Em teoria, que pouco ou nada vale assim que o jogo começar, é o duelo mais desequilibrado dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, dada a diferença - coletiva e individual - que separa os dois conjuntos.
Espera-se, por isso, um jogo de maior domínio territorial por parte do Manchester City de Pep Guardiola, com mais oportunidades de golo e mais tempo em posse de bola. A pressão e obrigação de seguir em frente está toda do lado inglês.
O outsider Lyon de Rudi Garcia, que acabou de eliminar a Juventus, não tem nada a perder e apesar de não ter um plantel ao nível do seu adversário, tem no meio-campo e ataque alguns jogadores que podem causar estragos, principalmente nos momentos de transição defesa-ataque.
Os senhores do ataque posicional
Guardiola não deverá surpreender no que diz respeito à disposição tática, e o City deverá apresentar-se no habitual 4x3x3, a querer controlar o jogo do início ao fim. Dada a expectável postura mais defensiva do Lyon, ou seja, a abdicar de condicionar a fase de construção em zonas próximas da área de Ederson, o grande desafio do City, passará por criar condições para entrar, com frequência e acima de tudo qualidade, em zonas de finalização.
Para tal, e como é imagem de marca de Guardiola, iremos ver os extremos (Sterling e Mahrez ou Bernardo Silva) bem abertos nos corredores laterais (Cancelo também poderá aparecer projetado) e os médios interiores (principalmente Kevin De Bruyne) a ocupar o espaço entre linhas.
A procura das triangulações nos corredores laterais, e a ligação de Rodri e Gundogan com a zona de criação, através do passe vertical, serão comportamentos muito vistos quando o City estiver em ataque posicional no seu meio campo ofensivo.
No momento defensivo, e tendo em conta o que se espera que o jogo seja (City a dominar e Lyon à espreita para sair rápido após a recuperação da bola), os grandes cuidados terão de ser na transição ataque-defesa. É neste momento que o City pode passar por dificuldades.
Recuados e perigosos
À imagem do que aconteceu no jogo contra a Juventus, é de esperar um Lyon organizado no seu habitual 5x3x2 (em organização ofensiva transformar-se-á em 3x5x2 com os dois alas a projetarem-se), e posicionados num bloco baixo – não é de todo provável que tentem pressionar alto e corram o risco de se desequilibrarem defensivamente –, de modo a povoarem muito as imediações da área do português Anthony Lopes.
A estratégia francesa, em traços gerais, assentará em dois grandes objetivos:
1. Condicionar a zona de criação do City (contra a Juventus nem sempre apresentaram um bloco compacto). Proteção do corredor central com os três médios (Bruno Guimarães, Caqueret e Aouar), que também terão de bascular muito para ajudar o ala e central de fora a fechar os corredores laterais.
2. Saídas rápidas para o ataque. A transição defesa-ataque será a principal arma ofensiva, e conta com jogadores com muita qualidade em condução e no passe, como Aouar, Bruno Guimarães e Depay (fundamental também nos momentos de ataque posicional, para ligar a construção com a criação). Ekambi será o responsável pelo ataque à profundidade.
Os nomes que importa ver
Kevin De Bruyne
Para muitos é o melhor médio do mundo. Vem de uma época soberba a nível individual, contabilizando já 15 golos e 23 assistências. Do meio campo para a frente, De Bruyne faz tudo no City de Guardiola: constrói, cria e finaliza, tudo com uma qualidade altíssima. Contra um Lyon que por vezes concede muito espaço entre as suas linhas defensivas, o belga pode encontrar o contexto ideal para ser um elemento chave na eliminatória.
Ryan Mahrez
Aberto no corredor direito, para receber a bola e conduzir para dentro ou forçar o 1x1, Mahrez oferece qualidade técnica e desequilíbrio individual no último terço, o que contra uma equipa muito recuada pode ser decisivo para entrar em zonas de finalização. Os 13 golos e 16 assistências já conseguidas esta época dizem muito da sua preponderância na dinâmica ofensiva do City.
Bruno Guimarães
O médio brasileiro terá grandes responsabilidades nos dois momentos do jogo fundamentais para as esperanças do Lyon. Em organização defensiva, terá de preocupar-se com a zona à frente da defesa, não concedendo muito espaço para os jogadores do City aproveitarem. Em transição, a sua capacidade de resistir à pressão e sair em condução poderá revelar-se decisiva para o Lyon sair rápido para o ataque.
Depay
É o principal desequilibrador ofensivo do Lyon, e tem a função de ligar o processo ofensivo, através de um posicionamento entre os médios e o ponta-de-lança. A sua qualidade técnica e facilidade no 1x1 podem ser fatores de desequilíbrio a favor do conjunto francês, seja em momentos de transição ou em ataque posicional.