Sueco tem encontrado dificuldades em chegar ao golo desde que aterrou em Inglaterra, tendo apenas três na Premier League. Mas no Arsenal há plena confiança de que o avançado ainda está longe daquilo que vai dar, com Arteta a deixar, sempre que possível, elogios à sua capacidade de trabalho e profissionalismo
Jornalista
Foram longos meses de espera, com direito a faltas injustificadas, queixas de parte a parte, na novela mais intensa do último defeso. Viktor Gyökeres foi finalmente confirmado no Arsenal em final de julho, já bem dentro da pré-temporada, com os gunners em plena digressão pela Ásia.
Seguiram-se recordes de vendas de camisolas, o site do Arsenal em baixo face a tamanha expectativa com o novo número 14 da equipa, número que antes havia estado colado ao corpo de Thierry Henry, talvez a maior figura dos londrinos nos primeiros anos do século 21. Afinal de contas, o cartão de visita do sueco era estimulante: um avançado poderoso, com grande capacidade de quebrar linhas, que em duas épocas marcou 97 golos em 102 jogos pelo Sporting, contribuindo de forma decisiva para o bicampeonato leonino.
Mas, olhando para as cifras, puras e duras, o início de era de Gyökeres no Emirates Stadium não tem sido estonteante. O sueco tem sido muito utilizado por Mikel Arteta, talvez até mais do que o inicialmente previsto, muito por culpa da lesão de Kai Havertz. Foi titular nos sete jogos da Premier League do Arsenal, mas apenas marcou em dois deles: bisou frente ao Leeds, na 2.ª jornada, e voltou a marcar apenas na ronda 4, com o Nottingham Forest. Mas contando ainda com dois jogos da Champions e outro da Taça da Liga, há seis jogos que Gyökeres não sabe o que é colocar as mãos entrelaçadas na cara para festejar um golo seu. E dos três golos marcados, um deles foi de pontapé de penálti.
Glenn Hoddle, antigo selecionador inglês, é um dos que tem dúvidas sobre Viktor. “Arteta tem armas para vencer a Premier League, tem bons defesas, o Arsenal sabe defender como equipa e também tem jogadores ofensivos e criadores. O único elo que falta, neste momento, é um nove que coloque a bola no fundo das redes. Pode ser Gyökeres, mas é a única interrogação”, referiu num programa oficial da Premier League.
A situação do sueco não preocupa, para já, o Arsenal, líder da Premier League com 16 pontos, um à frente do Liverpool, apesar do seu avançado andar descalibrado. De acordo com o FBRef, que usa dados da Opta, em três dos sete jogos da liga inglesa Gyökeres não conseguiu sequer qualquer remate e nas mesmas sete partidas conta apenas com quatro remates enquadrados. Em jeito de comparação, o nórdico nunca ficou a zeros em matéria de remates tentados em duas épocas na I Liga portuguesa. Em Inglaterra ainda não contribuiu também com qualquer assistência e, dizem os números da Opta, conta apenas com uma chance de golo criada. No passe, apresenta apenas 55,4% de acerto.
Ainda assim, Mikel Arteta, treinador do Arsenal, não tem sido parco em elogios para Gyökeres, sublinhando sempre que possível a sua capacidade de trabalho, esforço e profissionalismo. Na última semana, após o jogo com o Olympiacos na Champions, sublinhou que o avançado está “a melhor a cada jogo” e que só não marcou porque foi “bem contrariado em algumas situações e acertou no poste”, apelidando a exibição de “excecional”.
“Claro que quero que marque golos, mas quando não o consegue tem trabalhado para ajudar a equipa”, apontou ainda Arteta. A sensação no Emirates, de acordo com a imprensa britânica, é que Gyökeres ainda está em pleno processo de adaptação ao ritmo da Premier League e que está longe do que pode oferecer no futuro, não havendo, por isso, qualquer tipo de arrependimento pela contratação do jogador.
Dias antes, após um dos melhores jogos do avançado ex-Sporting no Arsenal, frente ao Newcastle - mesmo que nem tenha marcado -, Arteta havia sublinhado essa mesma ideia. “O tecto dele ainda está muito, muito longe daquilo que ele pode dar à equipa e estou muito feliz com ele”, apontou, falando de Gyökeres como “um rapaz muito confiante”, com “uma ética de trabalho incrível”.
“O que ele exige a ele próprio a cada dia faz com que seja um prazer trabalhar com ele”, frisou ainda o técnico espanhol, que procura levar o Arsenal ao título inglês, algo que não acontece desde 2003/04.
Os elogios têm também chegado dos colegas. Bukayo Saka disse não ter dúvidas que o sueco “vai marcar muitos golos” e que a equipa está “muito grata” por tudo aquilo que deixa em campo. “A maneira como ele segura a bola, as progressões, o perigo que ele nos dá. Ele é uma grande parte do porquê de estarmos a ganhar jogos e os golos chegarão. Sabemos disso, acreditamos nisso e acreditamos nele. Acho que não há qualquer dúvida”, sublinhou Saka aos jornalistas após a vitória do Arsenal frente ao West Ham na última jornada da Premier League.
Ben White, que já se tinha cruzado com Gyökeres no Brighton, também deixou claras as capacidades do jogador: “É um monstro, vive para fazer golos. Quando jogas contra ele, tem a capacidade de afastar e é uma ameaça constante”, afirmou, reforçando também o “profissionalismo” do jogador com quem se reencontrou em Londres.
Gyökeres vai agora concentrar-se com a seleção sueca antes de voltar ao centro do ataque do Arsenal, que volta a jogar para a Premier League no dia 18, em casa do Fulham de Marco Silva.
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