Nem 24 horas assentaram desde que Fernando Sanz, diretor da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), falara na Cidade do Futebol, em Oeiras. Nomeado pela entidade para ser o porta-voz do país na comissão organizativa do Mundial 2030, foi uma das vozes a usar o palco da cerimónia de apresentação oficial da candidatura ibero-marroquina, gabando a união de esforços e a importância da ocasião. Esta quarta-feira, a seis anos do torneio chegar, uma investigação judicial bateu à porta da federação espanhola devido a contratos feitos para levar Supertaça do país à Arábia Saudita, onde é disputada desde 2022.
Os documentos em causa foram assinados com a Kosmos, empresa de Gerard Piqué com a qual, em 2019, a federação chegou a acordo para levar a competição ao país do Médio Oriente. Na altura, noticiou-se que a entidade gerida pelo antigo jogador, de carreira quase toda dedicada ao Barcelona, receberia quatro milhões de euros por cada edição da prova realizada na Arábia Saudita. A fase final da Supertaça de Espanha que se joga, desde 2022, no país do Médio Oriente, junta o par de finalistas da Copa del Rey com os dois primeiros classificados da La Liga. O formato foi criada já durante a vigência da parceria entre a RFEF e a Kosmos do antigo defesa central e está previsto que fique na Arábia Saudita até 2025.
O “El País” dá conta que foram realizadas buscas na sede da entidade e também na residência de Luis Rubiales, o antigo presidente da federação, suspenso pela FIFA, em outubro último, de exercer qualquer cargo no futebol durante três anos, não ser visado na investigação. Em causa estão supostos contratos irregulares firmados algures durante os últimos cinco anos e haverá suspeitas de crime de corrupção e branqueamento de capitais. A “Marca” acrescenta que sete pessoas terão sido detidas e ambos os jornais indicam Tomás González Cueto, assessor jurídico da entidade, como um deles. O “El País” identifica Pedro Segura, diretor jurídico da federação, também entre o grupo de visados nas detenções.
As buscas estão a cargo da Guarda Civil espanhola e acontecem em cooperação com a Europol. O “La Sexta”, canal de televisão espanhol, avança que Luis Rubiales está na República Dominicana, mas é um dos investigados no caso que teve origem numa denúncia feita em 2022 por Miguel Galán, nome familiar na vida recente do polémico ex-presidente da federação - o diretor do Centro Nacional de Formação de Treinadores de Futebol do país foi quem, o ano passado, formalizou a queixa contra Rubiales após o beijo não consentido que deu a Jennifer Hermoso na cerimónia de entrega das medalhas da final do Mundial feminino.
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