Gerard Piqué começou o jogo no banco e de lá sairia para ser usado na área a que não está mais habituado — o defesa central entrou em campo para jogar a avançado, ao lado de outro tipo alto e grande, Luuk de Jong, esse sim ponta de lança, quando o Barcelona já tinha experimentado tudo e nada parecia resultar para virar um resultado em casa, para a La Liga, contra o Granada.
O Barça passou um jogo quase inteiro atrás do prejuízo que lhe foi imposto por Domingos Duarte, central português que marcou logo aos 2', mas a equipa, a viver a ressaca da perda de Lionel Messi, nunca foi capaz de desbravar caminhos fáceis e diretos para a balizas. Acabaria o jogo com 54 cruzamentos feitos para a área, muitos deles no derradeiro quarto de hora. Acabaria por conseguir empatar pelo uruguaio Ronald Araújo, outro central.
E mais outro jogo não ganho pelo Barça fez com que o treinador aparecesse desagradado na conferência de imprensa, com cara de poucos amigos. "Se olharem para a lista de convocados, o que havia a fazer? Jogar tiki-taki?", disse, referindo-se, propositadamente ou não, ao tiki-taka a que se apelidou, durante muitos anos, o futebol de posse e jogo de posição, baseado em muitos passes e poucos toques na bola.
"Não. Creio que tivemos de mudar o estilo. Também não temos jogadores de um contra um e velocidade... E não vou dizer mais. Parece que tenho de dar argumentos para tudo", desabafou Ronald Koeman, acrescentando que à equipa "faltam atacantes com individualidades muito melhores do que as que há neste momento".
O treinador holandês disse, ainda, que o Barça "fez um bom jogo", argumentando que a equipa tem de "jogar no [seu] estilo, mas se o jogo pede uma mudança, há que fazê-la". Com "um pouco mais de tempo", defendeu Koeman, o Barcelona "poderia ter ganhado". Mas esta equipa, este clube, "este Barça de hoje em dia não é o mesmo Barça de há oito anos" admitiu o holandês, sem se alongar por aí além na constatação.
"Jogamos à maneira do Barça, mas não temos velocidade nas alas porque o Coutinho vai para dentro, o Demir não vai muito na profundidade, e é assim. Com o Ansu Fati e o Dembélé [ambos lesionados] é diferente, tens mais profundidade. Mas eles não estão e há que buscar alternativas", disse, também, acerca dos jogadores disponíveis.
E, talvez, do que é possível esperar que jogue este Barça pós-Lionel Messi e em plena turbulência financeira.
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