São 20h10 em Paris e cinco japoneses em fatos de ginástica, abraçados uns aos outros, olham para um ecrã. Na ponta daquela união há três treinadores também olhando para o ecrã gigante da Arena Bercy, colocado no centro e no topo deste colossal recinto, desta gruta que, por estes dias, recebe a realeza do desporto mundial.
Os japoneses já antecipam o que aí vem, os últimos minutos foram de vento a favor, mas, até ser, não é. E eis que é. A pontuação do último ginasta chinês na barra é de 14,733, não dá para ultrapassar os nipónicos.
É então que Hashimoto Daiki, Oka Shinnosuke, Kaya Kazuma, Tanigawa Wataru e Sugino Takaaki deixam as emoções fluir, libertam toda a tensão concentrada. Abraçam-se, choram, abraçam os treinadores, choram com os treinadores, atiram-se ao chão, espetam o indicador para as bancadas mostrando um “1”, sim, eles são os melhores, os medalhados de ouro na prova masculina por equipas da ginástica artística.
Sim, a Arena Bercy é, por estes dias, o território de Simone Biles, a grande figura destes Jogos Olímpicos, mas, se dúvidas houvesse, esta final, esta final extraordinária, cheia de tensão, reviravolta e espetáculo, provou que a ginástica artística também é coisa de homens. Homens que, como os novos heróis do Japão, choram, choram muito de alegria.
“A ginástica pode mudar-te a vida, dói, é duro, mas dá imenso gosto. Espero que cada vez mais rapazes a façam”, diz na zona mista, à Tribuna Expresso, o canadiano Felix Dolci, “orgulhoso” com o oitavo lugar da sua equipa.
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