Em janeiro, a Audiência Nacional, um tribunal de Madrid, decidiu que Luis Rubiales, antigo presidente da federação espanhol de futebol, iria mesmo a julgamento no âmbito do caso do beijo não consentido que deu a Jenni Hermoso, na sequência do Mundial feminino de futebol, a 20 de agosto. Ora, agora já se sabe a sanção que é pedida para o ex-dirigente: dois anos e meio de prisão, bem como inabilitação, durante o mesmo período, para trabalhar no desporto e proibição de comunicar ou de aproximar-se menos de 200 metros da vítima durante quatro anos.
Esta pena foi pedida pelo Ministério Público espanhol, dizendo respeito tanto ao beijo não consentido, como à pressão exercida pela futebolista depois da cerimónia de entrega de medalhas, a qual se seguiu ao triunfo, na final de Sidney, de Espanha sobre Inglaterra. Em tribunal, Hermoso já reiterou que o beijo não foi consentido e que, tanto no voo de regresso a Espanha, como nos dias seguintes, sentiu-se "constantemente incomodada” pelos envolvidos, sendo obrigada a alterar a sua vida normal e vivido tempos de “desassossego e tristeza”.
O Ministério Público de Espanha pediu, ainda, um ano e meio de prisão para Jorge Vilda, antigo selecionador, Rubén Rivera, ex-diretor de marketing da federação, e Albert Luque, diretor da federação masculina e antigo futebolista internacional, devido a “pressões e coação” exercidas durante o processo. Vilda já negou ter pressionado Hermoso a ajudar Rubiales, que em outubro foi banido pela FIFA, durante três anos, de“todas as atividades relacionadas com futebol”.
Este processo é separado de outro problema jurídico que, na semana passadas, se levantou para Rubiales. A federação espanhola foi investigada por suspeitas de corrupção nos contratos que levaram a Supertaça do país para a Arábia Saudita, em acordos que remontam ao período em que Rubiales liderava a entidade.
Em causa estão supostos contratos irregulares firmados algures durante os últimos cinco anos e haverá suspeitas de crime de corrupção e branqueamento de capitais. A federação já demitiu os dirigentes que foram detidos por suspeitas de corrupção.
A casa de Rubiales foi alvo de buscas, mas o andaluz não foi detido por estar, há mais de um mês, na República Dominicana. Numa entrevista que deu ao “El Español”, o antigo presidente disse que voltará a Espanha a 6 de abril, altura em que se colocará “totalmente à disposição” das autoridades, assegurando que “jamais fez” algo de “errado”. A agência EFE informa que, quando aterrar em solo espanhol, Rubiales será detido.
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