Em 1977, Laurence Wylie, professor de estudos franceses em Harvard, identificou oito gestos ou expressões diferentes que os gauleses usavam para demonstrar falta de interesse ou preocupação. Talvez Thomas Bach, presidente do Comité Olímpico Internacional, estivesse a pensar em Wylie quando disse que não tinha de “convencer os parisienses” mais céticos em relação aos Jogos. “Quando a tocha olímpica se acender, o fogo do entusiasmo também se acenderá em toda a gente, não tenho dúvidas”, disse.
Paris está perante o seu momento. Os seus Jogos, os seus primeiros Jogos em 100 anos, os Jogos do pós-pandemia, os Jogos que se vendem como igualitários — pela primeira vez há o mesmo número de participantes homens e mulheres — e sustentáveis, verdes.
Os Jogos da cerimónia de abertura única, do desfile pelo Sena, a primeira vez que o arranque oficial se dá fora do estádio olímpico. Uma parada que Anne Hidalgo, presidente da câmara municipal de Paris, assegura que será “criativa, diversa e alegre”.
Até o rei de Espanha lança mensagens de entusiasmo. “Vai ser uma cerimónia muito especial, tenho muita vontade de vivê-la”, diz um dos muitos Chefes de Estado que farão parte das mais de 300.000 pessoas esperadas nas margens do Sena.
Mas este projeto inicialmente idealizado por Macron, esta exposição do centro de Paris para o mundo, com mais de mil milhões de telespectadores esperados, tem um custo. O custo de, ao contrário de levar a cerimónia para um qualquer estádio afastado do centro da cidade, colocá-lo deambulando pelo centro, num ziguezague de seis quilómetros que começará na ponte de Austerlitz. O custo de, literalmente, fechar o centro de Paris.
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