Futebol nacional

O guia da Liga: Jozzivic do Benfica, “somos Porto” que passou a “praticamos Porto”, a unidade móvel que falta ao Sporting e mais 15 análises

O guia da Liga: Jozzivic do Benfica, “somos Porto” que passou a “praticamos Porto”, a unidade móvel que falta ao Sporting e mais 15 análises
ilustração tiago pereira santos

Se ler isto e mais nada, ficará a saber mais do que a maioria acerca dos 18 clubes do campeonato de futebol. Será uma viagem longa, guiada pelo analista Rui Malheiro, mas em que se fala da coisa mais bonita do futebol: o jogo

benfica

epa

Todas as notícias sobre a crise do tetracampeão eram manifestamente exageradas. Bem mais preocupantes do que os maus resultados – 4 derrotas e 15 golos sofridos em 7 jogos –, pouco ou nada relevantes nesta fase preparatória, foram as exibições paupérrimas, sobretudo quando o Benfica se encontrou com adversários da sua dimensão europeia, como foram o caso de Arsenal e de Red Bull Leipzig, equipas que até se apresentaram em campo repletas de segundas linhas. Nada de novo, até pela chegada de jogadores a conta-gotas durante a pré-temporada, a que se juntaram algumas lesões em unidades nucleares (e em potenciais revelações, como é o caso do médio-ofensivo croata Krovinovic, contratado ao Rio Ave), cenário que se repete em anos de grandes competições internacionais de seleções. O Benfica regressou à terra, e a pré-depressão, agravada pelas lesões de Júlio César e de Grimaldo, rapidamente se tornou em euforia com as vitórias – e exibições – retumbantes ante Vitória de Guimarães – primeira meia-hora soberba – e Sporting de Braga – sessenta minutos de grandíssima qualidade e enorme facilidade em chegar a zonas de definição – por 3-1. Tudo se torna mais simples no regresso ao nosso planeta, mesmo quando se encaram o quarto e o quinto classificados do exercício anterior. O tridente insigne formado por Jonas, Pizzi e Seferovic, uma potente lança no ataque à profundidade e subtil a fornecer apoios frontais, o que atesta, mais uma vez, o acerto do scouting dos encarnados nas investidas no mercado europeu, que poderá passar a ser designado por Jozzivic, detona, com extrema facilidade, e muitas vezes com combinações a um-dois toques, os processos defensivos rivais, sobretudo quando se posicionam nos últimos 30/35 metros e/ou se revelam incapazes de pressionar alto com sucesso, abrindo crateras nas costas da última linha. Depois, junta-se o suporte do super-homem Fejsa, impressionante a pressionar, a efetuar recuperações e a garantir consistência no momento de transição defensiva, e de Luisão, o principal definidor do processo defensivo, como também um vasto leque de extremos encabeçado por Salvio – o jogador mais à imagem do futebol vertiginoso preconizado pelo treinador, mesmo quando insiste em tomar as piores decisões que exasperam os adeptos – e Cervi, o que conduz Zivkovic, Rafa, Carrillo, Diogo Gonçalves e Willock ao banco de suplentes ou à bancada. A qualidade superlativa dos jogadores continua a fazer a diferença, escondendo debilidades no processo ofensivo, o que até faz com que o acérrimo clube de fãs de Rui Vitória, ultrapassada a fase de paixão assolapada por Pep Guardiola, faça de conta que acredita que o melhor processo é a inexistência do mesmo. Só que outorgar aos jogadores a liberdade para conceberem o que pretendem dentro do campo é, acima de tudo, perspicácia. E essa é uma das armas do treinador-motivador bicampeão nacional, que prometeu, no final do exercício passado, um “upgrade tático” que se mantém no segredo dos deuses, até porque na arte da guerra interna a estrutura em 1x4x4x2 tem sido inegociável. Favoritos à conquista do primeiro pentacampeonato do seu riquíssimo historial, estatuto outorgado pelos técnicos dos dois maiores rivais, os encarnados não se devem deixar entorpecer com o clima de exaltação em redor dos triunfos ante os eternos rivais minhotos, e devem perceber que há uma necessidade imperiosa de oferecer mais qualidade ao setor defensivo, o que passa por fechar, o mais rapidamente possível, as aquisições de um guarda-redes e de um lateral-direito – o que não significa um menosprezo pela enorme competência de André Almeida – que possam entrar diretamente no onze, aos quais se poderá juntar um defesa-central de qualidade indiscutível. É que Luisão, apesar de parecer, não é eterno e caminha para os 37 anos e é bom não olvidar, antes que um qualquer desaire dentro ou fora de portas faça despertar ensurdecedores sinais de alarme, que Ederson, Nelson Semedo e Lindelöf partiram, o que significa que o Benfica perdeu três titulares indiscutíveis com um papel crucial nos momentos defensivo e ofensivo.

1.ª jornada: Sp. Braga (C, 3-1) – 1x4x4x2 – Bruno Varela – André Almeida, Luisão, Jardel, Eliseu – Salvio, Fejsa, Pizzi, Cervi – Jonas, Seferovic

fc porto

lusa

Sérgio Conceição, em pouco mais de um mês, conseguiu algo que Nuno Espírito Santo, nem depois de eliminar a Roma no play-off de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, anelou: ciar uma extraordinária empatia entre adeptos, treinador e clube. O que parecia difícil, atendendo a um inédito jejum de quatro de anos sem títulos na era Pinto da Costa e ao apresentar, até ao momento, apenas um reforço: o brasileiro Vaná, contratado ao Feirense, que, salvo alguma operação surpresa no mercado com Iker Casillas ou José Sá, não será mais do que terceiro guarda-redes dos dragões. Desprendido do chavão “ser Porto”, Sérgio optou por “praticar Porto”. Chegou ao Dragão com um discurso audaz, agressivo e cativante, que teve prolongamento numa pré-época de trabalho exaustivo, recorrendo sem azedumes, face à inexistência de reforços, a todos os recursos humanos que tinha à sua disposição antes de fazer as suas escolhas, e com bons resultados no período preparatório, algo que pareceu minuciosamente programado face à escolha dos antagonistas. O árduo trabalho de casa começa a ter reflexos no desempenho dentro do campo, como se viu com a pungente goleada sobre o Estoril (4-0) na partida de estreia no campeonato. Da obsessão pelo equilíbrio e pelo controlo de Nuno Espírito Santo, o que conduziu à edificação de uma proposta de jogo com base na solidez do processo defensivo, na contundência no ataque à profundidade e na busca incessante do jogo exterior e de bolas paradas laterais, o que permitiu – e é bom não esquecê-lo – que os azuis-e-brancos lutassem pelo título nacional até à penúltima jornada, mesmo evidenciando grande previsibilidade no processo ofensivo em ataque posicional e indefinições sobre a escolha da estrutura preferencial, passou-se a um FC Porto, de Sérgio Conceição, mais próximo do ideário draconiano ansiado pelos adeptos. Algo que fica bem patente na escolha do 1x4x4x2 como estrutura preferencial e na rápida definição de uma equipa-base. E, acima de tudo, num jogar assente numa dinâmica e vertigens corrosivas, suportadas pela impressionante velocidade colocada na circulação da bola e na vontade indómita em chegar rápido e com muitos jogadores a zonas de finalização, o que obriga a uma aposta na mobilidade incessante das suas unidades: os laterais – Ricardo, que conquistou o lugar a Maxi Pereira, e Alex Telles – mostram-se sempre disponíveis para oferecer largura e atacar com pungência a profundidade; a dupla de médios-centros tem Danilo, um dos últimos jogadores a integrar os trabalhos de preparação, ainda a procurar inteligir o seu novo papel, enquanto Óliver, com a sua transbordante intensidade cerebral, regressa ao centro do jogo, onde o seu futebol pleno de boas decisões torna-se superlativo; os médios-alas Corona e Brahimi revelam-se enérgicos na invasão do espaço interior, oferecendo linhas de passe dentro do bloco rival e/ou assaltando o espaço entre a linha defensiva e intermediária do adversário; e a dupla de atacantes, formada por Soares e Aboubakar, com Marega como principal alternativa, apresenta-se capaz de alternar o ataque em conjunto à profundidade com o baixar de um dos avançados para as entrelinhas, de forma a receber a bola de costas para depois se conectar com os colegas, mostrando, para já, uma maior tendência por buscar o jogo exterior do que a combinação curta no espaço interior. A isto junta-se uma agressividade esdrúxula com e sem bola, até porque a equipa pretende pressionar alto em bloco e recuperar rapidamente a bola após a perda. Uma ideia de jogo extremamente arrojada, claramente talhada para consumo interno, mas que precisa de ser testada em desafios de grau de exigência mais elevado – que, em abono da verdade, não são muitos no campeonato nacional, o que fez com que os 10 empates em 34 jogos em 2016/17 tenham sido determinantes no desfecho da competição –, já que a equipa, ultrapassada a asfixiante primeira linha de pressão, parece desequilibrar-se com facilidade no momento de transição defensiva, deixando a dupla de centrais demasiado exposta. Sem novidades em relação a reforços, que seriam bem-vindos se se revelassem verdadeiras mais-valias (o que poderia ser o caso do alegado alvo Wendel, estrela fulgente do Fluminense), o grande objetivo de Sérgio Conceição, até ao fecho do mercado, será o de segurar o onze titular, e sofrer o menor abalo possível nas segundas linhas, aspeto que, à partida, poderá colocar o FC Porto em desvantagem em relação aos seus dois diretos contendores na luta pelo título. O que até pode ganhar mais peso caso surjam castigos e lesões em unidades preponderantes.

1.ª jornada: Estoril (C, 4-0) – 1x4x4x2 – Iker Casillas – Ricardo Pereira, Felipe, Marcano, Alex Telles – Corona, Danilo Pereira, Óliver Torres, Brahimi – Tiquinho Soares, Aboubakar

sporting

epa

Jorge Jesus inicia o seu terceiro exercício como treinador do Sporting sem margem de erro. Depois de na primeira temporada ter garantido o triunfo na Supertaça (derrotando o Benfica no Algarve) e um vice-campeonato com o impressionante registo pontual de 86 pontos, mais quatro do que obteve o campeão Benfica na época passada, apresentando o futebol mais atrativo da competição, o Sporting, em 2016/17, realizou um trajeto absolutamente dececionante, ficando, em janeiro, arredado da luta por todos os troféus. Se é certo que as saídas de João Mário e Slimani, próximas ao fecho do mercado, constituíram um rude golpe, Jesus teve carta branca para escolher reforços, mas o rendimento de Douglas, Petrovic, Melli, Elias, Markovic, André, Castaignos e Spalvis foi dececionante, e mesmo Alan Ruiz – que, mesmo num registo em câmara lenta, começou a crescer de rendimento na segunda metade do exercício – e Joel Campbell – decisivo, em alguns momentos, da primeira volta, mas com uma quebra de produção tremenda até se eclipsar – estiveram longe de apresentar um comportamento constante. Salvou-se o impressionante Bas Dost, melhor marcador do campeonato com 34 golos em 31 jogos, mostrando uma capacidade de finalização tremenda, nomeadamente na forma pungente como atacou o segundo poste, acompanhado por um soberano Gelson Martins, a aposta interna para assumir a sucessão de João Mário, de quem a equipa dependeu de forma extrema, ao ponto de perder uma das suas imagens de marca – a fluência na ligação através do jogo interior, a que não foi alheia a quebra de produção de Bryan Ruiz e Adrien em relação aos níveis exibidos em 2015/16, como também as tremendas indefinições sobre quem atuaria como segundo-avançado, posição por onde passaram 11 jogadores – e passar a inclinar-se à direita, de onde saiam momentos de magia ziguezagueante e cruzamentos milimétricos do menino descoberto nos juvenis do popular Fofó. Depois, foi notória uma menor reação à perda e uma menor capacidade para pressionar alto com qualidade, como também uma tremenda instabilidade no processo defensivo, com erros inabituais no momento de organização, nomeadamente na definição da última linha e no controlo da profundidade, algo atípico em equipas comandas por Jorge Jesus, um dos treinadores mais fortes a trabalhar esse momento à escala mundial, além de uma exposição excessiva no momento de transição. Se a longa lista de dispensas a meio do exercício passado, acompanhado pelo regresso de algumas pérolas formadas em Alchochete, fazia antever uma mudança profunda na política de aquisições, indo em desencontro ao ideário perfilhado pelo técnico, o arranque do novo exercício, com novo ataque contundente ao mercado, sempre em busca de jogadores com muita experiência, mostrou que o peso de Jesus na escolha do novo plantel continua a ser muito elevado. A aguardar pelo dia 31 de agosto, procurando evitar as saídas de William Carvalho, Gelson Martins, Adrien e Rui Patrício – ou pelo menos de três dos quatro jogadores –, Jesus viu o plantel reforçado em todos os setores, mas ainda aguarda pela chegada de um defesa-central e de uma unidade móvel de ataque para se robustecer para a luta pelo título nacional, a grande meta para a temporada vindoura. Para isso, não deve falhar o primeiro objetivo da época, a qualificação para a fase de grupos da Liga dos Campeões, onde se prepara para se digladiar com o acessível Steaua Bucareste, uma pérola num sorteio que o afastou de um pote que poderia obrigar a um transcendente duelo com Liverpool, Nápoles ou Sevilha. O guarda-redes francês Salin, contratado para substituir Beto e fazer escolta a Rui Patrício, os laterais-direitos Ristovski (macedónio, ex-Rijeka) e Piccini (italiano, ex-Bétis), os defesas-centrais Mathieu (francês, ex-Barcelona) e André Pinto (ex-Sporting de Braga), o lateral-esquerdo Fábio Coentrão (ex-Real Madrid), os médios-centro Battaglia (argentino, ex-Sporting de Braga), Bruno Fernandes (ex-Sampdoria) e Mattheus (ex-Estoril), o médio-ala-esquerdo Marcos Acuña (argentino, ex-Racing), e o avançado Doumbia (costa-marfinense, ex-Basileia, emprestado pela Roma) constituem a longa lista de reforços, onde também cabem os regressados Tobias Figueiredo, Jonathan Silva, Petrovic e Iuri Medeiros. Depois de várias experiências com uma organização estrutural em 1x3x4x2x1 na pré-temporada, que será, à partida, o plano secundário dos leões na abordagem ao novo exercício, Jesus regressou, no início da competição oficial, ao tradicional 1x4x4x2, onde Mathieu, Fábio Coentrão e Acuña – forte candidato a tornar-se protagonista, até pela capacidade que evidencia para invadir o espaço interior, acrescentando sagacidade tática, disponibilidade física, remate potente e fiabilidade na execução de lances de bola parada – são os reforços com titularidade garantida, aos quais se juntará um lateral-direito – os desempenhos inconstantes de Piccini conduziram à aquisição de Ristovski, enquanto o dispensado Schelloto aguarda colocação. Mas Bruno Fernandes, até pela sua enorme versatilidade que lhe garantiu a titularidade como (falso) segundo-avançado na jornada inaugural, e Battaglia, um “8” que Jesus parece querer transformar em “6”, também têm demonstrado argumentos para lutar por um lugar, enquanto Doumbia, carrasco dos leões no acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões’2015/16, parece condenado ao papel de alternativa a Bas Dost, o que poderá significar a afirmação do elétrico Podence – enquanto não chega mais um concorrente – como segundo-avançado.

1.ª jornada: Desp. Aves (F, 2-0) – 1x4x4x1x1 – Rui Patrício – Piccini, Coates, Mathieu, Fábio Coentrão – Gelson Martins, William Carvalho, Adrien Silva, Acuña – Bruno Fernandes – Bas Dost

VITÓRIA SC (GUIMARÃES)

lusa

Protagonista de um exercício distinto em 2016/17, concluído num reluzente 4.º lugar – a melhor classificação desde 2007/08, quando Manuel Cajuda conduziu os vimaranenses a um brilhante 3.º lugar final – com 62 pontos, o que permitiu igualar o recorde pontual do clube – alcançado por Quinito, na distante temporada de 1995/96 – desde que a vitória vale três pontos, e finalista vencido da Taça de Portugal, o Vitória parte para a nova temporada com a pressão tremenda de ser extremamente árduo superar – ou mesmo igualar – o feito. Algo que está na mente da sua apaixonadíssima e exigentíssima massa adepta. O ataque ao Castelo, bem visível nas partidas de Bruno Gaspar (Fiorentina), Marega e Hernâni (FC Porto), que se juntaram às saídas em janeiro de Tiquinho Soares (FC Porto) e João Pedro (LA Galaxy), retiram poderio ofensivo aos comandados de Pedro Martins, ou não fossem os responsáveis por 29 dos 50 golos apontados – devendo ainda juntar-se 19 assistências para finalizações vitoriosas – pelos conquistadores na campanha de ouro no pretérito campeonato. Garantir a continuidade de Miguel Silva, Josué, Pedro Henrique, Konan, Zungu, Hurtado e Raphinha, veloz e tecnicista extremo brasileiro candidato ao papel de protagonista em 2017/18, o que só se confirmará, em alguns casos, a 31 de agosto, é, ainda assim, um ótimo ponto de partida. Assim como a inteligência e argúcia com que o clube que tem sabido aproveitar o trabalho de sapa realizado pela equipa técnica comandada por Vítor Campelos na formação secundária, de onde chegam Sacko, Marcos Valente, João Vigário, Joseph Amoah, Kiko e Hélder Ferreira, jogadores que se destacaram na pré-época e que procuram uma oportunidade na equipa principal. A abordagem – até agora muito tímida – ao mercado asseverou o empréstimo de Francisco Ramos, médio-centro formado nas escolas do FC Porto que promete dar luta a Zungu, Rafael Miranda e Celis, e a contratação do promissor avançado colombiano Óscar Estupiñan, ex-Once Caldas, que fará concorrência a Rafael Martins, contundente no ataque à profundidade, e a David Texeira, avançado uruguaio que se sente mais confortável no papel de referência. Menos talhado para protagonizar um futebol elaborado, até pela forma como a equipa se parte em dois blocos, o Vitória, sob o comando de Pedro Martins, destaca-se pela tremenda agressividade colocada nas disputas de bola e pela contundência aplicada no momento de transição ofensiva, até pela facilidade com que coloca quatro/cinco jogadores nos últimos metros em ações de contra-ataque e ataque rápido. Assim, a aquisição de mais um ou dois extremos capazes de desequilibrar e com apetite pela baliza rival será determinante para manter a sua irrefreável vertigem. E um médio-ofensivo, capaz de ligar o jogo com qualidade, também seria, certamente, bem-vindo, até porque Martins parece não contar com o criativo Tozé.

1.ª jornada: Desp. Chaves (C, 3-2) – 1x4x4x1x1 – Miguel Silva – João Aurélio, Josué Sá, Pedro Henrique, João Vigário – Hélder Ferreira, Celis, Zungu, Raphinha – Hurtado – Oscar Estupiñan

SPORTING DE BRAGA

Recuperar o quarto lugar, entrando, se possível, na luta pelo terceiro, voltar a conquistar as Taças – a da Liga até terá, em janeiro de 2018, a fase final a ser disputada em Braga – e procurar a (re)afirmação no espaço europeu, começando por chegar à fase de grupos da Liga Europa, são as metas colocadas por António Salvador na abordagem à nova temporada. Depois de uma época dececionante, o presidente dos bracarenses colocou à disposição de Abel Ferreira um dos melhores planteis da história do emblema minhoto, que poderá ainda ser retocado até 31 de agosto. O jovem treinador dos guerreiros do Minho, protagonista de bons trabalhos nas equipas secundárias de Sporting de Braga e Sporting, não se esconde, patenteando um discurso ambicioso, fluído e, por vezes, com uma pitadinha de arrogância. Algo que trespassa para dentro do campo, com a aposta num 1x4x4x2 clássico, uma estrutura de clube grande que pretende ser impositivo. Contudo, um mês e meio depois do início da pré-temporada, percebe-se que a máquina ainda não está afinada, e os primeiros jogos oficiais do exercício levantam algumas dúvidas sobre a fiabilidade do processo defensivo, tanto no momento de organização como de transição, como também sobre a ligação entre setores em momento ofensivo. A indefinição sobre quem desempenha o papel de “seis” e de “oito” na dupla de médios-centro, assim como a inexistência de um “dez” ou de um “nove-e-meio”, conduz à dúvida de se não faz mais sentido abdicar de um dos avançados para reforçar o meio-campo com mais uma unidade que permita estabelecer conexões com fluência. As perdas de Battaglia, transferido para o Sporting, e de Pedro Santos, contratado pelo Columbus Crew, não causaram surpresa, e abriram portas a um ataque acérrimo ataque ao mercado, com mais-valias a juntarem-se a Rui Fonte, Wilson Eduardo, Vukcevic ou Hassan, jogadores de quem muito se espera em 2017/18. A lista de reforços é encabeçada pela aposta no tridente determinante para o apuramento europeu do Marítimo – Raúl Silva, Fransérgio e Dyego Sousa –, mas também é notória a sagacidade no aproveitamento das dispensas do Sporting, bem vincada nas aquisições dos laterais Ricardo Esgaio (a título definitivo) e Jefferson (por empréstimo). Depois, sublinha-se a forma como foi garantido o concurso de Ricardo Horta a título definitivo e a cedência do guardião André Moreira, para fazer face à lesão de Marafona, junto do Atlético de Madrid, além da aposta nos regressos do médio-ala Fábio Martins, protagonista de uma excelente temporada no Chaves, e do médio-defensivo Danilo, disposto a relançar a carreira após experiências pouco brilhantes no Valência, no Benfica e no Standard Liège. Mas é da equipa secundária que poderão chegar duas das grandes revelações da temporada, que, à partida, irão disputar o posto de médio-ala/extremo-direito, deixado vago com a saída de Pedro Santos: Xadas, um canhoto de técnica refinada, qualidade no passe e pungência no remate, e o explosivo e ziguezagueante Pedro Neto, outro canhoto, de apenas 17 anos, que se estreou pela equipa principal com um golo diante do Nacional. O defesa-central Lucas, internacional sub-20 brasileiro, o médio-centro Bruno Jordão, e o extremo sul-africano Luther Singh, já internacional A pelo seu País, deverão ser os meninos que seguem. Por resolver, um problema bem visível no eixo central da defesa. Se a titularidade de Raúl Silva, pelo que aporta defensiva e ofensivamente, parece indiscutível, é notória a indefinição sobre o seu parceiro. Com o pendular Ricardo Ferreira a ser perseguido por lesões nos últimos dois anos, o irregular Rosic e a incógnita Bruno Viana, que não convenceu totalmente na sua primeira experiência europeia ao serviço do Olympiacos, disputam a titularidade, mas a chegada de mais um reforço para o setor poderá ser determinante para oferecer mais consistência e abonar um salto qualitativo.

1.ª jornada: Benfica (F, 1-3) – 1x4x4x2 – Matheus – Ricardo Esgaio, Rosic, Raúl Slva, Jefferson – Xadas, Fransérgio, Vukcevic, Ricardo Horta – Rui Fonte, Hassan

MARÍTIMO

lusa

O primeiro objetivo para a nova temporada já foi alcançado: o apuramento para o playoff de acesso à fase de grupos da Liga Europa, depois de eliminar os búlgaros do Botev Plovdiv sem sofrer qualquer golo e marcando dois tentos em 180 minutos de competição. Só que o sorteio da próxima ronda foi pouco venturoso, e o Dínamo Kiev, uma fava caída das pré-eliminatórias das Liga dos Campeões, será um obstáculo duríssimo para os comandados de Daniel Ramos. Protagonista de uma recuperação espetacular sob o comando do treinador vila-condense, depois de um arranque totalmente em falso com o brasileiro Paulo César Gusmão ao leme, o Marítimo apresentou grande consistência no processo defensivo, fruto da aposta num bloco curto e extremamente compacto, e foi dilacerante na exploração de contra-ataques, de ataques rápidos e de lances de bola parada laterais, características gerais de um ideário cínico que será para manter. A organização estrutural deverá continuar a variar entre o 1x4x4x1x1, o 1x4x1x4x1 e o 1x4x2x3x1, apesar de Ramos ter experimentado, em diversos jogos da pré-temporada, o 1x4x4x2 clássico, com duas unidades na frente do ataque, que terá reprovado nos testes. No entanto, é importante não olvidar que os verde-rubros perderam grande parte do seu onze-base, o que obrigará a um trabalho de reedificação do plantel que ainda não está concluído, sendo já público o interesse em jogadores – como André Horta, João Carvalho ou Diogo Gonçalves – que possam não ficar no plantel principal do Benfica, de forma a que o Marítimo se mantenha na corrida pelos lugares europeus. As saídas de Raúl Silva, Fransérgio e Dyego Sousa, unidades cruciais no magnífico desempenho em 2016/17, que partiram para o Sporting de Braga, de Maurício, central silente de eficácia tremenda que rumou aos japoneses do Urawa Reds, e de Patrick, lateral-direito emprestado pelo Benfica ao Vitória de Setúbal, além de Alex Soares (Omonia) e Xavier (Paços de Ferreira), jogadores que não sendo titulares indiscutíveis eram soluções muitas vezes lançadas por Daniel Ramos no decurso das partidas, devastaram o preeminente eixo central da equipa madeirense. O único resistente é o superlativo comandante Erdem Sen, um dos melhores médios-defensivos do campeonato, ao qual se junta o versátil Éber Bessa, capaz de se desdobrar nas funções de médio-centro, médio-interior, médio-ofensivo ou segundo-avançado. A abordagem ao mercado, tal como tem vindo a ser habitual, alterna a aposta em jogadores com experiência na I Liga, como são o caso de Ricardo Valente, Fábio Pacheco, Rodrigo Pinho, Gamboa e Piqueti, que surgem, sem grande surpresa, entre as opções principais na abordagem ao novo exercício, e um ataque cerrado a jogadores brasileiros que buscam a afirmação no futebol europeu, cuja mais-valia constitui uma incógnita. Se o lateral-direito Bebeto, oriundo do modesto Moto Clube e com um largo trajeto nas divisões inferiores, e o defesa-central canhoto Pablo Santos, habitual suplente no Paysandu, tiveram direito, mesmo sem deslumbrarem, a entrada direta na equipa titular, o médio-defensivo Fabrício Baiano, pouco utilizado no Cortiba, o médio-ala/segundo-avançado Ibson, que se destacou, em 2016/17, nos cipriotas do Ermis, e o versátil atacante Everton, que esteve no último ano no Bahrain, ainda tiveram poucas ou nenhumas hipóteses de mostrar o que podem ofertar à equipa. A este grupo junta-se o avançado sueco Lundberg, presença habitual, ao longo das últimas quatro temporadas, no ataque dos dinamarqueses do Randers, depois de ter sido internacional pelo seu País em todos os escalões entre os sub-15 e os sub-21.

1.ª jornada: Paços de Ferreira (C, 1-0) – 1x4x4x1x1 – Charles – Bebeto, Zainadine, Pablo, Luís Martins – Edgar Costa, Gamboa, Erdem Sem, Ricardo Valente – Éber Bessa – Rodrigo Pinho

rio ave

lusa

A busca incessante e o transcendental encontro com o futebol poema foi a marca de água do Rio Ave em 2016/17. Capucho, que orientou a equipa até à 10.ª jornada, prometeu muito – impôs ao Sporting a primeira derrota a nível interno (3-1) –, mas as arduidades em oferecer consistência ao processo defensivo ditaram uma série de maus resultados que lhe custaram o lugar. Com Luís Castro, os vila-condenses habitaram num amor permanente com o bom futebol, que começou a desenhar-se numa maior solidez defensiva. A contradição é apenas aparente, porque a premissa é sempre ofensiva: é que nenhuma equipa que não tenha conforto defensivo consegue atacar bem, e não há nada pior e mais volúvel do que avançar no terreno duvidando daquilo que pode ocorrer nas costas. O 7.º lugar final, a apenas um ponto do Marítimo, não permitiu repetir a qualificação europeia, mas desde que Castro assumiu o comando da caravela apenas Benfica, FC Porto, Sporting e Vitória SC somaram mais pontos, adindo qualidade de jogo, suportada no desenvolvimento dos processos da equipa e da qualidade dos jogadores dentro do contexto coletivo. A escolha do sucessor demorou, mas a aposta no estreante Miguel Cardoso – com um trabalho distinto como número dois de equipas técnicas comandadas por Domingos Paciência e Paulo Fonseca, e vencedor de uma Youth League como responsável máximo pelo futebol de formação do Shakhtar – mostra que há uma ideia que é para manter: a paixão pelo bom futebol, por uma ideia dominadora – independentemente de jogar em casa ou fora –, e pela assunção de riscos, como sair a jogar curto a partir da primeira fase de construção. É certo que as saídas de Krovinovic, Gil Dias, Petrovic, Roderick, Rafa Soares e Héldon são perdas extremamente relevantes, mas a abordagem ao mercado foi perspicaz. Garantir o empréstimo de Francisco Geraldes, um médio que namora incessantemente com a poesia a cada toque que dá na redondinha, associando-o ao virtuosismo infindável de Rúben Ribeiro, é uma promessa permanente de bom futebol. Espera-se a explosão definitiva do extremo Nuno Santos, contratado ao Benfica, e os golos do grego Karamanos (o novo concorrente de Guedes), assim como a perceção de como os sul-americanos Barreto, Gabriel(zinho) – a aquisição mais cara de sempre do Rio Ave – e Marcão – o sucessor de Roderick, que rumou ao Wolverhampton de Nuno Espírito Santo – se irão adaptar a uma realidade competitiva bem mais exigente da que estão habituados.

1.ª jornada: Belenenses (C, 1-0) – 1x4x2x3x1 – Cássio – Lionn, Marcelo, Marcão, Yuri Ribeiro – Tarantini, Pelé – Barreto, Francisco Geraldes, Rúben Ribeiro – Guedes

feirense

lusa

Quando Nuno Manta Santos assumiu, à 15.ª jornada, o comando técnico interino do Feirense, a equipa de Santa Maria da Feira assumia-se como uma das principais candidatas à descida. Seguir-se-iam 11 vitórias e 4 empates em 20 jogos, perfazendo a conquista de 37 pontos, números que catapultaram os azuis para um notável 8.º lugar, afiançando com refulgência a primeira manutenção da sua história no escalão principal. Manta Santos, com o forte apoio do plantel, afirmou-se como treinador principal sem nunca perder uma extraordinária simplicidade, mesmo depois de substituir os óculos garrafais, o cabelo desgrenhado e o fato de treino pelas lentes de contacto, o cabelo com gel, e o fato com gravata em diferentes tons de azul. Na base do sucesso, a consistência do processo defensivo, expondo-se muito pouco nos momentos de organização e de transição, e a contundência aplicada no contragolpe. Repetir o desempenho brilhante da segunda volta do exercício anterior, onde se incluem um triunfo caseiro ao Sporting e um empate diante do FC Porto no Dragão, é uma tarefa hercúlea, sobretudo num clube que deverá apontar azimutes apenas para a manutenção. É que a perda do guarda-redes Vaná (FC Porto), do lateral-esquerdo Vítor Bruno (Boavista), do extremo/avançado Platiny (Chaves) e do avançado-centro Karamanos (Rio Ave via Olympiacos) constituem baixas de vulto, e encontrar sucessores à altura tem sido um desafio complexo. Por isso, Manta Santos, na jornada inaugural, teve que estrear Caio Secco, com apenas uma semana de treinos, como guarda-redes (o único da convocatória, depois da dispensa de Murilo Prates, contratado no defeso ao Oeste), como também adaptou o incansável Barge ao posto de lateral-esquerdo, preterindo Kiki e Kakuba, e apostou em Etebo no papel de falsa referência ofensiva, já que falta experiência europeia a Luís Henrique (lançado na primeira equipa do Botafogo com 17 anos), a “Trencito” Valencia – filho do antigo internacional colombiano Adolfo “El Tren” Valencia – e Ermel, trio de reforços oriundos da América do Sul. A necessidade de fazer acertos até ao fecho do mercado é premente, e foi sempre surpresa que o lateral-esquerdo Tiago Gomes, internacional português oriundo do Apollon Limassol, e o criativo Amr Warda, talentoso internacional egípcio que passou por PAOK e Pantelotikos, foram apresentados, durante esta semana, como reforços.

1.ª jornada: Tondela (C, 1-1) – 1x4x2x3x1 – Caio Secco – Jean Sony, Flávio, Luís Rocha, Barge – Cris, Babanco – Luís Aurélio, Tiago Silva, Hugo Seco – Etebo

boavista

lusa

Miguel Leal chegou ao Boavista, em outubro de 2016, com o objetivo afastar os axadrezados da zona de descida. Fê-lo, como já mostrara em duas temporadas ao serviço do Moreirense, com grande distinção e sempre assente num trabalho silente. Primeiro, reforçou habilmente a consistência do processo defensivo, melhorando de forma substancial os momentos de organização e de transição (além de acertar em cheio na aquisição do guarda-redes Vagner, que permanecerá no Bessa), e paulatinamente foi tornando a equipa mais contundente no contragolpe e com melhores ideias em ataque posicional. O reflexo foi um sereno 9.º lugar, a melhor classificação dos portuenses desde o regresso à divisão maior, conseguindo “acordar a pantera”, imagem a que recorreu vezes infindas. Pedir-lhe, de momento, para fazer igual ou melhor do que no exercício anterior é manifestamente excessivo, daí o recurso a um discurso ponderado que visa, como objetivo primordial, alcançar a manutenção. Mas não será surpreendente que, sob o seu comando, a equipa vá crescendo com o decurso da temporada, esperando-se pela explosão de jogadores como o extremo Renato Santos – exímio nos cruzamentos –, o médio-ofensivo Rochinha – tecnicista formado nas escolas de Benfica, Boavista e FC Porto – e do médio-centro Carraça. No entanto, o regresso de Iuri Medeiros, claramente a unidade capaz de produzir mais desequilíbrios, a Alvalade, as perdas do equilibrador Anderson Carvalho (FK Tosno) e da falsa referência ofensiva Schembri (Apollon), e a necessidade de refazer o eixo central da defesa, face às partidas de Philipe Sampaio (FC Akhmat) e Lucas (Liga de Quito), obrigam a um trabalho espinhoso de reconstrução. Se é certo que Vítor Bruno – lateral-esquerdo extremamente consistente e com ótimos atributos nas bolas paradas – e o angolano Mateus – de regresso, nove anos depois, ao Bessa, depois de um exercício pouco constante no Arouca – podem oferecer uma ótima dinâmica no corredor esquerdo, a reformulação da zona central do setor defensivo deixa ainda algumas dúvidas, já que passa por estreantes no campeonato português: Raphael Rossi (ex-Swindon Town), Sparagna (ex-Auxerre) e Róbson (ex-Esteghlal). Depois, no ataque, as dúvidas se Leonardo Ruiz, avançado associativo emprestado pelo Sporting, Ricardo Clarke, panamiano oriundo dos venezuelanos do Zamora, e Yusupha Njie, gambiano oriundo dos marroquinos do FUS Rabat, irão garantir golos, algo que o tanque peruano Bulos, apesar da impressionante corpulência e agressividade, não foi capaz de abonar – apenas 2 em 12 jogos – durante a segunda volta da época precedente.

1.ª jornada: Portimonense (F, 1-2) – 1x4x1x4x1 – Vagner – Tiago Mesquita, Henrique, Robson, Vítor Bruno – Idris – Renato Santos, Rochinha, Fábio Espinho, Mateus – Leonardo Ruiz

Estoril

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Quando, em março de 2017, Pedro Emanuel assumiu o comando técnico do Estoril, pegou numa equipa totalmente abúlica e desacreditada, a afundar-se perigosamente na tabela classificativa (apenas 4 pontos acima da linha de água), fruto do paupérrimo trabalho do espanhol Pedro Gómez Carmona, bem patente em 8 derrotas – e apenas 1 triunfo – em 11 jogos, que arrogara, em dezembro de 2016, a sucessão de Fabiano Soares. Em apenas dois meses, o treinador que conduziu a Académica à vitória na Taça de Portugal’2011/12 foi capaz de metamorfosear os cacos de um conjunto partido numa das ideias de jogo mais arrojadas do campeonato, voltando a colocar os canarinhos a jogar olhos nos olhos com qualquer adversário, o que não se via desde a saída de Marco Silva do conjunto da Linha. Por isso, em 10 jogos somou 18 pontos, fruto de 5 vitórias e 3 empates, juntando uma exibição de gala na Luz, na segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal, concluída com um empate a três bolas. As expetativas em relação ao novo exercício são muito elevadas, e o bom futebol – acompanhado por bons resultados – exibido durante a pré-época confirmam-no. Contudo, importa perceber que Pedro Emanuel perdeu grande parte da sua estrutura titular, o que o obriga a um enérgico trabalho de reconstrução que poderá necessitar de alguns acertos até ao fecho do mercado. O eficaz eixo central da defesa, formado pelo desengonçado Dankler (Lens) e pelo glaciar João Afonso (Córdoba), rumou a novas paragens, assim como o incisivo lateral-esquerdo Ailton (Estugarda), depois de um longo namoro com o Benfica não ter terminado em casamento. Na zona central do terreno, a dupla de médios de contenção titular também partiu – o canhoto Mattheus, filho do antigo internacional brasileiro Bebeto, rumou ao Sporting, enquanto o pendular Diogo Amado saiu para o Al-Gharafa – e nem a principal alternativa, o laborioso Afonso Taira, permanecerá, já que reforçou os israelitas do Kiryat Shmona. No ataque, registam-se as perdas dos emprestados Licá (Nottingham Forest) e Bruno Gomes (Internacional Porto Alegre), outro jogador que entrou no radar dos grandes. A manutenção do goleador Kléber, uma pérola para um conjunto que não assume ambições europeias, é fulcral, assim como certificar a continuidade de Carlinhos, um médio-ofensivo com mercado, mas que mesmo num registo extremamente pausado garante assistências de veludo. Entre os reforços, Lucas Evangelista, médio-centro brasileiro com passagens por Udinese, Panathinaikos e São Paulo, é, até ver, o nome mais sonante, ainda que Jorman Aguilar, internacional A pelo Panamá recrutado ao Olhanense, possa assumir-se como uma agradável surpresa. No entanto, os jogadores de quem se espera um salto qualitativo que permita ao Estoril fixar-se na metade cimeira da classificação e manter uma proposta de jogo arrojada já estavam na Amoreira: Eduardo, médio-centro cerebral projetado pelo Fluminense; Allano, extremo canhoto, com passagens pelo Cruzeiro e Botafogo, especialista a buscar diagonais a partir do corredor direito; Matheus Índio, unidade móvel de ataque formada no Vasco da Gama; e André Claro, (falso-)extremo ou segundo-avançado, concebido nas escolas do FC Porto, que se reencontrou com Pedro Emanuel, o treinador que o lançou no escalão principal.

1.ª jornada: FC Porto (F, 0-4) – 1x4x4x1x1 – Moreira – Mano, Pedro Monteiro, Gonçalo Brandão, Joel – Allano, Eduardo, Lucas Evangelista, André Claro – Carlinhos – Kléber

DESPORTIVO DE CHAVES

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Pode o treinador ser o principal reforço de uma equipa? Pode. É o que acontece com a chegada de Luís Castro ao Desportivo de Chaves, um técnico cujas equipas têm uma identidade perfeitamente definida, valorizando a qualidade de jogo em detrimento da obsessão por vencer a todo o custo. Porque é possível acreditar que o futebol de qualidade, suportado num elevado caudal ofensivo – onde a posse e o seu sentido são consequência lógica da ideia de jogo – que permita chegar mais vezes e de forma fluente a zonas de finalização, é o caminho para estar mais próximo do triunfo. Mesmo quando se perde ou empata. O objetivo principal passará por criar e desenvolver essa identidade, um jogar à Chaves, para depois procurar melhorar o 11.º lugar de 2016/17, atacando, se possível, um lugar na metade cimeira da classificação. A alteração da organização estrutural do 4x4x2/4x4x1x1 para o 4x1x4x1/4x3x3 permitirá à equipa ter mais bola, assumindo uma saída apoiada desde a primeira fase de construção, o que acarretará mais riscos, como também mais deleite. Com um plantel amplamente reformulado, necessidade que se começou a desenhar em janeiro, quando o estatuto de equipa revelação, sob o comando de Jorge Simão, conduziu a um conjunto de saídas relevantes (Battaglia, Assis, Freire e Paulinho), às quais se juntam as perdas no defeso de Ponck, Nelson Lenho, Fábio Martins, Braga e Rafael Lopes, percebe-se a preocupação de Luís Castro em ter à disposição médios capazes de tratar bem a bola, como são Renan Bressan, Pedro Tiba, João Patrão ou Thiago Galvão, brasileiro que se destacou nos sérvios do Borac Cacak, suportados por dois equilibradores que disputarão o papel de médio de contenção: Jefferson, antigo jogador de Ribeirão, Santa Clara, Leixões e Feirense, que nos dois últimos exercícios foi titular dos croatas do Hajduk Split, e Filipe Melo, desviado ao Paços de Ferreira, após passagem pouco feliz pelo Sheffield Wednesday. Depois, destaca-se a presença de extremos velozes, desequilibradores e sagazes na exploração de diagonais, como são Matheus Pereira, num ano crucial para a sua afirmação futura no Sporting, Jorginho, antigo júnior do Manchester City cujas prestações brilhantes no Arouca levaram o Saint-Étienne a afiançar a sua aquisição, e o driblador ziguezagueante Hamdou Elhouni, internacional líbio contratualmente ligado ao Benfica, todos candidatos a protagonistas na nova temporada, que deverão atirar Platiny, Davidson e Perdigão para um plano secundário, no apoio à possante referência ofensiva William, que terá no colombiano William Jordán, contratado ao CSKA Sófia, a principal alternativa. No setor defensivo, a incorporação de Domingos Duarte, emprestado pelo Sporting, garantirá o parceiro para Nuno André Coelho, enquanto as laterais foram reforçadas com dois jogadores capazes de oferecer largura e atacar com veemência a profundidade: Paulinho, de regresso após experiência negativa no Sporting de Braga, e Rúben Ferreira, que perdeu espaço em Guimarães, depois de um bom trajeto ao serviço do Marítimo, com a afirmação de Konan. Por perceber está a utilidade do trio de jogadores oriundo do futebol brasileiro: o defesa-central Anderson Conceição, o lateral-esquerdo Furlan, e o médio-defensivo Foguinho.

1.ª jornada: Vitória Guimarães (F, 2-3) – 1x4x1x4x1 – Ricardo – Paulinho, Domingos Duarte, Nuno André Coelho, Rúben Ferreira – Jefferson – Matheus Pereira, Renan Bressan, Pedro Tiba, Davidson – William

VITÓRIA FC (SETÚBAL)

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O regresso a Setúbal do multifacetado José Couceiro, no verão passado, foi uma aposta ganha. Em tempos de vacas magras para os lados do Bonfim, Couceiro manifestou grande astúcia a perceber que os empréstimos – e algumas cedências definitivas com cláusula de recompra – junto de Benfica, Sporting e FC Porto seriam a chave para construir um plantel equilibrado e competitivo. O que aconteceu, já que Bruno Varela, Fábio Cardoso, Nuno Santos, João Carvalho (reforço de janeiro), Mikel, Zé Manuel, André Geraldes e Ryan Gauld – os dois últimos oriundos do Sporting, que os fez regressar a casa em janeiro – foram elementos determinantes ao longo do exercício. Por isso mesmo, nenhum deles permanece no plantel para 2017/18, o que atesta a capacidade de Couceiro para valorizar jogadores. Protagonista de dois primeiros terços de competição muito positivos, que garantiram precocemente a manutenção e chegaram a alimentar a perspetiva da luta por um lugar europeu (roubou 5 pontos a Benfica e 4 pontos a FC Porto, adversários frente aos quais não perdeu), a pouco expetável quebra final – 5 derrotas e 1 empate nas últimas 7 jornadas – atirou os sadinos para a metade baixa da classificação. A fórmula de continuar a apostar em jogadores com ligações a Benfica e FC Porto mantém-se, atestada na presença no plantel de Luís Felipe, César, Patrick, João Teixeira, Willyan, Tomás Podstawski e Gonçalo Paciência. Contudo, apesar de caucionar a continuidade de unidades nucleares, como Costinha e João Amaral, descobertos no Campeonato de Portugal, de onde chegam o virtuoso Rafinha e o veloz Allef, o plantel parece ter menos qualidade do que o anterior. Nada que impeça o Vitória de apresentar um onze muito competitivo, capaz de garantir um campeonato tranquilo, para o qual será determinante a afirmação definitiva de João Teixeira – médio-interior que se destacou na formação secundária do Benfica, mas que não vingou no Vitória de Guimarães, no Wolverhampton e no Nottingham Forest –, de Gonçalo Paciência – de quem se esperam golos, apesar da forte concorrência de Edinho, após passagens intermitentes por Académica, Olympiacos e Rio Ave – e Tomás Podstawski – um médio-defensivo, campeão da II Liga pelo FC Porto B em 2015/16, que passou grande parte da última época lesionado.

1.ª jornada: Moreirense (C, 1-1) – 1x4x1x4x1 – Pedro Trigueira – Arnold, Frederico Venâncio, Vasco Fernandes, Nuno Pinto – Tomás Podstawski – João Amaral, João Teixeira, Costinha, Willyan – Edinho

PAÇOS DE FERREIRA

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Em Paços de Ferreira, cidade que o viu nascer, todos o tratam por Vasquinho. Vasco Seabra, de 33 anos, que se deu a conhecer como treinador dos juniores dos pacenses, onde catapultou Diogo Jota, André Leal e Barnes Osei para o patamar sénior, é o técnico mais jovem da I Liga. No comando técnico da equipa principal dos castores desde dezembro de 2016, depois de ter sido adjunto de Carlos Pinto, garantiu, sem grandes sobressaltos, a permanência no escalão principal, ainda que o 13.º lugar final tenha sabido a pouco. No entanto, mostrou fidelidade a um ideário de controlo e de organização, mesmo que também capaz de ferir o adversário com pungência através de ataques rápidos e contra-ataques, apresentando uma equipa capaz de tratar bem a bola e de fazer um jogo positivo em todos os campos, não se inibindo de assumir uma construção curta desde a primeira fase. Alcançar um patamar classificativo melhor do que no exercício anterior, entrando, tal como aconteceu em 2014/15 e 2015/16, na primeira metade da classificação, é o objetivo para o 13.º exercício consecutivo dos pacenses no escalão principal. A aposta na continuidade, apesar das saídas de Gegé (Al-Feiha), Filipe Melo (Chaves), Ivo Rodrigues (Antuérpia) ou Ricardo Valente (Marítimo), é clara, esperando-se que Pedrinho, André Leal, Vasco Rocha, Diogo Medeiros ou Marco Baixinho venham a assumir protagonismo, e houve uma escolha criteriosa de reforços, onde se destacam os regressos do médio-defensivo André Leão, depois de três temporadas no Valladolid, e do avançado-centro Bruno Moreira, que atuou no último exercício na Tailândia, como também as apostas no médio-ala Xavier (ex-Marítimo) e no médio-centro Gian (União da Madeira), jogadores com experiência de I Liga. A grande dúvida prende-se com a continuidade de Whelton, uma das grandes figuras da temporada passada. O avançado brasileiro, que somou 16 golos e 6 assistências em 33 jogos oficiais em 2016/17, tem propostas para sair, e os castores podem perder o seu jogador mais desequilibrador e pungente no assalto à baliza rival. E apesar de Bruno Moreira ter uma boa relação com o golo, não possui a mobilidade, a ferocidade e a criatividade de Whelton para atacar a profundidade.

1.ª jornada: Marítimo (F, 0-1) – 1x4x4x1x1 – Mário Felgueiras – Bruno Santos, Ricardo, Marco Baixinho, Filipe Ferreira – Xavier, André Leão, Vasco Rocha, Diego Medeiros – Pedrinho – Bruno Moreira

belenenses

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Quando Domingos Paciência aceitou assumir, em abril de 2017, o comando técnico do Belenenses, o clube já estava numa clara espiral descendente, mas (praticamente) a salvo de uma catastrófica descida de divisão. O que se confirmou. Após experiências fracassadas no APOEL, Vitória de Setúbal, Kayserispor, Deportivo e Sporting, o treinador que conduziu o Sporting de Braga a um vice-campeonato nacional e à final da Liga Europa não conseguiu inverter o ciclo negativo – 1 vitória, 1 empate e 3 derrotas em 5 jogos –, mas afiançou um triunfo histórico sobre o Sporting em Alvalade (3-1), onde o Belenenses não vencia há 62 anos. Podia ser esse o clique para uma viragem num clube histórico que conseguiu apurar-se para a Liga Europa em 2014/15, mas as primeiras imagens do novo exercício, onde Domingos procedeu a uma remodelação profunda do plantel, ao mesclar experiência com muita juventude, deixam muitas incógnitas. Tudo começou numa surpreendente derrota no Restelo, em jogo a contar para a Taça da Liga, diante do Real Massamá (0-1), a que se seguiu novo desaire em Vila do Conde, ante o Rio Ave (0-1), na estreia para o campeonato, num jogo marcado por uma surpreendente alteração do ponto de vista da organização estrutural – com a passagem do 1x4x2x3x1 para o 1x3x4x2x1 – e pelas poucas ideias exibidas, tanto a nível defensivo como ofensivo, o que faz elevar a pressão para as próximas jornadas, onde haverá uma receção ao europeu Marítimo e uma deslocação à Luz. Com reforços ainda a chegar, como o lateral-direito André Geraldes, cedido pelo Sporting, e o veloz extremo Roni, destaque nos turcos do Adanaspor e vinculado ao São Paulo, que prometem elevar a qualidade do grupo, o regresso a uma estrutura com 4 defesas deverá ser uma realidade. Para se livrar de grandes sobressaltos, privilegiar o cérebro, perfil em que encaixam o promissor médio-ofensivo Filipe Chaby, o melhor jogador português da II Liga em 2016/17, ou o versátil Pereirinha, de regresso a Portugal após passagens por Atlético Paranaense e Lazio, em detrimento do músculo, e não deixar cair algumas das unidades mais influentes, como são o caso de Miguel Rosa, André Sousa e Florent Hanin, já que João Diogo rumou ao futebol romeno, parece ser o caminho mais indicado a seguir. Até porque permitirá chegar com mais qualidade a zonas de definição, onde o possante Maurides, já mais adaptado ao futebol europeu, tem mais poder de fogo do que Jesús Hernández, venezuelano que apontou 9 golos em 17 jogos pelo Deportivo Lara em 2017, e Juanto Ortuño.

1.ª jornada: Rio Ave (F, 0-1) – 1x3x4x2x1 – Muriel – Gonçalo Silva, Sasso, Nuno Tomás – Diogo Viana, Tandjigora, Ahman Persson, Florent Hanin – Juanto Ortuño, André Sousa – Jesús Hernández

MOREIRENSE

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Manuel Machado, o técnico que guiou o Moreirense pela primeira vez à divisão maior (campeão da II Liga em 2001/02), e à melhor classificação de sempre (9.º lugar em 2003/04), regressa, treze anos depois, à casa de partida, depois de uma época marcada pelo despedimento de Nacional e de Arouca, equipas que desceram ao escalão secundário. Algo anómalo na carreira do Professor, no exercício em que suplantou a fasquia dos 400 jogos na Liga, um verdadeiro camaleão tático capaz de arrebatar um quarto lugar (Nacional, em 2008/09) e por quatro vezes a quinta posição na classificação final (duas pelo Nacional; duas pelo Vitória de Guimarães). A manutenção é o principal objetivo dos cónegos, que abordam a temporada como detentores da Taça da Liga (já eliminaram o Desportivo das Aves na 2.ª fase da competição, o que lhes garante a presença na fase de grupos), um guião que se repete em relação a todas as épocas (7) em que disputou a competição. Em seis delas – duas com Manuel Machado –, com maior ou menor sofrimento, alcançou o desiderato. Na abordagem ao novo exercício, é óbvia a necessidade de promover uma reformulação profunda do plantel, que começou a ser depauperado, no final de janeiro, com o regresso ao Sporting de Geraldes e de Podence, grandes protagonistas da primeira metade do exercício, a que se seguiram, já no defeso, as partidas de Diego Galo (Aves), Rebocho (Guingamp), Cauê (Omiya Ardija), Nildo (Aves), Roberto (Salernitana), Fernando Alexandre (Académica), Alex (Salertina) ou Sougou, o que constituiu um duro rombo na espinha dorsal da equipa. Garantir a continuidade do guardião Makaridze, determinante na manutenção e na conquista da Taça da Liga, e do avançado Boateng, autor de 10 golos e 9 assistências em 33 jogos oficiais em 2016/17, jogadores que poderão sair até 31 de agosto, pode ser um bom ponto de partida. Em relação a reforços, a prospeção nas divisões inferiores foi forte, com Koffi Kouao, Rúben Lima e Alfa Semedo a aproveitarem a oportunidade para começarem o exercício como titulares, juntando-se aquisições nos mercados sul-americano – de onde chegaram o criterioso médio-centro-ofensivo Rafael Costa, uma das figuras do arranque de temporada, o guardião Jhonatan e o médio-centro Bruno Ramires – e africano, com os internacionais Mohamed Aberhoune (marroquino) e Hichem Belkaroui (argelino) a reforçarem o eixo central da defesa. Depois, alguma expetativa em relação ao regresso do veloz Arsénio, versátil extremo que se destacou no campeonato búlgaro ao serviço de CSKA Sófia e Litex Lovech, e na adaptação ao futebol português da promessa venezuelana Ronaldo Peña, após uma passagem muito instável pelo Las Palmas. No entanto, parece evidente necessidade, até porque os extremos Dramé e Ença Fati enfrentam lesões de longa duração, de fazer mais algumas aquisições até ao fecho do mercado.

1.ª jornada: Vitória Setúbal (F, 1-1) – 1x4x2x3x1 – Jhonatan – Koffi Kouao, Mohamed Aberhoune, André Micael, Rúben Lima – Bruno Ramires, Alfa Semedo Arsénio, Rafael Costa, Ença Fati – Boateng

tondela

lusa

Depois do milagre rubricado por Petit, capaz de somar 17 pontos nas últimas 8 jornadas em 2015/16, Pepa, contrariando todas as expectativas, somou 15 pontos nas derradeiras 6 partidas em 2016/17, caucionando, sobre a linha de meta, uma manutenção que chegou a parecer impossível. A terceira época consecutiva do Tondela no escalão principal tem apenas uma meta: a manutenção. Assegurando-a, se possível, com bem menos inquietações do que nos exercícios anteriores. Para isso, Pepa conseguiu asseverar a continuidade de grande parte do esqueleto a que se agarrou na fase decisiva da pretérita temporada, em que se destacam o guarda-redes Cláudio Ramos, o tridente de médios formado por Pedro Nuno (capaz de oferecer mais qualidade à ligação entre a criação e a finalização), Claude Gonçalves e Hélder Tavares, e o tridente de extremos formado por Wagner, Miguel Cardoso e Murilo. As exceções foram as perdas do resolutivo Jhon Murillo, extremo venezuelano que o Benfica emprestou aos turcos do Kasimpasa, e de Jailson, lateral-direito brasileiro que rumou aos cipriotas do Omonia. Entre os reforços, o principal destaque prende-se com a aquisição do internacional Ricardo Costa, antigo defesa-central do FC Porto que venceu a Taça UEFA e a Liga dos Campeões, com passagens posteriores por Wolfsburgo, Lille, Valencia, PAOK, Granada e Lucerna, que irá assumir o papel de líder do setor defensivo. À aposta em jogadores com experiência de I Liga, como são os casos de Joãozinho e de Tomané, juntam-se promessas como o extremo neozelandês Tyler Boyd, emprestado pelo Vitória de Guimarães, e pelo médio-centro Jota, cedido pelo Sporting de Braga, que são candidatos a revelação. As maiores dúvidas prendem-se com as apostas no mercado internacional, de onde chegaram o franco-marroquino Fahd Moufi, lateral-direito formado nas escolas do Lyon que mostrou qualidades no Sedan (terceiro escalão do futebol francês), o defesa-central australiano Nick Ansell, oriundo do Melbourne Victory e com experiência na Liga dos Campeões asiáticos, o possante médio-defensivo camaronês Tembeng, descoberto nos argelinos do ES Sétif e sem experiência no futebol europeu, e do internacional polaco Zachara, um avançado que se destacou, entre 2013 e 2014, no Gornik Zabrze, mas que foi protagonista de uma época pouco consistente no Wisla Cracóvia, depois de uma passagem sem grande fulgor pelo futebol chinês ao serviço do Henan Jianye.

1.ª jornada: Feirense (F, 1-1) – 1x4x2x3x1 – Cláudio Ramos – David Bruno, Yordan Osorio, Ricardo Costa, Pité – Claude Gonçalves, Hélder Tavares – Tyler Boyd, Pedro Nuno, Murilo – Heliardo

PORTIMONENSe

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Nove anos depois, período em que afiançou 5 – todas consecutivas – das suas 10 subidas ao escalão principal, Vítor Oliveira está de regresso à Liga. Depois de certificar a ascensão do Portimonense, na sequência de uma campanha extraordinária em que se manteve 42 jornadas em zona de subida (e 38 como líder), o senhor de Matosinhos, com alguma surpresa, aceitou renovar o seu vínculo contratual. Um alívio para 15 – excluem-se os das equipas B – dos 20 treinadores que iniciaram a temporada na II Liga. O apelo do coração, já que o Portimonense foi o grémio onde finalizou a carreira de jogador para iniciar a de treinador, terá sido forte, mas o objetivo de procurar algo mais do que a manutenção, solidificando um projeto extremamente interessante que devolve o Algarve ao mapa da divisão maior, terá sido o fator decisivo. Por isso mesmo, abonou a continuidade dos jogadores-chave que protagonizaram o brilhante trajeto de subida, recuperando o promissor ganês Lumor, lateral-esquerdo que atuou na segunda metade da época no Munique 1860, onde se destaca um tridente de criativos brasileiros que promete continuar a causar estragos ao serviço dos alvinegros: Paulinho, tecnicista canhoto com qualidades na construção, condução e finalização; Ewerton, médio-centro com ótimos argumentos no passe e no drible, mas também comprometido com o processo defensivo; e Fabrício, médio-ofensivo transformado em falso-nove, já que alia qualidade técnica e sagacidade no passe a um remate fácil com o pé direito. Ainda a procurar reforços para o plantel, onde é premente o reforço do setor ofensivo, robustecendo as alas e encontrando um concorrente para o veterano Pires na frente do ataque, para poder lutar por objetivos mais elevados do que a manutenção, o principal destaque entre as caras-novas é o defesa-central Rúben Fernandes, um regresso a casa após passagens bem-sucedidas por Sint-Truiden e Estoril, até porque o brasileiro Jadson, preponderante na subida ao constituir uma dupla coriácea com Lucas, está lesionado desde o início da pré-temporada.

1.ª jornada: Boavista (C, 2-1) – 1x4x1x4x1 – Ricardo Ferreira – Ricardo Pessoa, Lucas, Rúben Fernandes, Lumor – Pedro Sá – Wellington Carvalho, Ewerton, Paulinho, Bruno Tabata – Fabrício

desportivo das aves

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Pela quarta vez na divisão maior do futebol português, a primeira sem o mítico Professor Neca no comando técnico, o Desportivo das Aves procurará assegurar a manutenção, algo que não aconteceu nas três experiências anteriores. José Mota, o treinador que asseverou a promoção, depois de substituir, à 29.ª jornada, Ivo Vieira – que sucumbiu, mesmo estando em 2.º lugar, a uma série de 4 jogos sem ganhar (1 empate e 3 derrotas), – não continuou em funções, e o plantel sofreu uma verdadeira metamorfose. Algo que está bem patente em duas dezenas e meia de aquisições, a maior parte das quais com vasta experiência no escalão principal, o que implicou um forte investimento, e em duas dezenas de dispensas. Entre os poucos resistentes, destaque para a presença do veterano guardião Quim, que, aos 41 anos, regressa à Liga como sombra do brasileiro Adriano Facchini, e para Alexandre Guedes, um jovem avançado formado nas escolas do Sporting e internacional português em todos os escalões entre os sub-15 e os sub-20, que poderá ser uma das revelações do exercício, depois de ter apontado 26 golos em duas épocas na II Liga. Será Ricardo Soares, treinador com um trajeto ascensional no futebol indígena, e que deixou uma imagem positiva no Desportivo de Chaves, quem assumirá a tarefa hercúlea de transformar um leque vasto de jogadores de diferentes origens numa equipa competitiva. Para isso, formou um primeiro esqueleto do onze-base com o recurso a um quarteto de jogadores que orientou nos flavienses – Rodrigo, Ponck, Nelson Lenho e Braga –, adindo-lhes um tridente oriundo do despromovido Nacional – Adriano Facchini, Washington e Salvador Agra (extremo desequilibrador, talhado para a exploração de contragolpes, que chega por empréstimo do Benfica) – e um duo proveniente do Moreirense – Diego Galo e Nildo Petrolina. Todos jogadores com vasta experiência na I Liga. Entre os restantes reforços, os principais destaques são o avançado brasileiro Derley, antigo jogador de Benfica e Marítimo, que regressa a Portugal após passagens sem grande sucesso pelos mexicanos do Chiapas e pelos turcos do Kayserispor; o médio-centro Vítor Gomes, titular do Belenenses no último exercício, e com passagens anteriores por Rio Ave (clube onde se formou) e Moreirense; o supersónico extremo Amilton, destaque do Portimonense na primeira metade da época passada, o que levou os alemães do Munique 1860 a afiançarem a sua aquisição; e um duo que fulgiu no Estoril de Marco Silva: o defesa-central Yohan Tavares, oriundo dos tailandeses do Bangkok United, e o médio-defensivo Gonçalo Santos, que retorna ao nosso País depois de três temporadas no Dinamo Zagreb. Existe também expetativa para perceber o que poderão obsequiar aos avenses os jovens oriundos de Sporting e Benfica: o lateral-direito luso-guineense Mama Baldé, que fez grande parte da sua formação como ponta-de-lança; o médio-centro-ofensivo escocês Ryan Gauld, já sem o indesejável espectro de “Mini-Messi”, que deixou ótimas indicações ao serviço do Vitória de Setúbal na metade inicial do último campeonato; e o avançado móvel colombiano Cristián Arango, contratado pelo Benfica aos colombianos do Millonarios, depois de já ter passado pela formação secundária do Valencia.

1.ª jornada: Sporting (C, 0-2) – 1x4x4x1x1 – Adriano Facchini – Rodrigo, Carlos Ponck, Diego Galo, Nelson Lenho – Salvador Agra, Falcão, Washington, Nildo Petrolina – Braga – Alexandre Guedes

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