A Red Bull dá-te asas e fez a mulher que acusou Christian Horner de conduta imprópria voar para fora da equipa
Bryn Lennon - Formula 1
Uma investigação ilibou o chefe da Red Bull das queixas de uma funcionária que agora terá sido suspensa das funções. A forma como a escuderia lidou com o caso estará, segundo o pai de Max Verstappen, tricampeão mundial, a “despedaçar” a equipa de Fórmula 1 enquanto Christian Horner “se faz de vítima”. E o piloto disse que o progenitor não é mentiroso
A Fórmula 1 estava a ultimar os motores, quase a fazer-se à pista no Bahrein, onde Max Verstappen prosseguiu diligentemente o seu domínio, quando uma denúncia abalou a equipa que têm dado as condições para o neerlandês prevalecer como o rato perseguido, em vão, por 19 gatos da grelha da modalidade. Uma funcionária da Red Bull acusava Christian Horner, o diretor da equipa tricampeã mundial em título, de “conduta inapropriada” e a equipa iniciou, de imediato, uma investigação independente às queixas liderada por um advogado. Sem a mesma repercussão, era o segundo choque em pouco tempo na Fórmula 1, após a Ferrari caçar Lewis Hamilton à Mercedes.
Três semanas passaram até 28 de março, quando os resultados da investigação ilibaram o chefe da escuderia a três dias da corrida inaugural da temporada, ganha confortavelmente pela Red Bull no circuito de Sakhir, onde Verstappen liderou da primeira à derradeira volta. A equipa descreveu o processo de “justo, rigoroso e imparcial” e foi realizado durante um período em que circularam nas redes sociais várias imagens de supostas conversas de WhatsApp entre Horner e a dita funcionária. O diretor da Red Bull negara “completamente” as acusações e manteve-se no cargo, mas a Red Bull agiu contra a mulher queixosa.
O “The Guardian” e a “BBC” noticiaram, esta quinta-feira, que a equipa suspendeu de funções a autora da denúncia. A ambos os meios a Red Bull apenas indicou que não podia comentar sobre “um assunto interno” e, a ser verdade, poderá agravar o alegado ambiente já tenso e dividido que alguém com propriedade para o avaliar deu conta, pouco depois do Grande Prémio do Bahrein.
Clive Rose/Getty
Cortando as vazas à celebração pela conquista da corrida inaugural de 2024, o pai de Max Verstappen disse que haverá “tensão” na Red Bull “enquanto ele se mantiver no cargo”. O “ele” é Christian Horner, que Jos Verstappen culpou, em declarações ao “Daily Mail”, pelo “perigo de a equipa ser despedaçada” porque “não pode continuar como está”. Visto muitas vezes a assistir às corridas no paddock, lado a lado com os engenheiros da Red Bull, o progenitor do piloto neerlandês não se poupou nas críticas: “Ele está a fazer-se de vítima quando é o responsável pelos problemas.” À inauguração da temporada também foi, como é bem menos habitual, a mulher de Christian Horner e antiga cantora das Spice Girls, Geri Halliwell.
A tensão invisível embora palpável no ar acentuou-se um pouco mais quando Max Verstappen, ao ser questionado sobre o caso, evitou apoiar declaradamente o chefe da Red Bull, ao preferir, por exemplo, dizer que pretende “um ambiente tranquilo onde toda a gente esteja feliz a trabalhar” sem importar “quem está, ou não, envolvido” na equipa. Mais tarde, com as declarações do pai já cá fora, o piloto tão pouco as tentou menorizar: “Ainda não falei com ele, mas ele não é um mentiroso, isso é certo.” No dia seguinte, noticiou-se que Christian Horner teve uma reunião com o agente do tricampeão do mundo para averiguarem em que pé estava a relação entre ambos.
Entretanto, no moinho de rumores que nunca pára de rolar na Fórmula 1, ouve-se falar de que Max Verstappen pode em breve vir a trocar a Red Bull pela Mercedes, hipotética mudança que arrasta Lewis Hamilton de volta a esta história de tropelias: perdendo o sete vezes campeão mundial, a equipa alemã quererá substituí-lo por alguém conhecedor do sabor da vitória e que garante parte da equação ganhadora. A outra fatia, que tem faltado à Mercedes, é um monolugar competitivo a rolar sobre o alcatrão.