França-Croácia, a tão esperada final que, tendo em conta a quantidade de tropeções por parte das equipas “grandes”, por pouco não foi antes um Ruanda-Alcabideche. Dum lado, um tubarão habitual nestas andanças, do outro, um país que é independente desde terça-feira. E é, obviamente, este último que reúne mais apoio por esse mundo fora.
Está-nos no sangue. Enquanto espécie, nós, humanos, apreciamos o falhanço alheio. Adoramos a queda de quem está em cima. Amamos a queda de ídolos. Se forem franceses, tanto melhor. Estamos todos do lado da Croácia mas se, em vez do Boavista das Balcãs, lá estivesse a Austrália ou o Pescadores da Costa da Caparica, era igual. Só não queremos que a França vença. Estou a falar na primeira pessoa do plural mas não me incluo nesta categoria: gostava, sim, que a Croácia ganhasse, mas também não me desagradaria uma vitória gaulesa. Estamos a falar duma equipa que, sejamos francos, é a melhor deste campeonato. Talvez menos vistosa que a Bélgica, mas a melhor, mais forte, sólida, compacta. Sou um forte defensor das meritocracias - não há porque odiá-los se, efectivamente, são os melhores.
Esta geração francesa podia perfeitamente ter conquistado o seu primeiro título em 2016 mas, felizmente, aconteceu aquele alinhamento de astros necessário para eu tomar um banho de cerveja no Terreiro do Paço. Será apenas natural que o consigam hoje e é, creio, um prémio merecido.
Para isso, terão de bater, possivelmente, a terceira melhor equipa do Mundial que, ironicamente, na pior das hipóteses ficará em segundo lugar já que a segunda melhor equipa garantiu ontem o terceiro. O futebol consegue ser mesmo injusto. Às vezes, até faz lembrar o valor do IVA em Portugal, tão injusto que é. Impressionante.
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