Fábio Coentrão, o homem do leme, investiu na pesca e quer é estar perto do mar: “Tentei desligar-me do mundo do futebol”

Jornalista
“Metade da minha alma é feita de maresia” - Sophia de Mello Breyner Andresen
Fábio Coentrão é a interceção de dois mundos opostos. Quando a vida o levou a conhecer os bastidores do luxo foi como se o peixe tivesse saído da água. Por muito que goste de futebol, principalmente de jogar com os amigos, gosta muito mais do mar.
Na Docapesca de Matosinhos há escamas secas espalhadas aos montes pelo chão. A brisa levanta-as em remoinhos para os quais as redes olham durante o momento de descanso. As malhas estão embrulhadas em inextricáveis nós apenas decifráveis pelos dedos dos pescadores que os fizeram. Há também umas quantas gaivotas cadavéricas a aguardarem transladação. Partem descansadas sabendo que existem outras que continuam por ali a cantar com o oceano a servir-lhes de plateia.
Cheira a mar, acima de tudo. Porém, há pequenos excertos de odor a peixe na brasa dos restaurantes ali perto, uns sortudos no acesso matéria-prima mais fresca. Está a ser assado para rumar às bocas famintas por um bom almoço. Para os pescadores da Docapesca de Matosinhos, a refeição terminou. Entretêm-se já com o chiripiti no lotado balcão do bar. Ainda trazem os aventais vestidos e as botas de borracha nos pés. As peles cansadas e escurecidas denunciam que o dia de trabalho vai longo.
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