Futebol feminino

Alex Morgan e o seu lucky number 13: a jogadora dos “olhos muito grandes e ansiosa por aprender” chegou aos 200 jogos pelos EUA

Alex Morgan e o seu lucky number 13: a jogadora dos “olhos muito grandes e ansiosa por aprender” chegou aos 200 jogos pelos EUA
Brad Smith/ISI Photos

No domingo, a seleção feminina norte-americana venceu a Alemanha por 2-1, mas o jogo fica para a história por mais do que a vitória. Foi a internacionalização número 200 de Alex Morgan, a avançada que veste o número 13, alcançou o registo a 13 de novembro e virou (só) a 13.ª jogadora com mais partidas feitas pelos EUA

A sua estreia na seleção dos EUA foi em março de 2010, tinha 20 anos. Desde então, Alex Morgan tornou-se uma das jogadoras mais reconhecidas da modalidade e do seu país, pelo qual assinou 200 internacionalizações. “É um bocado surreal”, confessou antes de entrar em campo para o jogo frente à Alemanha.

A jogadora que veste o número 13 atingiu tal registo a 13 de novembro e tornou-se a 13.ª da história dos EUA a atingir essa marca histórica. “Quase sinto que a 100.ª foi apenas há poucos anos. Nunca tomo nada como garantido e sou afortunada e grata por continuar a estar aqui a representar o país, agora como uma das jogadoras mais qualificadas e uma das veteranas da equipa”, continuou.

Ao longo destes 12 anos com a equipa nacional, Morgan venceu o Mundial por duas vezes e foi nomeada jogadora do ano pela Concacaf (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe) por quatro ocasiões. Tem 119 golos na carreira pela seleção, o que a coloca em quinto lugar na lista das melhores marcadoras de sempre, assim como 47 assistências, que a deixam no 11.º lugar no histórico da equipa.

Morgan foi a única jogadora não profissional a ser convocada para a seleção, na altura era ainda estudante na Universidade da Califórnia. O jogo foi contra o México e a estreia aconteceu diante 3.732 adeptos, em Utah.

“Lembro-me de ser o jogo mais frio em que já tinha jogado”, disse Morgan ao site do Orlando City SC em 2018. “Nunca tinha jogado na neve antes, estava um pouco nervosa. A meio da segunda parte, a Abby [Wambach] marcou e tínhamos o plano de fazer anjos na neve depois. Honestamente, eu não sabia como jogar na neve, por isso a Abby marcou e todas nós fomos à bandeira de canto e fizemos anjos na neve. Lembro-me de ser tão divertido e pensar no futuro da equipa nacional e como seria fazer parte dela. Eu estava tão entusiasmada naquele momento”.

Em 2011, foi a jogadora mais nova da seleção a marcar presença no Mundial, que as norte-americanas perderam, na final, frente ao Japão. Apesar de ter saído do banco, tornou-se a primeira a registar um golo e uma assistência na decisão do torneio. No ano seguinte, venceu o ouro olímpico e viu a sua camisola com o número 13 ser retirada na sua universidade.

Ficou claro desde cedo que Alex Morgan parecia destinada grandes feitos.

“Tinha os olhos muito abertos e estava ansiosa por aprender. Muita coisa tem acontecido desde então. Obviamente, houve mudanças com jogadoras, mas aquilo que esta equipa é tem permanecido. É ótimo continuar nesta viagem e representar esta equipa e este país. São 12 anos e a contar”, disse.

Charlotte Wilson/Offside

Em 2015, quando venceu o primeiro Mundial, foi titular em todos os jogos. Quatro anos mais tarde, a sua celebração depois de marcar frente à Inglaterra correu o mundo. Nas ‘meias’ bebeu chá, na final levantou o segundo troféu no maior palco do futebol mundial.

“O que destaco é o número de vezes que pude representar o meu país nos palcos mais altos, todos os Jogos Olímpicos e Mundiais. Quando um termina, trabalhamos durante mais dois ou três anos para voltarmos a esses momentos. São estes os que fazem com que tudo valha a pena”, concluiu.

Mas talvez o principal feito da carreira de Alex Morgan não devam ser os títulos, recordes ou números de golos e internacionalizações. O que esta jogadora, em conjunto com todas as outras que, com ela, têm representado os Estados Unidos nos últimos anos, deixa para a história do futebol feminino mundial é algo muito maior, algo que sempre pareceu impossível: a igualdade.

Depois de anos a lutarem contra a federação de futebol norte-americana pela igualdade salarial entre homens e mulheres, depois de protestos e um processo judicial, a seleção feminina conquistou o direito de receber o mesmo que os homens, sendo que fazem o mesmo trabalho. Neste caso, até com mais títulos em carteira. Além disso, chegaram a acordo para uma compensação por todos os anos em que receberam menos. Um passo que parecia tão longe, mas foi dado no início deste ano nos EUA.

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