Quatro estreantes e um cheirinho a França 1998: já há 42 seleções apuradas para o Mundial, só restam seis vagas
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Uzbequistão, Jordânia, Cabo Verde e Curaçau vão estar pela primeira vez num Mundial, enquanto na Europa há três países que regressam 28 anos depois: Noruega, Escócia e Áustria. Nos últimos dias, quase todas as vagas para o próximo Mundial foram distribuídas, as últimas seis ficam para março
Não é bem como num programa de Oprah Winfrey, mas os últimos dias distribuíram generosamente muitos dos derradeiros lugares disponíveis para o Mundial 2026. Ao todo, já 42 vagas foram preenchidas, incluindo por Portugal e Cabo Verde, num grupo heterogéneo onde se incluem quatro estreantes, outros três marinheiros de segunda viagem e vários regressos.
Março será, aí sim, o mês das últimas oportunidades: as seis vagas que restam serão distribuídas nos play-offs europeus, que vão apurar mais quatro seleções do Velho Continente, e no play-off intercontinental, marcado para o México, em que seis equipas das restantes confederações vão lutar por dois lugares.
UEFA
Os últimos dias trouxeram um aroma a “Copa de la Vida” ao Mundial de 2026. Três seleções europeias que não iam ao Mundial desde o saudoso França 1998 apuraram-se para a cimeira de organização tripartida: Áustria, Noruega e Escócia, esta última após emotiva vitória por 4-2 frente à Dinamarca na terça-feira, com direito a um golo de pontapé de bicicleta de Scott McTominay e um desde o meio-campo de Kenny McLean. E com Andy Robertson, jogador do Liverpool e capitão da Escócia, a recordar no final, em lágrimas, Diogo Jota, com quem, diz, muito falava sobre este Mundial, depois de ambos terem falhado o Catar 2022: Jota por lesão e Robertson porque a Escócia não conseguiu a qualificação.
Já a Noruega consegue finalmente colocar a geração de Erling Haaland e Martin Ødegaard numa grande competição, depois de vários remates à barra nas últimas oportunidades.
Assim, a UEFA já colocou 12 seleções no Mundial: Inglaterra, França, Croácia, Portugal, Noruega, Alemanha, Países Baixos, Bélgica, Áustria, Suíça, Espanha e Escócia.
O derradeiro play-off, com 16 equipas, entre elas Itália, Dinamarca ou Polónia, irá apurar mais quatro seleções para o Mundial.
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CONMEBOL
A qualificação sul-americana, que coloca agora seis equipas de forma direta no Mundial, há muito está definida. A campeã mundial Argentina foi mesmo uma das primeiras seleções a garantir a qualificação, em março deste ano. As contas ficaram fechadas no início de setembro: além dos argentinos, qualificaram-se Equador, Colômbia, Uruguai, Brasil e Paraguai, de regresso a um Campeonato do Mundo depois de uma ausência de 16 anos.
A CONMEBOL ainda pode colocar mais uma equipa no Mundial: a Bolívia está no play-off intercontinental, que se vai jogar em março. Desde 1994 (saudades, Erwin Sánchez) que La Verde não surge na competição.
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AFC
A qualificação asiática já colocou as suas oito equipas com entrada direta, com direito a dois estreantes, o Uzbequistão e a Jordânia, aos quais se juntam vários habitués nestas andanças: Japão, na sua 8.ª participação consecutiva, Coreia do Sul (11ª presença seguida), Irão, Austrália, Catar e Arábia Saudita.
No play-off intercontinental, a AFC pode ainda apurar o Iraque, que tem apenas uma presença na prova, em 1986.
CAF
Cabo Verde protagonizou uma das melhores histórias desta qualificação, tornando-se no único estreante africano na competição - e, na altura, o segundo país com menos população a fazê-lo - depois de vencer o Grupo D de qualificação, deixando para trás, por exemplo, os Camarões.
Além dos Tubarões Azuis, qualificaram-se diretamente Marrocos, semi-finalista em 2022, Tunísia, Egito, Argélia, Gana, África do Sul (ausente desde 2010), Costa do Marfim e Senegal. A República Democrática do Congo, que tem apenas uma aparição no Mundial, em 1974, ainda como Zaire, é uma das equipas favoritas a agarrar um de dois lugares no play-off intercontinental.
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CONCACAF
A confederação que junta as seleções da América do Norte, Central e das Caraíbas foi a primeira a alocar equipas no Mundial (os organizadores Estados Unidos, México e Canadá) e também a última, com as contas das vagas diretas a ficarem definidas apenas esta madrugada.
E logo com uma grande surpresa: Curaçau, território autónomo dos Países Baixos, tornou-se o país mais pequeno em população e área a qualificar-se para um Mundial, depois de empatar com a Jamaica. O Panamá estará apenas pela segunda vez no Mundial, tal como o Haiti, de regresso à cimeira depois da estreia de 1974.
O Haiti chega ao Mundial sem que o seu selecionador Sebastien Migne tenha alguma vez tocado solo haitiano, país assolado pela violência armada e controlado por gangues. Por isso, e curiosamente, a equipa faz os seus jogos em casa em Willemstad, capital de Curaçau, ligada assim a dois apuramentos mundialistas. Constituída apenas por jogadores a atuar fora das fronteiras do país, a seleção foi arregimentada junto da diáspora haitiana em França, Canadá ou Estados Unidos, tendo também vários jogadores nascidos no Haiti.
A CONCACAF pode ainda colocar mais duas equipas no Mundial, a já referida Jamaica (outra ausência desde 1998) e o Suriname, mais uma seleção com um forte contingente de jogadores nascidos nos Países Baixos, tal como Curaçao, e que procura também a estreia.
OFC
A confederação da Oceânia conseguiu, com o alargamento para 48 seleções, garantir um lugar direto no Mundial, permitindo que a Nova Zelândia se qualificasse sem dificuldades para o seu 3º Campeonato do Mundo, o primeiro desde 2010. Improvável - mas nunca impossível - será o continente dos antípodas colocar mais uma equipa através do play-off intercontinental, onde estará a Nova Caledónia, seleção que vive no lugar 150 do ranking da FIFA.