Bom, então parece que sempre há Argentina. Ou não. Há uma espécie de Argentina. Restos. Um sucedâneo de Argentina na ausência da Argentina. Uma Argentina vegan. Se a Argentina fosse Chili, este Mundial só tinha de soja.
Tenho algum receio de parecer que estou a desvalorizar o futebol português (e é provável que pareça, uma vez que, efectivamente, estou), mas cá vai: a dada altura, quando vi Salvio e Acuña no 11 titular da Argentina (nomeadamente contra a Croácia), o meu primeiro pensamento foi “Argentina com jogadores do Benfica e Sporting no 11 titular? Parece-me não ser a geração mais brilhante de sempre do futebol argentino”.
Mas, de facto, a qualificação para os oitavos é uma boa notícia para os adeptos Argentinos e, em especial, para Sampaoli: desta forma o seleccionador terá, pelo menos, mais um jogo para experimentar as 28 combinações de 11 titular que restam. Ainda existem 7 ou 8 posições que Messi não fez, e Mascherano ainda não foi à baliza.
É tranquilizante ver que Sampaoli planeou tudo com antecedência e chegou preparado à Rússia. Todas as experiências pré-Mundial estão a ser feitas em pleno Mundial. O que até tem uma certa lógica: se o objectivo é ter sucesso no Mundial, os 86 esquemas tácticos possíveis que Sampaoli tem desenhados na cabeça devem ser testados no Mundial, para se perceber se resultam em ambiente de Mundial. A única desvantagem é apanhar uma ou outra coça de 3-0 pelo meio, porque naquele momento estavam a testar um 4-2-6-4-7-1 em losango com Messi no apoio a Messi.
Pelo número de trocas posicionais e rotatividade do esquema, a Argentina é o único país que está na Rússia representado pela sua Selecção de Futsal. A continuar assim, Sampaoli só pára na NFL. 11 para atacar, perde a bola e troca por outros 11 para defender. Guarda-redes? Não tem. Até aqui, tudo igual.
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