Após ficar de fora da seleção espanhola sem uma “explicação coerente”, Jenni Hermoso está de volta: “Chorei quando recebi a convocatória”
Europa Press Sports
Sem saber exatamente porquê, Jenni Hermoso viu de fora o Euro 2025. Após a saída de Montse Tomé, selecionadora que já estava na estrutura antes da demissão de Luis Rubiales, a jogadora de 35 anos voltou a ser chamada para representar as campeãs do mundo. Culpa da nova treinadora, Sonia Bermúdez, que também juntou Mapi León ao baralho
Excluir Jenni Hermoso da seleção espanhola não é uma opção como todas as outras. A treinadora que o fez, Montse Tomé, teve que ir a tribunal explicar o motivo pelo qual a jogadora do Tigres foi deixada de parte na primeira convocatória depois do Mundial em que Luis Rubiales agrediu sexualmente a atleta, assim confirmou a justiça espanhola.
As metástases da situação causada pelo beijo não consentido do antigo presidente da Real Federação Espanhola de Futebol a Jenni Hermoso evoluíram mesmo depois do dirigente ter vagado o cargo que ocupava quando a Espanha ganhou o título mais importante para o futebol feminino do país. A derrocada estendeu-se a Jorge Vilda, treinador aquando da final vencida em 2023 e aliado de Rubiales.
Mesmo antes do último Mundial, Jorge Vilda era contestado pelo plantel devido às metodologias rudimentares de treino e às opções táticas. Além disso, tal como é denunciado no documentário “#SeAcabó: O Beijo Que Mudou o Futebol Espanhol”, o técnico impunha que as portas dos quartos das jogadoras estivessem abertas para ele assegurar que o desagrado não rompia a bolha.
Passado o primeiro abanão, Montse Tomé foi anunciada como nova selecionadora em setembro de 2023, um mês depois da final para sempre marcada pelo acontecimento com Jenni Hermoso. A desconfiança não sucumbiu com a promoção da número dois de Jorge Vilda. Foi necessária uma reunião de sete horas, conhecida como “conclave de Oliva”, para fazer as jogadoras acreditarem que as condições iam mudar, convencendo-as a participar num jogo da Liga das Nações, contra a Suécia.
Jenni Hermoso ficou de fora à partida. Montse Tomé considerou ser “a melhor forma de a proteger”. Mais tarde, em tribunal, alterou a justificação: “Desportivamente, não estava em condições para o que tínhamos que fazer.” A atacante só regressaria na janela internacional seguinte, saltando do banco para dar a vitória com um golo frente à Itália.
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No último Europeu, realizado na Suíça, a seleção espanhola chegou à final, mas perdeu o título para a Inglaterra nas penáltis. Jenni Hermoso não fez parte da lista de Montse Tomé mesmo que, na Liga Mexicana, continuasse a demonstrar o rendimento de sempre. O afastamento fê-la “sofrer muito”, admitiu em entrevista à RTVE. “Não ter uma explicação que, para mim, fosse coerente tornou a situação muito dolorosa.”
O desaire no último grande torneio de seleções levou ao despedimento de Montse Tomé. A técnica ficou “dececionada”, disse à Cadena Ser, por lhe terem “faltado à palavra”. Supostamente, prometeram-lhe que ficaria no comando técnico da La Roja se fizesse um “bom Euro”. Para o seu lugar, chegou Sonia Bermúdez.
A primeira lista divulgada pela madrilena que vinha orientando as seleções jovens incluiu Jenni Hermoso. “Chorei quando recebi a convocatória. Esperava isto há muito tempo”, desabafou a jogadora de 35 anos. Mapi León, central que se autoexcluiu e não representava a Espanha desde 2022, também foi chamada.
As campeãs do mundo e vice-campeãs da Europa vão realizar dois encontros contra a Suécia (24/10 e 28/10) para decidirem quem vai estar na final da Liga das Nações. Se seguir o Europeu à distância “foi duro” por “querer estar e não poder”, Jenni Hermoso será recompensada com um novo capítulo na história dourada que leva na seleção, algo que nunca descartou.
“O futebol são épocas, são etapas. Às vezes, tens que fechar uma porta e já está. No entanto, nunca pensei na minha idade. A idade continua a ser um número. O corpo e a mente é que vão definir se podes ou não estar na seleção. Sempre me imaginei a voltar”, afirmou.
Dois anos depois do caso Rubiales ter despontado, Jenni Hermoso ainda lida com as consequências do acontecimento que lhe ficou tatuado na carreira. Mesmo assim, consegue estar “feliz” e pronta para representar a Espanha 365 dias depois de o ter feito pela última vez.