Adeus Benfica, olá Jorge Jesus e Cristiano Ronaldo: João Félix assina pelo Al-Nassr
Jonathan Moscrop
Quando o jogador parecia encaminhar-se para um regresso à Luz, a intromissão dos milhões sauditas levou a uma mudança para o Médio Oriente. Félix torna-se o quarto jogador da história a ter movimentado mais dinheiro em transferências, mas sai da elite europeia aos 25 anos
A efémera passagem pelo AC Milan, conjugada com o desinteresse manifestado pelo Chelsea em contar com o jogador no plantel de 2025/26, levavam a que, desde há algum tempo, fosse evidente que João Félix voltaria a mudar de clube. Para a próxima época, parecia claro que o internacional português chegaria ao quinto clube nos últimos três anos, período em que, além de duas passagens pelo Chelsea, representou Atlético de Madrid, Barcelona e Milan.
Ora, esta disponibilidade, conjugada com o esforço financeiro que Rui Costa tem feito para, em período eleitoral, apetrechar o plantel, apontavam o criativo a um regresso ao Benfica. Depois da milionária transferência, em 2019, para Madrid, o próprio jogador assumiu a disponibilidade para voltar a Portugal, onde seria orientado por Bruno Lage, o técnico que o dirigiu naqueles seis meses em que se tornou o nome da moda do futebol europeu.
As últimas semanas criaram uma pequena novela. Não tão intensa como outra em que esteve em causa a ponte aérea Lisboa-Londres, mas também uma novela. Houve rumores quanto ao desejo de apresentar a sonante aquisição na Eusébio Cup, falou-se do encaixe tático que Félix teria, até se avançaram os números do possível negócio, com um valor a rondar os €25 milhões por 50% do passe. Num último esforço, o Benfica terá mesmo chegado a oferecer variáveis que levariam o negócio para €35 milhões.
O Chelsea, máquina de acumular talento e de ir utilizando-o ou vendendo-o consoante as necessidades, não tinha motivos para vender apressadamente. Sabia do interesse do Benfica, era consciente que essa porta não se fecharia tão cedo, pelo que foi atrasando o processo, aguardando outras ofertas.
Félix será companheiro de Ronaldo
NurPhoto
E foi assim que se chegou à reviravolta de sábado. A tarde arrancou com benfiquistas a chegarem à Luz, para a Eusébio Cup, à espera de uma aterragem triunfal do menino-bonito no estádio. No entanto, o fim da noite trouxe uma mudança de guião.
O Al-Nassr intrometeu-se na operação. O imenso poderio financeiro dos sauditas foi um rival insuperável para o Benfica, com o clube orientado por Jorge Jesus e capitaneado por Cristiano Ronaldo a pagar, segundo a imprensa inglesa, €30 milhões por Félix, aos quais se juntam outros €20 milhões por objetivos. Há 12 meses, o Chelsea investira €50 milhões no vencedor da Liga das Nações.
A força do dinheiro do Al-Nassr, conjugada com a influência de Jesus no processo, terão convencido João Félix. É mais um internacional português na Arábia Saudita, juntando-se a Cristiano Ronaldo, Otávio, João Cancelo ou Rúben Neves.
A carreira de Félix prossegue, assim, instável e inconstante, de desafio em desafio. Em 2022/23 esteve meia época no Atlético e meia temporada no Chelsea; em 2023/24 chegou, no fim do mercado de verão, ao Barcelona, de onde saiu no final da campanha; em 2024/25 dividiu a época entre o Chelsea e o Milan; em 2025/26 vai para o Médio Oriente, saindo da Europa aos 25 anos, um destino que certamente não estava nos planos do português quando, em 2019, protagonizou um negócio de €127 milhões.
Sem se conseguir estabilizar num emblema, com um percurso de irregularidade, mudanças e algumas lesões em momentos inoportunos, a falta de rendimento continuado não tem impactado na valorização que o mercado faz de João Félix. Com mais esta operação milionário, são já €225 milhões — que podem chegar a €245 — que o português movimentou em transferências. Em toda a história do futebol, só Cristiano Ronaldo (€247 milhões), Lukaku (€369 milhões) e Neymar (€400 milhões) fizeram mexer mais dinheiro.