Passaram 17 anos desde que a viseense Catarina Campos veio desaguar em Lisboa e se formou na jurisprudência do futebol. “Já somos algumas árbitras, não somos assim tão poucas. Quando tirei o curso, éramos bem menos do que somos atualmente.” Os exemplos eram inexistentes e, portanto, fez um percurso de autora com o apito na mão. O primeiro silvo do Casa Pia-Rio Ave vai ser por ela dado. Nunca antes um jogo da I Liga masculina tinha tido uma mulher como árbitra principal. Aos 39 anos, vai ser de novo pioneira.
“Ser árbitra é uma tarefa que nós sabemos que não é propriamente fácil de desempenhar. Não é muito amada pelo público em geral, mas o árbitro é fundamental no jogo.” Foi a perspetiva apresentada por Catarina Campos durante uma campanha da Federação Portuguesa de Futebol, realizada em novembro de 2023, com o intuito de recrutar novos juízes para o tribunal das quatro linhas.
O início do caminho é pouco diferenciado. Licenciada em Comunicação Social pelo Instituto Politécnico de Viseu, era uma jovem à procura de oportunidades profissionais na capital portuguesa, como acontece com tantas outras pessoas no hall de entrada para a vida adulta. Com vontade de se “desafiar”, teve a perspicácia de procurar no sítio certo.
Estávamos em 2008 quando Antonino Silva viu pela primeira vez na Associação de Futebol de Lisboa, como partilhou com a Tribuna Expresso, uma rapariga com um “aspeto muito franzino” e “muito interessada”. O atual presidente do Conselho de Arbitragem do organismo foi o formador de Catarina Campos quando “já se notava que estava ali alguém que poderia um dia atingir patamares mais elevados”. O dirigente vê nela um “exemplo”, alguém que “continua a ser aquela pessoa humilde, muito trabalhadora e preocupada”.
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