Podes só contar o final? Não, não podemos. Mas podemos começar pelo final. Vamos a isso.
A cerimónia de abertura durava há mais de três horas e meia. Víramos os momentos clássicos — os discursos, o hino olímpico, alguém a cantar o “Imagine”, “Freed from Desire” aos altos berros para animar a audiência — e os inovadores, o arrojo da primeira cerimónia de abertura da história fora do estádio. Havia chuva, muita chuva, chuva por todo o lado, chuva que transformou as espreguiçadeiras colocadas à beira-Sena, pedindo um banho de sol de fim de tarde enquanto se assistia à parada, numa esplanada deserta.
Depois de largos minutos de algum tédio, de mil e uma referências à cultura francesa, de Paris a pousar orgulhosa para si própria, tudo valeu pelo final. Pelo apoteótico final: que comecem os Jogos.
A cerimónia passou, num ápice, do seu momento mais enfadonho para o arranque da grande conclusão. Depois de ouvirmos Tony Estanguet, presidente do comité organizador, e Thomas Bach, líder do Comité Olímpico Internacional, lerem discursos em que as suas palavras eram intercaladas pelo som de gotas de chuva a baterem nos guarda-chuvas que voluntárias lhes seguravam, a grandeza subiu ao palco.
Apareceu Zinedine Zidane com a tocha olímpica, um mestre de cerimónias como poucos. Zizou inaugurou uma parada de estrelas, deixando o protagonismo de ser dos edifícios de Paris, das homenagens a Charles Aznavour ou a Victor Hugo, para passar para os desportistas.
De Zidane a tocha foi para Nadal. Do maior campeão da história de Roland-Garros em solitário para um barco que, se o peso se medisse em glória desportiva, teria de afundar: Rafa, Serena Williams, Carl Lewis e Nadia Comăneci.
De lá a tocha foi para Mauresmo. Da antiga tenista e atual diretora de Roland-Garros para Tony Parker, do ex-basquetebolista para uma série de ícones do desporto francês. Michaël Guigou, Alain Bernard, Clarisse Agbegnenou, Laure Manaudou, Renaud Lavillenie…
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