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Futebol feminino

Sonia Bompastor, a filha de benfiquistas que treina o Lyon e veio de uma casa onde até “as chávenas para beber café eram do Benfica”

Sonia Bompastor, a filha de benfiquistas que treina o Lyon e veio de uma casa onde até “as chávenas para beber café eram do Benfica”
Mattia Ozbot - UEFA/Getty
Antes de viajar para Portugal para disputar, na Luz, a primeira mão dos quartos de final da Liga dos Campeões (terça-feira, 20h, TVI), a luso-francesa falou com a Tribuna Expresso sobre a eliminatória e, também, acerca da hipótese de ter uma mulher a orientar um conjunto masculino de topo. Fã de Kika Nazareth, defrontar o Benfica será “um sonho” para quem, quando vinha a Portugal nos verões da infância, ouvia o clube ser “o motivo principal de conversa e paixão”
Sonia Bompastor, a filha de benfiquistas que treina o Lyon e veio de uma casa onde até “as chávenas para beber café eram do Benfica”

Pedro Barata

Jornalista

Sonia Bompastor lembra-se do silêncio. A filha de emigrantes portugueses, quando passava os verões na terra dos seus ascendentes, tinha de ficar calada durante algumas tardes da semana: nas alturas em que o Benfica jogava, a ausência de conversas paralelas evidenciava a importância do momento.

Muitos anos depois disso, a luso-francesa volta a viajar para a terra das suas raízes, numa jornada de reencontro. Ela, filha e neta de benfiquistas, orientará o Lyon na eliminatória contra o Benfica, na estreia das águias nos quartos de final da Liga dos Campeões feminina.

Dona de uma das mais importantes carreiras no futebol feminino francês deste século, Bompastor, de 43 anos, foi futebolista de referência, com 156 internacionalizações pela equipa gaulesa e duas Champions vencidas, ambas pelo Lyon. Após pendurar as botas, começou por trabalhar na academia do clube antes de, em 2020, assumir o comando técnica da equipa principal, cargo em que já repetiu o triunfo na Liga dos Campeões, em 2022 - ao todo, o clube francês tem oito.

Em entrevista à Tribuna Expresso, recorda o passado benfiquista da família e explica a importância do encontro, ainda que o sentimentalismo não lhe retire o discurso competitivo. Num português com aquele sotaque de filha de emigrante, Bompastor elogia Kika Nazareth e reflete sobre a hipótese de vermos mulheres à frente de equipas técnicas do futebol masculino.

Depois do sorteio dos quartos de final, disse que ficara feliz por ter calhado contra o Benfica, já que a sua família é benfiquista. De onde vem essa ligação ao clube?
Os meus pais são os dois portugueses, vieram para França quando o meu pai tinha 16 e a minha mãe 19 anos. Tenho dois irmãos e nós os três já nascemos aqui em França, mas, lá em casa, sempre falámos português. A maior parte da família do lado do meu pai também veio, mas do lado da minha mãe ficaram todos em Portugal, na Póvoa de Varzim. O meu avô, os meus tios, os meus primos, todos são benfiquistas, à exceção de um irmão do meu pai, que é portista. Também toda a família do lado da minha mãe é do Benfica e, todos os verões, quando voltávamos a Portugal, o clube era o motivo principal de conversa e paixão: havia bandeiras e pósteres do Benfica, as chávenas para beber café também eram do Benfica, era uma grande paixão.

De que é que se recorda mais desses verões de apoio ao Benfica?
Os meu avós e os meus tios, quando davam jogos na televisão, estavam sempre a ver e era uma ocasião solene, não se podia fazer barulho. Era o momento mais importante.

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