Futebol internacional

John Textor quer ajuda para comprar o Botafogo a John Textor e está num bromance com Evangelos Marinakis para o conseguir

O Botafogo, vencedor da Libertadores, é o projeto de Textor com mais sucesso
O Botafogo, vencedor da Libertadores, é o projeto de Textor com mais sucesso
Wagner Meier

Nesta janela de transferências, o empresário que deixou o Lyon endividado e boicotou os sonhos do Crystal Palace foi um importante fornecedor do Nottingham Forest. O clube inglês, detido por Evangelos Marinakis (também dono do Rio Ave), gastou €45 milhões em jogadores do Botafogo. A amizade de conveniência tem por base a vontade de John Textor comprar o clube carioca à Eagle Football (onde é acionista) e separá-lo do emblema francês, que só lhe tem dado dores de cabeça

O pior já passou, mas os adeptos do Lyon não esqueceram os momentos de agonia. O clube foi condenado à descida de divisão por culpa da dívida de €175 milhões que o então dirigente John Textor não conseguiu travar. Michele Kang, a presidente que lhe sucedeu, reverteu a situação e o emblema sete vezes campeão francês manteve-se na Ligue 1. No primeiro jogo em casa esta época, estendeu-se na bancada uma tarja: “É o vigarista de um sistema sem salvaguardas. Não à multipropriedade.” O alvo era claro.

O norte-americano foi afastado do Lyon e também já não administra a Eagle Football, consórcio que detém o clube gaulês, o Botafogo do Brasil, o Molenbeek da Bélgica e o FC Florida dos EUA, do qual é acionista maioritário. John Textor manifestou o desejo de comprar o clube carioca, mas a Eagle Football, cuja diretora-geral passou a ser Michele Kang, não quer concretizar o negócio devido ao conflito de interesses. Afinal, Textor é quem neste momento controla os alvinegros, ou seja, seria simultaneamente comparador e vendedor. Enquanto as negociações para que o Botafogo e o Lyon se possam separar continuam a decorrer, vai ficando claro quem John Textor quer ao lado.

As últimas horas do mercado de transferências, agitado momento em que os clubes andam em corrupio à procura de algo para afiarem valências, brindaram o Nottingham Forest com reforços. Cuiabano e John Victor chegaram para tentar suprir as necessidades de Nuno Espírito Santo. Em comum, têm a proveniência: ambos chegaram do Botafogo, clube onde já antes a equipa orientada pelo treinador português foi buscar Igor Jesus e Jair Cunha. Nestas quatro movimentações, o Forest gastou €45 milhões.

Evangelos Marinakis é o patrão de Nuno Espírito Santo no Nottingham Forest, mas a relação entre os dois já conheceu melhores dias
NurPhoto

Os acordos foram sendo celebrados com fotografias de John Textor no City Ground, publicitando o conluio. Ou seja, com a raridade de o presidente do clube vendedor posar para a câmara com o jogador vendido no estádio do clube comprador. No Brasil, diz-se que Evangelos Marinakis, dono do Nottingham Forest, do Rio Ave e do Olympiacos, vai apoiar financeiramente John Textor na compra do Botafogo, num negócio com valores ainda por definir.

A proximidade parece já estar a ter efeito. De notar que também os vilacondenses recrutaram Rafael Lobato ao Botafogo. O fluxo também já se fez no sentido inverso, entre os clubes de Marinakis para os de Textor. No ano passado, Orel Mangala, proveniente do Nottingham Forest, reforçou o Lyon. O mesmo caminho percorreu Moussa Niakhaté. Já neste verão, Danilo deixou os Tricky Trees e rumou ao Botafogo.

John Textor tem a reputação aos cacos em Inglaterra. Até junho, era também ele detentor de 43% do Crystal Palace. A época histórica dos eagles terminou com a conquista da Taça de Inglaterra (e, posteriormente, da Supertaça), mas o consequente apuramento para a Liga Europa acabou por ficar sem efeito. A presença do Lyon na mesma competição colocou em causa as regras da multipropriedade da UEFA, relegando o Crystal Palace para a Liga Conferência.

Numa tentativa desesperada para reverter a situação, Textor vendeu a sua parcela do clube a Woody Johnson, também dono dos New York Jets da NFL, manobra que não convenceu a UEFA, nem o Tribunal Arbitral do Desporto, na Suíça, para o qual o Crystal Palace enviou um recurso.

No meio das negociatas, Textor nem sempre tem mantido os dossiês separados, motivo pelo qual a influência que vai tendo sobre vários clubes é contestada. Em julho, o “L’Équipe” informava que o Lyon terá pagado o salário de 54 jogadores em 2024/25, quando o plantel não excedia os 30. Também segundo o jornal, terão sido os franceses a patrocinar transferências de jogadores que reforçaram os brasileiros. “O Botafogo financiou o Lyon, não o contrário”, contrapôs Textor. Nem todos ficaram muito convencidos com a sua defesa.

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