O Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) recusou esta quarta-feira o recurso da dupla campeã olímpica dos 800 m, Caster Semenya, que pedia a anulação da entrada em vigor das novas regras da IAAF, que determinam restrições para atletas com alto nível de testosterona naturalmente produzido, como é o caso da sul-africana.
Estas restrições do organismo que regula o atletismo a nível mundial aplicar-se-ão para distâncias entre os 400 m e a milha (equivalente a 1609 metros). Apenas atletas com uma taxa de testosterona até 5 nanolomas por litro de sangue poderão participar nestas provas, o que Semenya, com o apoio da federação sul-africana, considera ser "discriminação".
Apesar de ter mostrado "sérias preocupações quanto às futuras aplicações das regras", o TAS acabou por decidir a favor da IAAF, considerando as restrições "discriminatórias mas necessárias". A IAAF acredita que atletas com altos níveis de testosterona têm uma "vantagem competitiva injusta".
As novas regras terão início a 8 de maio, pelo que
As opções para atletas que, como Caster Semenya, nasceram com diferenças no desenvolvimento sexual e que por isso produzem mais testosterona, passam agora por tomar medicação para baixar os níveis de hormonas masculinas, mudar para disciplinas acima da milha ou, pura e simplesmente, deixar de competir.
"Quero correr naturalmente, da forma como nasci", sublinhou a atleta sul-africana, que desde o título mundial em Berlim, em 2009, com apenas 18 anos, tem estado sob intenso escrutínio, com muitas acusações por parte de rivais.
As novas regras da IAAF terão efeito a partir de dia 8 de maio. Caso Semenya queira participar nos Mundiais de Doha, em setembro, terá de começar já a tomar medicação, já que a federação exige que as atletas tenham pelo menos seis meses de tratamento antes de voltarem a competir.
As objeções do TAS
Apesar de ter rejeitado o recurso de Caster Semenya, o TAS diz ter algumas objeções às novas regras da IAAF. Receia, entre outros, que muitas atletas possam de forma não intencional falhar os níveis de testosterona exigidos pela federação e tem dúvidas sobre a vantagem que as atletas com alto nível de testosterona possam ter em eventos superiores a 1500m, distância olímpica que fica vedada por ser inferior à milha.
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