Jogadores e ligas domésticas ameaçam FIFA com processos legais caso esta junte mais competições ao calendário

No congestionado calendário do futebol mundial, o desafio é tentar encontrar uma data que esteja livre. Já nem sequer o verão escapa. No próximo ano, o Mundial de clubes será alargado para 32 clubes (com presença assegurada de FC Porto e Benfica) e mudado para o final da temporada, à semelhança dos Mundiais e Europeus de seleções nos anos pares. E em 2026, Estados Unidos, México e Canadá vão receber o primeiro Campeonato do Mundo com 48 equipas.

Face ao consistente e constante aumento de jogos, futebolistas e ligas domésticas de todo o planeta uniram-se e assinaram uma carta em que ameaçam a FIFA de ações legais caso o organismo que rege o futebol mundial continue a abocanhar o calendário com mais competições ou com a expansão das competições já existentes.

Na missiva, à qual a AP teve acesso, a FIFPro, sindicato mundial dos jogadores, e a Associação Mundial de Ligas, que junta 46 ligas a nível planetário, uma delas a Liga Portugal, criticam a FIFA por comportamento “abusivo”, ao tomar “decisões unilaterais que beneficiam as suas próprias competições e os seus interesses comerciais”, esquecendo a base da pirâmide, as ligas domésticas e os jogadores, cada vez mais sujeitos a esforços físicos e a menor tempo de descanso, queixando-se de estarem a ser “levados ao limite”.

Jogadores e ligas domésticas pedem novas datas para o Mundial de clubes de 2025, não especificando quais, e que a FIFA International Cup, prevista para este dezembro e que iria, na prática, herdar o anterior formato do Mundial de clubes, com os seis campeões continentais, nunca passe sequer do papel.

As críticas à FIFA foram um dos pontos de ordem da Assembleia Geral da Associação de Ligas Europeias no final de abril, em Londres. As ligas europeias acusaram então a FIFA de falta de transparência e de não ouvir os restantes stakeholders na hora de tomar decisões sobre novas competições, esmagando ainda mais os calendários das ligas domésticas, que, na Europa, já terão de se acomodar ao novo formato da Liga dos Campeões e Liga Europa, que, a partir de 2025, na primeira fase vão garantir mais dois jogos às equipas participantes, aumentando o número de slots utilizados a meio da semana pelas competições europeias de seis para dez.

FIFPro e ligas mundiais esperam que na próxima semana, durante o congresso da FIFA, que vai decorrer na Tailândia, o organismo dê provimento às reivindicações apresentadas esta quinta-feira. Se tal não acontecer, tanto o sindicato dos jogadores como as ligas advertem que irão dar início a ações, coletivas ou individuais, que “proativamente defendam os seus interesses”.