Vítor Pereira nunca o escondeu: a Premier League encavalitava-se em todos os outros objetivos que pudesse ter. Foi preciso dar uma volta grande para lá chegar, mas, quando o conseguiu, fê-lo com impacto e levou o Wolverhampton a um recorde de seis vitórias consecutivas na Premier League, em 2024/25. O ambiente era saudável. Depois dos jogos, passava pelo pub mais próximo para beber cerveja e celebrar com os adeptos os passos dados rumo a uma manutenção tranquila.
A toada da segunda época não estava a ser, de todo, a mesma. O técnico continuou a bater recordes, mas, desta vez, negativos. O Wolves não tem qualquer qualquer triunfo após as dez primeiras jornadas, algo que também aconteceu na temporada passada, e levou à saída de Gary O’Neil. Mantendo a coerência, pouco antes de completar um ano no cargo, Vítor Pereira foi também despedido.
Involuntariamente, foi outro português a deixá-lo sem emprego. O Fulham de Marco Silva goleou o Wolverhampton (3-0) numa exibição em que ficou demonstrado o caos da alcateia. Os lobos são o pior ataque (sete golos marcados) a pior defesa (22 golos sofridos) da Premier League.
Os adeptos já não podiam ver Vítor Pereira entrar nos bares. “Lembro-me que no Porto era impossível ir a um restaurante após um empate. É futebol”, chegou a dizer. Após a derrota nos descontos, contra o Burnley, confrontou adeptos que criticavam a equipa desde a bancada do Molineux. Os sinais de frustração saíram-lhe caros quando, frente ao Brighton, num momento de descontrolo, pontapeou uma bola na direção do banco e, além da expulsão, recebeu uma multa de €17.000.
Chegar a novembro com dois pontos conquistados e no último lugar da classificação não foi suficiente para manter a confiança que lhe foi passada dois meses antes. Já com o Wolverhampton afundado na tabela, o clube renovou contrato com Vítor Pereira por mais três anos. Três anos que não vão ser cumpridos.
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