Futebol internacional

Michel Platini detido em França por suspeitas de corrupção. Ligação a Sarkozy sob investigação

Michel Platini detido em França por suspeitas de corrupção. Ligação a Sarkozy sob investigação

Michel Platini, ex-presidente da UEFA a cumprir quatro anos de suspensão de toda a atividade ligada ao futebol, está sob custódia policial no âmbito de um inquérito por alegado suborno na atribuição do Campeonato do Mundo de Futebol 2022 ao Qatar. Esta terça-feira, foi ainda detida Sophie Dion, antiga conselheira do Desporto do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy

Tribuna Expresso

Michel Platini, ex-presidente da UEFA, foi detido esta terça-feira em França pela polícia durante investigação sobre alegada corrupção na organização do Campeonato do Mundo de 2022, no Qatar. A notícia foi avançada pelo site francês “Mediapart”.

Platini está detido em Nanterre, nos arredores de Paris, nas instalações do departamento de anticorrupção da polícia judiciária francesa. O antigo presidente da UEFA é suspeito de ter favorecido a candidatura do Qatar para organizar o Mundial 2022. De acordo com a imprensa francesa, Claude Guéant, ex-chefe de gabinete de Sarkozy, também é suspeito de estar envolvido no esquema de corrupção, mas não foi detido, razão pela qual será ouvido para já como testemunha.

Sob custódia, esta terça-feira, ficou ainda Sophie Dion, antiga conselheira com o pelouro do Desporto do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy

Segundo o L'Équipe, não é a primeira vez que Michel Platini, de 63 anos, é interrogado no âmbito de um inquérito preliminar por indícios de “corrupção ativa e passiva” na atribuição dos mundiais de 2018 e 2022 à Rússia e ao Qatar. O primeiro interrogatório ao antigo nº 10 dos 'Bleus' aconteceu em dezembro de 2017, altura em que as suas residências, em Nyon, na Suiça, e em Saint-Cloud, em França, foram alvo de buscas simultâneas, os cofres abertos e as contas bancárias inspecionadas.

Nas buscas, entre outra provas, as autoridades tentaram encontrar um quadro de Pablo Picasso, que Platini teria supostamente recebido do ex-presidente da União Russa de Futebol, Viacheslav Koloskov, oferta que o francês sempre negou. Ainda de acordo com o L´Équipe, o ex-presidente da UEFA volta, esta terça-feira, a prestar declarações sobre o famoso pequeno-almoço organizado no Palácio do Eliseu, em 23 de novembro de 2010, pelo então presidente da República Nicolas Sarkozy, em que também estiveram presentes o príncipe herdeiro Tamin ben Hamad al-Thani, atual emir do Qatar, bem como o cheikh Hamad ben Jassem e Sophie Dion.

Num interrogatório conduzido pelo departamento financeiro da Polícia Judiciária em dezembro de 2017, Michel Platini admitiu ter equacionado inicialmente votar nos EUA para palco do Mundial de 2022, tendo reconsiderado o sentido de voto após o referido pequeno-almoço, que entendeu “como uma mensagem subliminar”, embora Sarkozy não lhe “tenha imposto nada”.

A favor da escolha do Qatar, o suspenso presidente da UEFA afirmou que pesou também o facto de querer para sede do Mundial de 2022 um país estreante na prova, garantindo Platini que ligou de imediato a Sepp Blatter, na altura presidente da FIFA, a informar da presença do príncipe e do Primeiro-Ministro do Qatar no polémica pequeno-almoço. A ligação a Nicolas Sarkozy, conhecido de Platini desde 1999, é outro dos ângulos da investigação, que tem ainda na mira a aquisição do PSG pela Qatar Sports Investments e a participação de Doha em grandes empresas francesas.

Michel Platini foi condenado pela FIFA a oito anos de suspensão de toda a atividade ligada ao futebol, sanção reduzida a quatro anos pelo TAS em 2016 e que terminará em outubro próximo. O Comité Disciplinar da FIFA deu como provado que recebeu um pagamento ilegal de € 1,8 milhões de Sepp Batter, também suspenso por seis anos de qualquer cargo no futebol por “abuso de posição, conflito de interesses e má gestão”.

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