Depois de a Arábia Saudita abdicar de brigar pela organização do Campeonato do Mundo de 2030, ao lado de Egito e Grécia, a candidatura de Portugal, Espanha e Marrocos ganha força. A concorrência conta com o peso da história e a paixão de Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai, um país que organizou o primeiro Mundial de todos em 1930. Ou seja, o 100.º aniversário poderá ser um argumento a favor.
A FIFA confirmou na sexta-feira os argumentos que estas nações têm obrigatoriamente de oferecer para ter hipóteses. Segundo o “El País”, as candidaturas têm de oferecer estádios com uma capacidade mínima de 80 mil lugares para o primeiro jogo do torneio e para a final. Do lado português seria impossível preencher este requisito.
Depois, para os muitos jogos da fase de grupos, serão necessários estádios com pelo menos 40 mil lugares. Os estádios de Aveiro, Braga e Algarve, por exemplo, superam por pouco a lotação de 30 mil. Nas semifinais, por exemplo, já haveria um salto para 60 mil, o que coloca só o Estádio da Luz como hipótese para os nossos lados.
O diário espanhol indica ainda que as candidaturas terão de disponibilizar 14 estádios, sendo que metade têm de estar já construídos, assim como 72 centros de treinos. Se em 1930, o Mundial inaugural da história que encanta tantos, participaram apenas 13 seleções, agora já são 48 as equipas que disputam a prova.
Espanha tem, conta ainda o “El País”, 15 estádios disponíveis para acolher um evento desta dimensão. Portugal contará apenas com os recintos dos chamados três grandes, enquanto Marrocos contará com pelo menos cinco opções, em Agadir, Rabat e Tânger.
Por outro lado, depois da vaga de insatisfação que geraram as escolhas em 2018 e 2022, na Rússia e Catar, nomeadamente no que toca ao campeonato dos direitos humanos, a FIFA tem sido pressionada para ter em conta esse factor. A Sport & Rights Alliance – um grupo que junta associações de direitos humanos, sindicatos, jogadores e adeptos – defendeu isso mesmo junto daquele organismo, contou recentemente o “The Independent”.
Numa altura em que a Arábia Saudita – um país que integra a desavinda lista das Nações Unidas quanto à dimensão da dignidade pessoal e liberdade – ainda estava na corrida, a Amnistia Internacional (AI) levou a cabo uma sondagem em 15 países para ouvir a opinião dos cidadãos daqueles territórios. Os resultados indicaram que 53% dos inquiridos acreditam que os direitos humanos devem ser um ponto fulcral na decisão dos anfitriões destes grandes eventos desportivos.
“Está claro que o público quer que os direitos humanos sejam uma prioridade para que o Campeonato do Mundo seja uma celebração do jogo que adoram”, explicou Steve Cockburn, o responsável pela justiça económica e social da AI, que alerta para os riscos de um Mundial ser “uma plataforma para a exploração, repressão e discriminação”.
Segundo Cockburn, a FIFA “deve aplicar rigorosamente os mais elevados padrões de direitos humanos na avaliação de todas as candidaturas”, numa atitude que passará por pedir “planos de ação claro em matéria de direitos humanos e rejeitar qualquer candidatura que não demonstre de forma credível como os riscos graves nesta matéria serão evitados, monitorizados de forma independente e remediados caso ocorram abusos”.
A votação para a escolha dos organizadores do Campeonato do Mundo de 2030 vai decorrer em setembro de 2024.
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