Messi quer estar no Mundial de 2026: “Ser capaz de defender o título em campo será incrível”
Marcelo Endelli
Em entrevista ao canal norte-americano NBC, dias depois de renovar com o Inter Miami, Lionel Messi abriu as portas à presença no Mundial do próximo verão, depois de ter deixado algumas dúvidas no início de setembro. “Estou muito entusiasmado, porque é um Mundial”, sublinhou
Lionel Messi não fala muito. E quando fala é, geralmente, para marcar momentos importantes da carreira. Na última semana, o Inter Miami anunciou a renovação de contrato com o argentino até dezembro de 2028. Messi jogará, portanto, pelo menos até aos 41 anos e estará presente num momento-chave da vida do clube da MLS: a inauguração do novo estádio, o Freedom Park, prevista para o próximo ano.
Mas, mais do que às suas andanças vestido de cor de rosa nos relvados da liga norte-americana de soccer, os adeptos agarram-se a este estender da vida útil do genial argentino como um atestado de que, daqui a um ano, ele lá estará nesses mesmos estádios, mas vestido de branco e azul celeste. Há mês e meio, houve lágrimas no Monumental de Buenos Aires, sabendo-se que aquele jogo contra a Venezuela, de apuramento para o Mundial, seria mais que provavelmente o último tango oficial de Messi na Argentina. Aí, o craque sublinhou que, “pela idade”, o mais lógico seria que não estivesse no Campeonato do Mundo que vai percorrer os Estados Unidos, México e Canadá no próximo verão, em que estará a saltar dos 38 para os 39 anos, idade que já foi sinónimo de reforma em tempos, mas que nos dias de hoje ainda permite a um ser humano competir com relativa frescura.
Marcos Brindicci
Essa frase não, no entanto, foi um fechar de portas, até porque um ano passa a correr. “Está quase aí e estou entusiasmado, com vontade. Como sempre disse, será dia a dia”, frisou na altura, deixando então a responsabilidade da decisão para o que o corpo lhe segredar nos próximos meses. Na última segunda-feira à noite, em rara entrevista para o canal norte-americano NBC, Messi deixou a tal porta mundialista um bocadinho mais aberta. Ainda não escancarada, mas com muito espaço para entrar. Ele quer lá estar e esse é o primeiro passo.
“É extraordinário poder estar num Campeonato do Mundo e eu adoraria estar em 2026”, reforçou na entrevista, frisando o desejo de ser “uma parte importante” para ajudar a seleção argentina, que defende o título conquistado em 2022, no Catar. Mais uma vez, Messi falou do “dia a dia”, da necessidade de “estar a 100%”. A decisão terá isso em conta, se ainda é alguém “útil” para a seleção. “Mas obviamente que estou muito entusiasmado, porque é um Mundial. Ganhámos o último e ser capaz de defender o título em campo será incrível, porque para mim é sempre um sonho jogar com a seleção, principalmente nas competições oficiais”, apontou ainda.
A vida em Miami
Ficou na memória a despedida de Lionel Messi do Barcelona, as lágrimas que jorraram sem pedir licença de uns olhos normalmente pouco dados à emoção. Messi saiu não por querer, mas porque o Barcelona não se podia dar ao luxo de o manter, catastróficas que eram as contas do clube. No Paris Saint-Germain e em Paris, Messi nunca pareceu verdadeiramente solto e feliz, nem jogando com Mbappé e Neymar a dois passos, nem vivendo na cidade-luz. Em 2023, anunciou o salto para o outro lado do charco, para uma Miami de sol e onde a língua franca é a sua. Aí, Messi parece sentir-se de novo em casa, tal qual se sentia em Barcelona.
Shaun Botterill - FIFA
“Gosto de tudo aqui. Passei muito tempo em Barcelona, que para mim é uma cidade extraordinária, onde cresci e tive momentos espectaculares. Temos muitas saudades. Mas Miami é uma cidade que nos permite viver muito bem, que nos permite aproveitar a vida, de uma forma calma. Os miúdos podem ser eles mesmos e viver o seu dia a dia”, apontou à NBC.
Messi deixou, no entanto, reparos ao formato da MLS, que bebe da tradição norte-americana, focada no equilíbrio, e não da europeia, onde os resultados tudo ditam. O argentino parece acreditar que o crescimento da liga local só acontecerá quando “todas as equipas tiverem a oportunidade de trazer os jogadores que quiserem, sem limitações ou regras”, como o teto salarial, por exemplo, ou a limitação de jogadores fora do sistema norte-americano, ainda muito alicerçado no draft e nas trocas.
“Acredito que se as equipas nos Estados Unidos tivessem mais liberdade, muitos mais jogadores importantes viriam para cá, ajudando assim o crescimento do futebol nos Estados Unidos”, rematou. Fica a dica.