Ainda não deu para Camila Rebelo: portuguesa termina eliminatórias dos 200 metros costas a três lugares das meias-finais
HUGO DELGADO
Na especialidade em que é campeã europeia, a nadadora foi 19.ª, a três lugares das 16 melhores. Na estreia olímpica, fica a clara sensação de que, para a jovem de 21 anos, Los Angeles 2028 será a sua oportunidade
“Bora Camilaaaa!” São 11h08 em Paris e, mal Camila Rebelo se aproxima da piscina, um grito português ecoa pela arena. De fato azul, a jovem de 21 anos faz o seu ritual, prepara-se para, de costas, se lançar à água.
Silêncio. “Pam”. O tiro de partida lança uma muito disputada eliminatória dos 200 metros costas, uma apertada luta por estar nas meias-finais, por avançar nesta complicadíssima disputa da natação olímpica.
O heat da portuguesa é vencido pela chinesa Xuwei Peng, com 2:08.29. Camila faz quinta na sua série, com 2:11.26, consideravelmente pior do que o seu recorde nacional, fixado em 2:08.95. Talvez sejam os afamados efeitos da lentidão da piscina.
Quando termina, Camila espera. Aguarda pela conclusão da derradeira série de nadadoras, aferindo se passou ou não. Contas feitas, foi a 19.ª melhor, a cerca de 0,7 segundos do apuramento.
A jovem não esconde a frustração. Los Angeles 2028 aguardam-na, isto é claramente um começo. Mas um doloroso começo, ainda assim.
Na primeira manhã agosto, a La Defénse Arena parecia ainda tentar recuperar o fôlego. A noite anterior foi intensa, histórica, vivida ao limite. Se escutarmos com atenção, ainda ouvimos ecos dos gritos por León Marchand. Se olharmos com atenção, talvez vejamos Katie Ledecky nadando sozinha, sem companhia, rumo a mais um ouro. E não há atenção que valha para seguir o rimo de Pan Zhanle, o mais rápido da história.
Nesta piscina ainda quente da história da noite passada, Camila Rebelo entra em cena às 11h08. Está vestida de azul, aparentemente calma.
A companhia da portuguesa é ilustre. A natural de Coimbra está na pista 2 e, na 4, segue Smith Regan, campeã do mundo dos 100 metros costas, prata nos 200 metros costas em Tóquio e bronze, também nos últimos Jogos, em 100 metros costas.
Logo a seguir a Camila, nada Kayle McKeown, uma das maiores lendas da arte de nadar ao contrário: recordista mundial desta distância e dominadora de tudo o que envolva costas nos últimos anos. Ouro nos 100 e 200 metros costas em Tóquio, tal como nos Mundiais de 2023, já subiu ao lugar mais alto do pódio nos 100 metros costas em Paris.
Perante esta e demais concorrência de luxo, Camila, que entrou com o 14.ª melhor tempo, não conseguiu terminar entre as 16 melhores. É só o começo, mas um doloroso começo.