“Como é que poderia abandonar o clube que construí, o clube que ergui a partir das cinzas da guerra e do desastre de Munique?”
A frase é de Matt Busby, lendário treinador do Manchester United entre 1945 e 1969. O escocês falava depois de deixar de ser técnico dos red devils, justificando a razão para nunca ter abandonado, definitivamente, o quotidiano da equipa.
Busby construiu uma equipa campeã. Ganhou a liga inglesa em 1951/52, em 55/56 e em 56/57. Até que, a 6 de fevereiro de 1958, um desastre aéreo em Munique vitimou oito jogadores e três pessoas do staff do United, além de outros 12 tripulantes.
Busby reconstruiu uma equipa campeã, reerguendo-a depois da tragédia. Ganhou mais duas ligas e, no pináculo da sua carreira, a Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1967/68.
Na época seguinte a bater o Benfica, na final de Wembley, Matt Busby abandonou o cargo que ocupara nos 24 anos anteriores. Mas nunca saiu do Manchester United: exerceu como diretor de futebol durante 11 temporadas, nunca abandonando o seu escritório no centro de treinos red devil. Todas as manhãs, chegava ao United pronto para ser uma fonte de autoridade que concorria com a autoridade do verdadeiro treinador que estivesse em funções.
Frank O'Farrell, um dos seus sucessores, chegou a exigir que Busby lhe deixasse livre o gabinete reservado ao treinador principal. Busby não abandonou o espaço que sentia como seu, O'Farrell durou pouco no United.
Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt