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À conta da sobrecarga de jogos, Rodri diz que futebolistas podem avançar para greve. Mas a carga não é igual para todos (só para 0,3% deles)

À conta da sobrecarga de jogos, Rodri diz que futebolistas podem avançar para greve. Mas a carga não é igual para todos (só para 0,3% deles)
OLI SCARFF

O médio do Manchester City fez quase 70 jogos em cada uma das duas últimas temporadas. Este ano, o número pode ainda aumentar e por isso já não é em surdina que se fala de greve de jogadores, cada vez mais fartos das exigências das entidades que gerem o futebol. Só que a sobrecarga de jogos afeta uma pequena percentagem dos profissionais de futebol. Unir todos à causa será, portanto, um desafio

Há dois anos, época em que, pelo Manchester City, ganhou Premier League, a Liga dos Campeões e ainda jogou o Mundial por Espanha pelo meio, Rodri fez um total de 67 jogos. Na temporada passada, em que repetiu o título inglês, ganhou o Mundial de Clubes na Arábia Saudita e ainda foi considerado o melhor jogador do Euro 2024, que venceu, o médio jogou 66 partidas, contabilizando 6.107 minutos em campo. Só não fez mais uns quantos porque se lesionou durante a final do Campeonato da Europa.

De acordo com um recente estudo da FIFPro, o sindicato internacional de jogadores, um futebolista não deve jogar mais de 55 jogos por época. Quarenta a 54 jogos por temporada já é considerado “alta carga”. Acima disso é “carga excessiva”. Nas duas últimas épocas, o espanhol ultrapassou largamente estes números. Esta temporada para lá caminha, para mais em ano de alargamento da Liga dos Campeões e de Mundial de clubes também em versão XL em junho, onde o Manchester City tem lugar garantido. No Mundial estão garantidos pelo menos mais quatro jogos, mas é natural que o campeão inglês faça mais uns quantos (no máximo, poderão ser sete).

Bernardo Silva, colega de Rodri no City, anda há cinco épocas a jogar mais de 60 jogos, diz também o estudo da FIFPro sobre a sobrecarga de encontros. O português falou sobre essa questão antes dos primeiros jogos da Liga das Nações, que nesta edição terá também mais dois jogos para quem ultrapasse a fase de grupos.

“Quando os jogadores se queixam, as pessoas dizem que não podemos reclamar da vida que temos e, sem dúvida, isso é verdade. Mas o calendário está completamente louco. Passo muito pouco tempo com a minha família, com os meus amigos. Faz parte, mas, de facto, a carga de jogos é absurda”, disse o internacional português.

Esta semana, antes do arranque da nova Champions, em que cada clube sabe que terá garantidos pelo menos oito jogos na competição, mais do que os seis dos anos anteriores, Rodri também se queixou. “Este ano podemos chegar aos 70, 80 jogos, dependendo do quão longe chegarmos nas competições. Na minha humilde opinião, é demasiado”, atirou o espanhol, que sublinhou que os jogadores precisam de “se cuidar”, porque são “os atores principais” do desporto. “Nem tudo pode ser dinheiro ou marketing, temos de olhar para a qualidade do espetáculo. Quando não estou cansado, jogo melhor. E se as pessoas querem ver um futebol melhor, nós temos de descansar”, continuou.

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