Jogos Paralímpicos

Um lançamento de ouro: Miguel Monteiro conquista a primeira medalha portuguesa em Paris

Um lançamento de ouro: Miguel Monteiro conquista a primeira medalha portuguesa em Paris
ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Foi no começo do quarto dia do megaevento paralímpico que a primeira medalha pintada a cores nacionais se tornou real. O recordista mundial do lançamento do peso, Miguel Monteiro (F40), superou a marca do anterior recordista paralímpico, Denis Gnezdilov (11.16), estabelecendo um novo recorde ao terceiro lançamento efetuado, com a marca de 11.21. O restante pódio foi completado pelo da Mongólia Battulga Tsegmid (11:09) e pelo iraquiano Garrah Tmaiash (11:03)

Houve uma linha condutora da final paralímpica do lançamento do peso: na vertente F40 para atletas de baixa estatura, esteve alguém equipado de verde, decidido e triunfal, que nunca largou a liderança. Foi Miguel Monteiro, o português que ia gritando um fervoroso “vamos!” a cada lançamento válido em que ultrapassou sempre os 11 metros. Durante muito tempo, era o único a lançar para lá dessa marca.

Após o bronze conquistado em Tóquio, há três anos, nos Jogos de bancadas despidas devido à covid-19, um Stade de France repleto viu Miguel Morgado a celebrar a conquista do ouro embrulhado numa bandeira de Portugal. O atleta de 23 anos dá a primeira medalha ao país.

O domínio do português na prova foi por demais evidente. Nunca um adversário sequer se aproximou das marcas do atual vice-campeão mundial, que fez questão em lançar o peso para lá do registo que lhe valera essa prata recente: em maio, ficou-se pelos 10,95 metros, agora, em Paris, agarrou o ouro com 11,21 metros, bem por diante dos 10,80 de Denis Gnezdilov, o russo a competir com bandeira neutra que é o campeão do mundo.

ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Nestes Jogos, contudo, ficou-se pelo 4.º lugar, indo o bronze para o iraquiano Garra Tnaiash (11.03m) e sendo a prata conquistada pelo mongol Battulga Tsegmid (11,09 m). Nenhum foi capaz de beliscar a conquista do atleta português, que começou por jogar futsal em Mangualde, a sua terra, até o desafiarem na adolescência a experimentar o desporto adaptado.

A sua estreia olímpica aconteceu no Rio de Janeiro, com um 5.º lugar, seguindo-se o bronze em Tóquio. Em Paris, a emoção foi tanta, os olhos enxaguados em lágrimas de tal maneira que Miguel Monteiro mal pôde cantar o hino nacional quando já estava no lugar mais especial do pódio. O lançamento do peso é dele, todo dele: aos recordes paralímpico (11,21 m) e mundial (11,60 m), acrescentou a medalha de ouro.

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