Fórmula 1

Um ano depois, pódio número 100 de Fernando Alonso é questionado: presidente da FIA terá alegadamente interferido no resultado

Um ano depois, pódio número 100 de Fernando Alonso é questionado: presidente da FIA terá alegadamente interferido no resultado
NurPhoto

Mohammed Ben Sulayem terá pedido que penalização de dez segundos imposta ao espanhol fosse revertida. Decisão inicial foi tomada já no fim da corrida, o que teria valido a George Russell o terceiro lugar. Ainda assim, a FIA voltou a rever o caso e decidiu atribuir a posição conseguida em pista a Fernando Alonso. Processo conhece agora mais detalhes

O domínio de Max Verstappen deu à narrativa “quem é o melhor dos piores” um interesse que não tinha quando a disputa pelo campeonato era renhida e feita até ao último jogo de pneus ficar careca. Os sinais dados pelo neerlandês na primeira corrida do campeonato, no Bahrain, deixam antecipar que o cenário possa não ser assim tão diferente do que se tem visto no passado recente.

No início de 2023, Fernando Alonso foi o piloto que mais se intrometeu no domínio dos pilotos da Red Bull. O espanhol colecionou oito pódios, o melhor registo entre todos os que não correm num carro com asas. Se este ano o duas vezes campeão do mundo (2005 e 2006) conseguiu apenas um nono lugar no arranque do Mundial, na temporada passada o piloto da Aston Martin arrancou com três terceiros lugares consecutivos, um deles na Arábia Saudita, numa corrida que podia ter terminado com outro resultado.

Nessa ocasião, Alonso posicionou mal o monolugar na grelha de partida e sofreu uma penalização de cinco segundos. No final da corrida, por não ter cumprido o castigo de forma correta durante a primeira paragem nas boxes, foram somados dez segundos ao tempo final, uma vez que os mecânicos fizeram afinações no carro ainda com a penalização a decorrer.

Parecia ser tarde demais para reverter os festejos. “Subi ao pódio, tirei fotografias, levantei o troféu, comemorei com champanhe e agora, aparentemente, tenho três pontos a menos”, disse Alonso que, com nova penalização, via George Russell, da Mercedes, ficar com o terceiro lugar.

Porém, ainda ia haver espaço para mais uma reviravolta. A FIA acabaria por anular o segundo castigo imposto a Alonso por “não existir acordo”. A situação, apesar de insólita, confirmava o centésimo pódio da carreira do espanhol. Ainda assim, quando, um ano depois, a Fórmula 1 se prepara para regressar à Arábia Saudita, há novas informações sobre o que se passou antes da decisão final.

A BBC Sports avança que o presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, está a ser investigado por alegadamente ter interferido no resultado da corrida. Fontes de “alto nível” da Fórmula 1 confirmaram ao meio britânico que o dirigente comunicou ao vice-presidente, Abdullah bin Hamad bin Isa Al Khalifa, responsável pela modalidade no Médio Oriente, que a penalização que retirava Alonso do pódio devia ser revogada. No relatório do comité de ética da FIA, citado pela BBC, lê-se que Ben Sulayem solicitou à direção de corrida a despenalização do espanhol.

Na altura, a FIA justificou a decisão final com “o direito de revisão” por parte do piloto que resultou em “novas evidências” relativas à intervenção que foi feita no carro na paragem nas boxes. “Nestas circunstâncias, consideramos que a nossa decisão original de impor uma penalização ao carro 14 precisava de ser revertida”, confirmou o organismo.

Mohammed Ben Sulayem foi eleito presidente da FIA em dezembro de 2021 e esta não é a primeira vez que está no centro das críticas. O dirigente tem sido acusado por tomadas de posições públicas onde desvaloriza o papel das mulheres e pela gestão económica da Fórmula 1.

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