Mais um jogo, mais uma derrota. Milan de Sérgio Conceição não sai da crise
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Pelo terceiro jogo seguido, os rossoneri perderam. Desta feita em casa, o Milan caiu (2-1) diante da Lazio, sendo batido por um penálti aos 98'. Com Leão a titular e Félix a entrar aos 37', o Milan volta a afastar-se dos primeiros lugares da Série A, onde é somente 9.º classificado
Tem sido estranho ouvir Sérgio Conceição a falar enquanto treinador do AC Milan. O treinador português até teve um começo fantástico no histórico italiano, vencendo a Supertaça de Itália, mas rapidamente as coisas se complicaram. À medida que os resultados foram piorando, o técnico, recém-chegado, começou a falar insistentemente da possibilidade de sair, como um cliente que ainda está nas entradas e já ameaça sair do restaurante sem pagar a conta.
Conceição não esconde que chegar à Série A, ao seu calcio, ao campeonato onde viveu os melhores anos como futebolista, era um objetivo. Conseguiu-o, e logo ao comando de um colosso. Mas as palavras do ex-FC Porto têm evidenciado uma amargura precoce, como se o esgotamento da relação tivesse chegado muito cedo. A constante alusão à hipótese de "pegar nas malas e ir embora", que Conceição realizou poucas semanas depois de aterrar em Milão, evidenciou que aquele arranque, com o êxito na Supertaça, não significaria um embalo de otimismo para o sucessor de Paulo Fonseca.
Pouco a pouco, os resultados têm vindo a piorar. Nos derradeiros jogos, não há como fugir à realidade: o AC Milan está em crise. Em clara e evidente crise.
Contra a Lazio, em casa, os rossoneri perderam por 2-1. Foi o terceiro desaire seguido, após as derrotas, também por 2-1, diante Bologna e Torino. Na prática, são quatro maus resultados consecutivos, dado que antes destas derrotas houve um empate contra o Feyenoord que significou a eliminação da Liga dos Campeões. Nos últimos seis jogos, o Milan perdeu quatro e só triunfo uma vez.
O agravar da crise veio com requintes de malvadez. O Milan, uma equipa rodeada por um ambiente de críticas, um plantel que foi fortemente remodelado em janeiro, mas que se perde em debilidades, mostrou capacidade de reagir à adversidade, chegando ao 1-1 aos 85' depois de estar com 10 desde os 67', por vermelho direto a Pavlovic.
Só que a crise segue implacável, impiedosa. O Milan sofre golos caricatos, acumula expulsões — quatro vermelhos vistos nos últimos 10 encontros —, não encontra regularidade.
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A Lazio, com Nuno Tavares em excelente nível, adiantou-se em Milão aos 28', por Zaccagni. Rafael Leão foi titular, João Félix começou no banco mas entrou logo aos 37'.
Aos 67', o vermelho visto por Pavlovic parecia indicar que era outra noite em que tudo corria mal ao Milan. Sérgio Conceição, que além de falar na possibilidade de sair vai, também, lembrando os italianos da sua sala de troféus, recordando os títulos que venceu no FC Porto ou as prestações europeias que protagonizou, qual estagiário a ver se consegue um contrato a tempo inteiro, tentava dar energia à sua equipa, gesticulando e gritando na linha lateral.
E o Milan reagiu. Aos 85', Chukwueze, assistido por Rafael Leão, empatou. O jogo entrou, então, num período de loucura. Ambas as equipas queriam o golo, com o Milan, com menos um, a abrir imensos espaços. A partida era uma sucessão de transições, de hipóteses de golo, dando a ideia de ser um confronto no recreio da escola, sem amarras a meio-campo.
Nesse carrossel, a felicidade sorriu à Lazio. Aos 98', de penálti, Pedro Rodríguez, ao 794.º encontro da carreira, chegou aos 196 golos. O AC Milan é somente 9.º na Série A, com 41 pontos. Conceição tem oito vitórias, três empates e seis derrotas em 17 patidas pelos rossoneri.