Há 28 anos, jogou-se o primeiro Mundial de futebol feminino onde, por mais acérrima que fosse a vontade, Portugal nunca poderia ter jogado: em 1991, não havia uma seleção nacional. Dois anos depois, Carla Leão era estudante na Faculdade de Motricidade Humana, em Lisboa. Era, também, uma das 562 mulheres que jogavam futebol por um clube, em Portugal, quando ouviu falar de uma experiência.
Chegou-lhe aos ouvidos que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), convencida por António Simões, regressado de fresco dos EUA, país onde a modalidade prosperava, pedira aos clubes para “chamarem as melhores”. O Trajouce escolheu Carla e a irmã gémea para irem a um treino captação, no Jamor, onde o novo selecionador pescou por qualidade para se restaurar o que se abolira, em 1983. “Foi um sonho. Na altura não existiam seleções, nem mesmo regionais ou de formação”, recorda à Tribuna Expresso.
Mais de 70 almas apareceram. Dividiu-se um campo em quatro, com “várias equipas” a jogarem ao mesmo tempo. “Vieram de todo o país. Havia de tudo um pouco, miúdas muito boas e outras com mais dificuldades”, conta a avançada, que marcaria golos pelo Trajouce, 1º Dezembro e Sporting. Diz que quem jogava “era mesmo porque tinha uma paixão enorme”, porque o futebol feminino era quase inexistente. Carla teve sorte, jogou em clubes que tinham carrinhas para ir buscar e levar as jogadoras a casa, a tarde e a más horas, que eram boas para elas, porque eram as únicas: “Para termos um campo disponível, éramos a última equipa do clube a treinar, tardíssimo. Começavam às 21h ou às 21h30 e, às vezes, acabavam depois da meia-noite.”
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