Max estava a tentar ceder o lugar conforme as instruções do controlo de corrida”, disse.

Lars Baron

Mas não ficou por aí e Michael Masi, diretor de corrida, foi o segundo alvo das críticas.

“Senti que hoje o desporto sentiu falta de Charlie Whiting, lamento dizê-lo”, disse Horner, referindo-se ao diretor de corrida entre 1997 e 2019.

No contra-ataque, Toto Wolff, chefe de equipa da Mercedes, discordou: “Havia tanta coisa a acontecer, tantas coisas para julgar e eu não gostaria de estar nem no lugar do Michael nem no lugar dos stewards. Vais sempre parecer estúpido se estiveres a cometer erros e se houver 100 decisões a tomar, talvez algumas estejam erradas ou sejam controversas, e precisamos de aprender com isso”.

Sobre o resultado da corrida, provavelmente já não é preciso dizer, mas sim, Wolff discordou de Horner e Verstappen.

“Ganhar a corrida, de uma forma tão dramática, penso que o Lewis mereceu. Podíamos ter ficado fora algumas vezes com uma asa da frente partida - foi uma corrida espetacular, mas não necessariamente uma boa corrida. O Lewis conduziu de uma forma tão inteligente e com paciência”, afirmou aos jornalistas.

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