Sem surpresas, neerlandês garantiu a segunda vitória em outras tantas corridas do Mundial de 2024 e o seu pódio 100, em mais uma dobradinha da Red Bull. Charles Leclerc (Ferrari) foi 3.º e Oliver Bearman estreou-se na Fórmula 1 com um 7.º lugar
Jornalista
Tudo o que se passa nos escritórios da Red Bull é tudo o que não se passa dentro do cockpit de Max Verstappen. Se a equipa austríaca vive tempos conturbados, com faíscas a saírem todos os dias do mal explicado caso Christian Horner, acusado e depois ilibado de comportamento inapropriado com uma funcionária da Red Bull, num processo muito pouco límpido e que ameaça até a própria continuidade de Verstappen, o carro do tricampeão mundial é uma máquina perfeita, conduzida por um extraterrestre que se passeia pelos circuitos com a única intenção de ganhar.
Em Jidá, que recebeu a segunda prova do Mundial de 2024, Verstappen reagiu bem aos poucos imprevistos e avançou clinicamente para mais uma vitória, mais um triunfo em que raramente surgiu na transmissão televisiva, tal o domínio e controlo na frente, o pódio 100 para Max e uma mão demasiado pesada para o espectáculo que se quer ver, mas o que fazer quando uma equipa e um piloto fazem um combo tão superior a tudo o resto?
Para a Red Bull, que nem sabe se nos próximos tempos terá o guru Helmut Marko na gestão sombra da equipa - ainda consequências do caso Horner - foi novamente um fim de semana recheado de pontos. Tal como no Bahrain, houve dobradinha, com Sergio Pérez, vencedor do ano passado, a terminar em 2.º. Charles Leclerc, da Ferrari, fechou o pódio.
Dentro do habitual caos que costumam ser as corridas no circuito citadino de Jidá, a prova de 2024 foi, até, calma. O Safety Car por aquelas paragens é um clássico e surgiu logo à volta 7, depois de Lance Stroll (Aston Martin) calcular mal distâncias e enfaixar-se numa barreira de pneus. Por essa altura, já Pérez, que partiu de 3.º, tinha ultrapassado Leclerc para o 2.º lugar e Pierre Gasly tinha protagonizado a primeira desistência da época, com um problema na caixa de velocidades do seu Alpine, equipa que continua a sua muito particular travessia pelas trevas em 2024. Com o Safety Car em pista, grande parte dos pilotos trocaram para pneus duros, que em teoria aguentariam a corrida inteira. E aguentaram. Verstappen ainda perdeu momentaneamente a liderança para Lando Norris, que não parou, mas rapidamente voltou ao seu lugar natural.
Para se ver espectáculo em pista só mesmo lá mais para trás. Durou muito a luta entre Lewis Hamilton e Oscar Piastri pelo que seria então o 5.º lugar. O jovem e talentoso australiano da McLaren bem tentou, mas só conseguiu ultrapassar a raposa velha quando a Mercedes chamou o britânico às boxes, ele que não parou na vigência do Safety Car em pista. O que viria a revelar-se uma estratégia errada. Tanto Hamilton como Norris acabariam a lutar no final pelo 8.º lugar, posto que nenhum dos dois desejaria.
Um lugar à frente quedaria Oliver Bearman, que este sábado se tornou no terceiro piloto mais jovem de sempre a iniciar um grande prémio - os outros dois, curiosamente, estavam também em pista: Verstappen e Stroll. O britânico de 18 anos, que foi chamado à última hora pela Ferrari para substituir Carlos Sainz, operado de urgência a uma apendicite, fez uma prova direitinha, apesar das dificuldades iniciais para ultrapassar Nico Hulkenberg num bem mais lento Haas. Depois de passar o alemão, ficou numa terra de ninguém e aproveitou as paragens e estratégias fajutas de Norris e Hamilton para subir. Para estreia, para mais na Ferrari, nada mau para o miúdo. O dono da scuderia, John Elkann, pareceu satisfeito na box.
Na segunda metade, Hulkenberg conseguiu finalmente levar o Haas aos pontos, em mais uma corrida desapontante para a RB, de quem muito se esperava após os testes de pré-época.
O Mundial de Fórmula 1, que Verstappen lidera já com 51 pontos, contra os 36 de Sergio Pérez, tem agora uma paragem de duas semanas e segue para a Austrália, com corrida no dia 24, em Melbourne.
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