E pronto. O neto de Fernando Santos vai matar saudades. Já o filho de Fernando Santos, Gonçalo Guedes, foi um dos grandes ausentes deste Mundial. O Uruguai foi mais português que Portugal, que vinha sendo mais italiano que a Itália. Isto está a ficar complexo, perdoem-me.
Complexo é, também, enumerar os motivos pelos quais não fomos mais além na competição. Complexo, não por serem difíceis de encontrar, mas por serem tantos que o servidor onde está alojada a Tribuna Expresso não tem capacidade de comportar os caracteres que seriam necessários para tal. Assim sendo, dou-vos um resumo, estilo livrinho amarelo d’Os Maias.
Portugal, na era Fernando Santos, tinha uma qualidade indiscutível: não cometia erros. Essa qualidade perdeu-se. E é normal uma equipa cometer erros, mas há consequências. Foram vários os erros de Portugal, desde a pêra de Ronaldo aos espaços que a nossa defesa concedeu e que o Uruguai aproveitou cirurgicamente. Creio que o somatório da pêra de Ronaldo que, obviamente, destruiu o ambiente do balneário, com o envelhecimento da nossa espinha dorsal (Pepe, Fonte, Moutinho, Quaresma e o próprio Ronaldo) foram dois factores particularmente prejudiciais.
Fiquei intrigado com o gesto de Fernando Santos, no final do jogo, a tentar rever obsessivamente imagens da partida num telemóvel, a ver se conseguia descobrir um remate decente de Gonçalo Guedes ao longo do encontro ou, por ventura, um modelo de jogo sólido pelo qual nos tivéssemos guiado neste Mundial. Tenho fortes dúvidas que encontre tanto um como outro. Esta foi, de longe, a nossa exibição mais bem conseguida. E foi também, de longe, o resultado menos bem conseguido - não perdíamos em jogos de grandes competições de Selecções há muito, muito tempo.
Não é preciso jogar bonito para ganhar, mas é preciso saber bem o que se está a fazer, mesmo jogando feio. Não sei se Portugal soube sempre bem o que estava a fazer na Rússia, mas a verdade é que isto de ser campeão numa competição e desiludir na competição seguinte é o Modus Operandi de todas as grandes selecções da História. Estamos apenas a cumprir o protocolo e, acima de tudo, estamos livres de Carlos Queiroz para sempre. Creio que é altura de Rui Jorge assumir a Selecção A, e de Fernando Santos ir finalmente tratar o síndrome de Tourette que tem no pescoço.
Estamos todos gratos e felizes pelo que conseguiram nos últimos anos. O mundo já não olha para nós como apenas um Air BNB de 89.000 quilómetros quadrados. Olha para nós como Selecção respeitável, que nos últimos 18 anos, não falhou a fase final de nenhum Europeu ou Mundial. Agora é esperar que Bernardo Silva nos carregue às costas nos 15 anos que se seguem e está feito. Vamos, Portugal. Convosco, sempre.
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