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Isto já não é tudo à maneira de Ledecky nas piscinas. A crónica de uma das mais esperadas finais olímpicas da natação em Tóquio

Isto já não é tudo à maneira de Ledecky nas piscinas. A crónica de uma das mais esperadas finais olímpicas da natação em Tóquio
Tim Clayton - Corbis/Getty

Manteria Katie Ledecky o domínio olímpico nas disciplinas de média e longa distância? Ou Ariarne Titmus tomaria o seu lugar nos 400 metros, depois de já a ter derrotado nos Mundiais de há dois anos? As perguntas redundaram numa manhã de emoções fortes no Centro Aquático de Tóquio (onde já foi uma aventura daquelas para chegar), numa prova decidida nos últimos metros

O Centro Aquático de Tóquio fica a uns três quilómetros de autocarro do hub de transportes dos media, na zona do porto da cidade, mas é segunda-feira na capital nipónica e o cruzamento de Ariake deve ser assim uma espécie de 2.ª Circular ou rotunda AEP cá do sítio. Há muito trânsito, caos, camiões, autocarros. Ninguém passa. A sessão da manhã da natação começa daqui a nada e nestes Jogos Olímpicos, estranhamente (ou talvez não, derivado à diferença horária para os Estados Unidos), é pela fresquinha que se nadam as finais. Dez minutos, vinte minutos, meia hora. Tudo parado. As prometidas linhas dedicadas a veículos de Tóquio 2020 são inexistentes aqui. É uma interseção estranha, um pouco anárquica, ou então é por os japoneses também conduzirem à direita que tudo me parece ainda confuso. No autocarro, olhos nervosos aumentam a frequência de miradelas ao relógio: às 10h30, hora da primeira final, ninguém estará seguramente de olhos postos na piscina.

Porém a minha preocupação é outra.

Segunda-feira é dia de final dos 400 metros femininos, uma daqueles happenings que, aconteça o que acontecer, farão a história destes Jogos Olímpicos. Das duas, uma: ou Katie Ledecky vence, confirma o seu domínio nas disciplinas mais longas nos Jogos Olímpicos e arranca bem para o objetivo de levar seis medalhas de ouro para casa ou passa o testemunho a Ariarne Titmus, australiana de 20 anos, pêlo na venta, que no Mundial de 2019 bateu a norte-americana na distância. Os Jogos Olímpicos servem para provar se aquela derrota na Coreia do Sul foi acaso ou se de facto Ledecky já não é a incontestada rainha da média e longa distância nas piscinas de 50 metros.

A final é às 11h20 Japan Standard Time, menos oito horas em Lisboa, e o meu relógio já dá as 10h30 quando recomeçamos a andar. Uma hora depois de sair para um percurso que não deveria demorar mais de 20 minutos. Já à entrada do perímetro do Centro Aquático de Tóquio, novo engarrafamento. O nervosismo latente transforma-se em protesto, fúria. A pé chegaríamos mais rápido, mas o condutor nipónico é muito, digamos, nipónico: intransigente, com dificuldade em improvisar. As regras são para seguir. Um grupo de fotógrafos lituanos, gente de tamanho considerável, parte para a berraria. Estariam ali provavelmente para apanhar Danas Rapsys, a nadar na 2.ª meia-final dos 200m livres. Mas há muito que Rapsys se qualificou para a final.

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