Estas megalómanas ocasiões costumavam ser estrondosas, coisas do bombástico, rebentavam e as ondas de choque surpreendiam o povo seguidor da bola, mas, para tamanha magnitude por ser sobre quem sabemos, o secretismo foi quase nulo e há dias que o mais leigo dos cidadãos em futebol já saberia que Lionel Messi iria acabar em Paris.
Porque, revendo a linha temporal, o desfecho foi sendo óbvio.
Logo na quinta-feira passada, as previsões centraram-se no Paris Saint-Germain mal saiu o comunicado do Barcelona a anunciar que não tinha finanças para assinar um novo contrato com Messi; no domingo, limpadas as lágrimas, o próprio jogador confirmou que estava a falar com o clube gaulesa; e esta terça-feira, o pai de Lionel revelou, à chegada ao aeroporto, que a família ia para a capital de França.
O resto do dia fez-se com a mulher do futebolista a denunciar pelo telemóvel o destino, onde uma multidão se encavalitou para os esperar, no aeroporto de Paris. Com Messi a surgir numa varanda, noutro lugar, a acenar à multidão. Com o argentino, feitos os exames médicos, a passar pelo Parque dos Príncipes, estádio do PSG, e dar um viva a outro aglomerado de gente com câmaras em punho, a experienciarem histórias mas a absorverem-na por um ecrã ao invés dos olhos. "Ici c'est Paris", lia-se, na estampagem da t-shirt branca que vestiu.
E, ao longo desta terça-feira, o PSG foi provocando a curiosidade e atiçando os cliques com pequenos vídeos publicados durante a tarde, nas redes sociais, a extraírem o máximo do mediatismo da situação com o doseador ligado. Ainda Lionel Messi nada tinha assinado e já rendia em métricas, cliques, tração e falatório na internet.
A sequência desses vídeos apressados era basilar, encadeando quem vê pelo balneário, um corredor e o relvado até a novidade para ninguém virar confirmação sabida por toda a gente, nem era preciso terem começado a surgir fotos do argentino a causar estranheza, já equipado à PSG e com o número 30 — Lionel Messi, por fim, era jogador do Paris Saint-Germain.
O oficial entre os oficiais possíveis chegou pouco depois das 21h, quando o último dos provocatórios vídeos já mostrou Lionel Messi com uma bola amestrada na sola da chuteira, tão dócil como só o argentino a domestica, parado no centro do relvado do Parque dos Príncipes. Agora era mesmo verdade.
Por escrito, Lionel Messi garantiu que está "impaciente" por começar "um novo capítulo" na carreira. "O clube e a sua visão estão em perfeita sintonia com as minhas ambições. Estou determinado em construir, com ao lado de todos os jogadores, algo grande pelo clube e pelos adeptos", lê-se, no comunicado com que o PSG confirmou a contratação do argentino.
A história que estava contada para começar, acontecer e terminar no Barcelona, sem outras paragens, terá o seu capítulo em Paris. Ici c'est Messi, lê-se agora na identificação atualizada do mais recente laivo milionário do Paris Saint-Germain.
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