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Jogos Paralímpicos

A chama apagou-se, mas “a revolução paralímpica tem de continuar, agora no dia a dia, na normalização, na inclusão, dentro de nós”

A chama apagou-se, mas “a revolução paralímpica tem de continuar, agora no dia a dia, na normalização, na inclusão, dentro de nós”
THIBAUD MORITZ

A França escreveu uma nova página na história dos Jogos. Foram batidos recordes em número de países, na participação feminina e na cobertura mediática. Andrew Parsons, presidente do Comité Paralímpico Internacional, afirmou que “Paris estabeleceu uma nova bitola de qualidade para todos os outros que virão a seguir”. Na cidade luz estiveram juntos 4.500 atletas de 167 países e uma equipa de refugiados, que competiram em 22 modalidades, num total de 549 eventos

O dia 8 de setembro ficará gravado na pedra da posteridade no que ao desporto diz respeito, no geral, e no desporto adaptado, em particular. Em Saint-Denis, o Stade de France transformou-se numa enorme pista de dança para encerrar os Jogos Paralímpicos, mas não antes de demonstrar ao mundo que a revolução paralímpica veio para ficar. Ou, pelo menos, assim o microcosmos parisiense o fez parecer.

Trajada a rigor, com fato de gala e de braços abertos, a cidade mostrou-se pronta para viver emoções e celebrar uma (re)conquista social. Quando, politicamente, os franceses pareciam tender para o extremismo, para a divisão e a intolerância, eis que a chama - olímpica e paralímpica - criou um pendor contrário.

Durante 11 dias, os Jogos Paralímpicos foram sinónimo de solidariedade, de aceitação, de inclusão, de proximidade, de unidade. Quem, por estes dias, teve a oportunidade de assistir, por toda a ilha de Paris e arredores, às provas nas quais milhares de atletas competiram, não passou indiferente à harmonia, à elevação entre público, voluntários e comitivas. Ninguém passou indiferente ao respeito. Ele ouvia-se, sentia-se, via-se.

Quando os hinos eram entoados, todos se levantavam. Se alguém precisava de ajuda, ela era prestada. Os aplausos eram unânimes. Inclusive, os desportistas que competiam com a sigla NPA (atletas paralímpicos neutros da Rússia e Bielorrússia) eram agraciados. Embora usassem equipamentos neutros, sem qualquer referência a bandeiras nacionais, cores, nomes ou símbolos, por terem sido banidos, o apoio nunca faltou. Os apupos deram lugar aos incentivos, os olhares de soslaio à admiração.

Vimos arenas cheias em todas as modalidades desportivas. Às vezes, pela manhã, no atletismo e natação, em número menor, mas em provas preliminares de modalidades coletivas, foi um sucesso absoluto. 2,5 milhões de bilhetes vendidos. É uma marca histórica, mas mais importante do que isso, do que os números, a qualidade e a interação entre os espetadores e os atletas. E isso aconteceu aqui de uma forma incrível”, referiu Andrew Parsons, presidente do Comité Paralímpico Internacional.

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