As ausências na seleção dos Países Baixos terão influência?
"Claro que não. Também já perdemos jogadoras das 23 que tínhamos escolhido, não acho que seja por aí. Pela profundidade do plantel e qualidade, são jogadoras que realmente têm jogado, mas quem acompanha e fez o histórico dos últimos 10 jogos dos Países Baixos sabe que rodam a equipa com muita qualidade e não deixam de ser competitivas por causa disso.
Claro que nos agarramos ao 11 que iniciou o jogo contra a Suécia, mas não é desculpa. Como não é desculpa para Portugal a ausência das nossas jogadoras, vai ser na mesma uns Países Baixos super competitivos, individualmente cheias de jogadoras talentosas, com uma experiência internacional muito grande, campeãs da Europa e vice-campeãs do Mundo. Vai ser um jogo muito complicado."
Estão mais avisados em relação a Portugal ou vão entrar sobranceiras?
"Uma equipa campeã da Europa e vice-campeã do Mundo, numa fase final, isso não existe. Ninguém entra... Mesmo equipas do ranking mais próximo daquelas que encontrámos, todas se respeitam imenso e entram muito fortes nos jogos, a quererem criar logo grande impacto e é isso que acreditamos que os Países Baixos vão querer fazer, e nós também queremos entrar hiper motivados e focados."
Miedema a Martens na frente de ataque: vão mudar a estratégia da seleção nacional?
"Quem nos acompanha há oito anos sabe que nunca mudámos nada nesse sentido, de maior reforço [defensivo] em função das adversárias. Queremos, acima de tudo, manter a nossa matriz e procurar ser competitivos e organizados nesse momento de organização defensiva, porque sabemos que individualmente a seleção dos Países Baixos tem jogadoras que podem fazer a diferença. Mas nunca iremos preparar isso em função de uma ou outra jogadora porque não sabemos qual será o onze, não faz sentido indicarmos às nossas jogadoras algo muito específico em função daquilo que não controlamos.
Temos é de ser muito fortes na nossa forma de jogar, esse é o nosso controlo, é a única coisa que vamos conseguir controlar assim que começar o jogo. Depois, estrategicamente, temos de ter as nossas armas e colocar em prática aquilo que delineámos."
Marcaram 48 golos na fase de qualificação
"No dia em que dependermos da qualidade individual das jogadoras é o dia em que não conseguiremos ser competitivos. Não é por não a termos, é por não podermos depender daquilo que é hoje estarem umas e amanhã poderem estar outras. Ninguém tem sucesso na continuidade com isso. Se calhar, amanhã o segredo é termos mais bola do que a Holanda. Sabemos que não é fácil, mas quanto mais tempo a conseguirmos ter, menos oportunidades de golo e menos vezes a Holanda chegará ao nosso meio-campo. Foi esse o desafio que lançámos às jogadoras: conseguirmos tirar-lhes a bola, termos a bola algum tempo, conseguirmos geri-la e valorizá-la, gerindo o nosso jogo.
Quando não a tivermos, trabalharmos o máximo para a recuperar em zonas que nos agradem e o mais longe da nossa baliza. Nem sempre vai ser possível, mas temos de ter as nossas competências quando assim não for. Felizmente, as nossas jogadoras entendem isso de forma natural. O nível vai subir e temos de estar preparados para ele."
Como tem trabalho a parte emocional devido aos primeiros 5' contra a Suíça?
"Isso é o que, de uma forma natural, as pessoas têm dito. Disse no final do jogo às jogadoras e volto a dizer: não acho que tenha sido emocional. Foi o primeiro remate, foram dois erros posicionais, não foi por entrarmos nervosos, não é justificativo. Tínhamos bola, não criámos erros, não havia esse nervosismo. Sinceramente, foi mérito da Suíça logo no primeiro golo e, depois, uma bola parada e fruto de um erro posicional.
Acho que as jogadoras deram uma resposta incrível por conseguirem mostrar aquilo que mostraram, mesmo na primeira parte, em que não era fácil conseguir segurar e ter a maturidade para, não jogando tão bem nem criando tantas oportunidades, suster a equipa adversária e empurrá-la, lentamente, para o campo dela. É sinal de uma mentalidade e maturidade construídas por elas, e entre elas, há muito tempo.
Quem foi aquele balneário ao intervalo, a forma com que comunicavam umas com as outras... É sinal de uma mentalidade forte, com muita maturidade, fruto do que tem sido o trabalho que têm feito. Elas têm aceitado o desafio, ao longo dos últimos oito anos, de jogarem contra as melhores seleções do mundo. Amanhã [quarta-feira] será mais um passo, mais um desafio, mais uma exposição a um nível de exigência altíssimo e sabemos que temos de estar à altura desse desafio."
O selecionador fez anos durante a semana. O melhor presente é a vitória?
"A ser para alguém, é para o Luís Marques, o meu adjunto que faz anos amanhã. Esta equipa tem personalidade, tem caráter, o que quero amanhã é que sejamos competitivos e que as jogadoras desfrutem. Se isso acontecer, tenho a certeza que vamos sair do jogo muito felizes. Sempre que isso acontece, conseguimos resultados que nos permitem dependermos apenas de nós. Quando isso acontece, elas são muito fortes e conseguem retirar prazer do jogo. Se, no final, formos melhores do que a Holanda, iremos celebrar os três pontos; se a Holanda for melhor, vamos dar-lhes os parabéns."
As jogadoras estão todas disponíveis para ir a jogo?
"Treinaram todas, mas faltam mais de 24 horas para o jogo e muita coisa pode acontecer. Mas, fisicamente, estão todas aptas. Hoje em dia há muitas coisas que não controlamos, mas todas fizeram o treino até ao final e vamos preparar o jogo com todas as jogadoras."
Inglaterra ganhou 8-0 à Noruega
"É Campeonato da Europa, é exigência máxima, todas as equipas aproveitam os erros do adversário e aconteceu-nos contra a Suíça. Pareceu-me que foi isso com a Noruega, ao mínimo erro a Inglaterra conseguiu concretizar. É o nível onde estamos inseridos, é uma exigência altíssima e temos de acompanhar esse nível."