Nos últimos meses de 2021, Josh Cavallo, jogador australiano que tem agora 23 anos, recorreu às redes sociais para se reapresentar: “Olá a todos. Sou o Josh Cavallo e estou em casa, em Adelaide. Há algo pessoal que preciso partilhar com todos. Sou jogador de futebol e sou homossexual”. Em maio do ano seguinte, Jake Daniels, 18 anos, fez a mesma coisa. “Soube toda a minha vida que era gay e agora sinto-me preparado para me assumir e ser eu mesmo”, escreveu no site do Blackpool, clube do Championship inglês.
Nessa altura, falou-se de um possível efeito que levaria mais futebolistas a viverem a sua verdade e tornaria o desporto um lugar mais inclusivo. “Penso que haverá um efeito dominó. Aliás, já começou”, disse Simone Pound, diretora da igualdade, diversidade e inclusão na Associação de Futebolistas Profissionais, ao “The Guardian”.
À Tribuna Expresso, Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, confessou acreditar no mesmo: “No passado já tivemos situações dessas em que cada vez que há alguém que assume e que tem a coragem de assumir uma rutura com o preconceito, isso tem consequências seja na comunidade em geral, seja na comunidade desportiva em particular”.
Menos de um ano depois, Jakub Jankto, internacional da Chéquia e jogador do Getafe, revelou ser homossexual.
“Olá, eu sou o Jakub Jankto. Como toda a gente, tenho as minhas forças, tenho as minhas fraquezas, tenho uma família, tenho os meus amigos. Tenho um trabalho, que tenho feito o melhor que posso, durante anos, com seriedade, profissionalismo e paixão. Como toda a gente, também quero viver a minha vida em liberdade, sem medos, sem preconceitos, sem violência, mas com amor. Sou homossexual e não me quero esconder mais”, disse o jogador de 27 anos, emprestado ao Sparta de Praga pelo clube espanhol, num vídeo publicado no Twitter.
Antes de Jankto ter feito este anúncio, Cavallo, do Adelaide United, era o único jogador de futebol profissional masculino abertamente homossexual numa primeira divisão profissional. O internacional checo (45 jogos e quatro golos pela seleção) é o único no ativo a assumir a homossexualidade numa primeira divisão da Europa.
“O Jakub falou abertamente sobre a sua orientação sexual com o clube há algum tempo. Tudo o resto diz respeito à sua vida pessoal. Sem mais comentários. Sem mais perguntas. Tem o nosso apoio. Vive a tua vida, Jakub. Nada mais importa”, escreveu o clube de Praga nas redes sociais.
Desde que foi emprestado, em agosto, o jogador fez 10 jogos ao serviço do clube checo e marcou um golo. Assinou pelo Getafe em 2021, mas antes passou grande parte da sua carreira em Itália - esteve na Sampdoria, na Udinese e no Ascoli. Pela seleção, a sua estreia foi em 2017 e jogou no último Campeonato da Europa.
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