O Boavista desistiu de competir no quarto e último escalão distrital da Associação de Futebol (AF) do Porto, após falhar os derradeiros três jogos, numa altura em que está impedido de registar novos atletas, anunciou o organismo.
Em comunicado, a AF Porto confirmou que os ‘axadrezados’ abdicaram de competir na Série 5, após um pedido efetuado junto do organismo, cujo Conselho de Disciplina tinha aberto em 21 de outubro um processo ao clube, que se arriscava a ser desclassificado.
As ‘panteras’ deveriam ter recebido o Marechal Gomes da Costa em 19 de outubro, em Ramalde, mas viram esse jogo da quinta jornada ser anulado, já depois de falharem as visitas ao Ventura, quatro dias antes, para a primeira ronda, e ao Panteras Negras FC - fundado em julho por adeptos contestatários da atual direção e cuja designação faz referência à claque e ao nome original do Boavista -, no dia 5 deste mês, na terceira.
Solidário com as dívidas da SAD ‘axadrezada’, que, há duas semanas, subiu de cinco para seis impedimentos de inscrição de novos atletas junto da FIFA, o Boavista encarou três derrotas administrativas nesses encontros, com a AF Porto a instaurar um processo para perceber se o cenário se enquadrava em sucessivas faltas de comparência do clube.
“É equiparada à falta de comparência a situação em que um clube, às 12h00 do último dia útil anterior a um jogo, não tiver inscrito um número suficiente de jogadores que o possam representar, podendo a AF Porto proceder à desmarcação do jogo”, lê-se no sexto ponto do 58.º artigo do regulamento disciplinar do regulador dos escalões distritais portuenses.
De acordo com os pontos três e dois dos artigos 58.º e 46.º do documento, em caso de falta de comparência injustificada em dois jogos oficiais seguidos ou três interpolados, o clube infrator é desclassificado da prova em que está inserido e multado em 600 euros.
O clube já não estava inscrito na Taça da AF Porto e desiste agora do campeonato sem ter competido em 2025/26, ao contrário da SAD, 18.ª e última classificada da primeira divisão distrital, com um ponto, volvido um empate e quatro derrotas em cinco jornadas.
A SAD liderada pelo senegalês Fary Faye tem alinhado com antigos e atuais atletas da respetiva equipa de sub-19, da II Divisão nacional daquele escalão, e continua a tentar resolver as restrições da FIFA - duas incidem sobre três períodos de inscrição e quatro têm duração ilimitada -, que tinham vigorado em anos anteriores e reapareceram em março, impossibilitando, para já, a utilização dos reforços oficializados durante o verão.
A Boavista SAD deveria disputar a II Liga em 2025/26, mas não conseguiu inscrever-se nas provas organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) e, mais tarde, também viu negado o licenciamento para participar na Liga 3, tutelada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), sendo relegada para os escalões distritais da AF Porto.
A ausência de pressupostos financeiros sustentou esse desfecho e levou o clube a criar uma equipa sénior independente da SAD, cujo direito de apresentar um plano de recuperação foi aprovado por maioria pelos credores, que votaram por unanimidade a continuidade da atividade ‘axadrezada’.
A liquidação do clube também foi ratificada em assembleia de credores, ao rejeitarem o adiamento por 30 dias da votação do plano de recuperação da direção de Rui Garrido Pereira, que já recorreu da deliberação.
Despromovido à II Liga em maio, após fechar a edição 2024/25 da I Liga no 18.º e último lugar, com 24 pontos, o Boavista concluiu um trajeto de 11 épocas consecutivas no escalão principal, sendo um dos cinco campeões nacionais da história, face ao título conquistado em 2000/01.