Polícia Judiciária realizou buscas no Estádio do Bessa. Investigação incide sobre empresas ligadas ao futebol e há suspeitas de 10 milhões de euros de lucros indevidos. Foram constituídos seis arguidos. Recorde-se que o Boavista, declarado insolvente, falhou as inscrições na II Liga e na Liga 3, sendo forçado a cair para os distritais
Jornalista
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A Polícia Judiciária do Porto realizou buscas no Estádio do Bessa esta terça-feira. As diligências visaram o Boavista. Há suspeitas de crimes como fraude fiscal, frustração de créditos e branqueamento.
O Expresso sabe que Vítor Murta, ex-presidente do clube, é um dos principais suspeitos do caso. As dez buscas realizaram-se no Grande Porto e em Viseu, por factos em investigação ocorridos entre 2023 e finais de 2024, relacionadas com um grupo de empresas ligadas ao futebol e com os lucros ilícitos estimados de 10 milhões de euros.
Os suspeitos são quadros dirigentes, contabilistas certificados, um escritório de advogado e uma sociedade de revisores oficiais de contas. E foram constituídos seis arguidos, singulares e pessoas coletivas.
"O modus operandi em causa implicou a utilização de contas bancárias de passagem tituladas por terceiros singulares, transferências internacionais e depósitos em numerário de origem e destino não clarificados, movimentos esses justificados apenas parcialmente e por contratos de empréstimos cruzados que levantavam suspeitas quanto à ocultação de rendimentos, desvio de fundos com vista a prejudicar credores e ulterior branqueamento", revela a PJ.
Os investigadores e procuradores procuraram dados sobre diversas transferências bancárias suspeitas, comunicadas pelas entidades bancárias, e ainda movimentações em numerário e outras operativas relacionadas com a transferência de ativos das empresas, tendo sido apreendida diversa documentação relacionada com os crimes em investigação assim como equipamento informático.
O Boavista, campeão nacional em 2000/01, esteve na passada temporada na I Liga, mas terminou na 18.ª e última posição e, após 11 anos seguidos na elite, desceu de divisão. Na sequência da despromoção, seguiram-se semanas em que as conhecidas e reiteradas dificuldades financeiras dos axadrezados foram empurrando o clube cada vez mais para baixo.
Ainda em junho, os portuenses falharam a inscrição na II Liga, escalão em que teriam direito a participar. Com um estádio que chegou a estar interditado pela Proteção Civil, o Boavista não realizou, também, a inscrição na Liga 3.
Entretanto declarado insolvente, um dos cinco emblemas da história do futebol nacional a vencer a I Liga irá, devido a estas falhas de inscrição, cair para os distritais da Associação de Futebol do Porto.
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