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Futebol nacional

Um jogo de futebol tem 90 minutos? Isso era noutros tempos

Um jogo de futebol tem 90 minutos? Isso era noutros tempos

Os jogos estão maiores e os golos em período de compensação dispararam (+251%) em relação à época anterior. Por que razão temos agora sempre jogos com mais de 100 minutos?

A nova ordem mundial foi estabelecida no Catar, no Campeonato do Mundo masculino. Além daquela aproximação a uns eternos ‘Jogos Sem Fronteiras’ da alegria no Souq Waqif, um mercado onde se viam locais a passear falcões nos braços e os povos misturados celebravam as feituras dos futebolistas, também o que se ia passando no relvado ganhava uma matéria duradoura. O derradeiro apito do árbitro afastou-se dos tradicio­nais 90 minutos do jogo de futebol. A partida inaugural do Grupo B, entre a Inglaterra e o Irão de Carlos Queiroz, cravou as unhas no livro dos recordes e assumiu-se como a mais longa da história do torneio no que toca a tempo de compensação: 29 minutos (15 na primeira parte, 14 na segunda). O exagero, ainda que só explique metade, deveu-se a uma lesão na cabeça do guarda-redes Alireza Beiranvand, mas a tendência para extensos descontos estava assumida e foi vislumbrada também no Mundial feminino.

E chegou às ligas nacionais. Recentemente, as vozes mais dissonantes daquela decisão fizeram-se ouvir em Inglaterra. Pep Guardiola, depois de salientar que o International Board não ouve treinadores e jogadores quando decreta os novos ventos na modalidade, perdeu a Supertaça de Inglaterra depois de um golo tardio. “Imaginem que dão tempo pelos golos e, por cada vez que marcas num jogo que fica 4-3, metes 30, 45 segundos em sete golos. Amanhã de manhã, às 9h, ainda estamos aqui a jogar.” Kevin de Bruyne, que arquiteta na mente jogos com mais 20 e 25 minutos, vê a medida tão negativa que prevê um recuo nos próximos dois meses. Raphael Varane, futebolista do Manchester United e campeão do mundo, queixou-se que os cartolas não cuidam dos atletas: “Há demasiados jogos, o calendário está lotado e é perigoso para o bem-estar mental e físico dos jogadores”.

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