Futebol internacional

Num jogo cheio de incidências e oportunidades perdidas, Cabo Verde empata na Líbia e adia o apuramento para o Mundial

Num jogo cheio de incidências e oportunidades perdidas, Cabo Verde empata na Líbia e adia o apuramento para o Mundial
DANIEL BELOUMOU OLOMO

Cabo Verde chegou a estar a perder por 3-1, empatou 3-3 e teve várias oportunidades para virar o jogo frente à Líbia e garantir desde já o apuramento inédito para o Mundial. Agora tudo se vai definir na segunda-feira, frente a Essuatíni, na Praia: um resultado igual ou melhor do que o dos Camarões vale o bilhete dourado

Foi um jogo cheio de emoção, em que Cabo Verde esteve morto e renasceu duas vezes, para no final ver adiado o sonho de garantir desde já um lugar no Mundial com vários falhanços que vão tirar horas de sono aos jogadores dos Tubarões Azuis. Em Tripoli, na Líbia, Cabo Verde precisava de uma vitória e o empate 3-3, num jogo cheio de incidências, deixa tudo para se resolver na derradeira jornada de apuramento, na segunda-feira. Aí, a seleção treinada por Bubista continua a depender de si mesma. Vencendo a seleção de Essuatíni, na Praia, ou conseguindo resultado igual ou melhor que os Camarões, está no Mundial, tornando-se no segundo país com menor população a chegar à competição, atrás da Islândia.

Cabo Verde entrou praticamente a perder no jogo. Na primeira investida de Líbia pelo meio-campo contrário, houve golo, depois de uma boa triangulação pela direita entre El Maremi e Mansour. No cruzamento, Vozinha hesitou na saída e Roberto Lopes colocaria a bola na própria baliza. Pior arranque era difícil.

Treinados por Aliou Cissé, treinador senegalês com experiência mundialista com a seleção do seu país, os jogadores líbios procederam a fechar bem os caminhos para a sua baliza, apostando em saídas rápidas, com lances estudados e que causaram sempre algum pânico entre a defesa de Cabo Verde. 

Era pelo lado direito que surgiam os melhores lances dos Tubarões Azuis, mas só aos 19’ Jamiro Monteiro encontrou linha de passe para a entrada de Telmo Arcanjo, mas o remate saiu frouxo. Minutos depois, a bola beijou a barra da baliza da Líbia, depois de Kevin Pina resgatar um lance que parecia perdido na linha final. 

O golo do empate apareceu à meia-hora de jogo. Com os caminhos fechados por terra, foi uma bola aérea a chegar a Telmo Arcanjo, com o jogador do Vitória, sem marcação, a rematar de cabeça de forma certeira. 

Por cima no jogo, com mais bola e iniciativa, Cabo Verde voltou, tal como no início do jogo, a perder a concentração após fazer o que parecia mais difícil. Num lance que juntou fantasia e grande passividade da defesa cabo-verdiana, Muad Eissay driblou vários adversários e, num primeiro remate, ainda permitiu a defesa de Vozinha, mas na recarga El Maremi rematou para o 2-1.

A 2.ª parte trouxe más notícias para Cabo Verde, com os Camarões a chegarem à vantagem nas Maurícias e o nível de perigo a não subir, mesmo após entrada de Ryan Mendes. Aos 58’, num livre direto, Al Shalwi abanou o marasmo e praticamente matou as esperanças de Cabo Verde em festejar na Líbia o apuramento para o Mundial (ou assim todos pensavam), numa bomba que saiu bem ao ângulo da baliza de Vozinha, que tinha apenas dois jogadores na barreira.

Muito organizada defensivamente, a Líbia conseguiu sem grandes dificuldades, durante boa parte do jogo, travar a maior capacidade técnica dos cabo-verdianos, que iam, para mais, sofrendo nos ataques rápidos do adversário, que enviaram duas bolas aos ferros nos minutos que se seguiram ao 3-1. 

A esperança cresceu nos últimos 15 minutos; primeiro depois de um erro garrafal do guardião Al Wuheeshi, que deixou passar uma bola morta vinda do meio-campo por entre as mãos e entre as pernas para uma das fífias do ano. Pouco depois, Al Wuheeshi redimiu-se defendendo um remate perigoso, mas aos 82’, num lance confuso na área, Willy Semedo fez o empate. 

Já nos descontos, Cabo Verde teve três oportunidades flagrantes para agarrar o passaporte para o seu primeiro Campeonato do Mundo, num final elétrico de um jogo que, a meio da 2.ª parte, parecia decidido. Na primeira, Madeen salvou em cima da linha, minutos depois foi Nuno da Costa, isolado, a permitir a defesa do guarda-redes líbio. Para terminar, numa jogada em que se viu com três jogadores isolados, um fora de jogo ingénuo acabou com aquilo que seria um golo quase feito.

Mesmo que na segunda-feira não se confirme o primeiro lugar do grupo e consequente apuramento histórico para o Mundial, inédito e que faria de Cabo Verde o país com menor área a jogar na competição, os Tubarões Azuis já garantiram que serão um dos melhores segundos classificados e, por isso, seguirão para o playoff que vai definir a última vaga para os Estados Unidos, Canadá e México.

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