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Jogadora de xadrez iraniana que competiu sem hijab recebeu chamadas com avisos para não regressar ao Irão

Jogadora de xadrez iraniana que competiu sem hijab recebeu chamadas com avisos para não regressar ao Irão
PAVEL MIKHEYEV/Reuters

Sarasadat Khademalsharieh retirou o hijab num torneio no Cazaquistão e decidiu não voltar ao seu país por segurança porque, ainda durante a prova, já estava a receber chamadas onde ficou claro que iria correr perigo caso o fizesse. A jogadora está em Espanha, mas as ameaças à sua família continuam

Nos últimos dias de 2022, a iraniana Sarasadat Khademalsharieh, também conhecida como Sara Khadem, jogou um torneio de xadrez sem o hijab colocado e juntou-se a muitos outros compatriotas que protestam contra o regime extremista do seu país. O gesto levou-a a optar por não regressar ao Irão e mudar-se para Espanha com o marido e o filho, uma vez que, caso regressasse, acabaria por ter de enfrentar represálias.

A chegada ao país europeu aconteceu esta terça-feira, altura em que uma fonte próxima da jogadora contou à “Reuters” que Khademalsharieh recebeu avisos para não regressar ao Irão depois de ter competido sem o hijab.

A fonte em questão optou por não revelar a sua identidade, uma vez que poderia também ela correr riscos, mas garantiu que a jogadora de xadrez recebeu múltiplas chamadas telefónicas em que indivíduos a advertiram contra o regresso a casa após o torneio, enquanto outros disseram que ela deveria voltar, prometendo “resolver o seu problema”.

As chamadas telefónicas levaram os organizadores do torneio no Cazaquistão a decidir fornecer segurança com a cooperação da polícia local. Foram colocados quatro guarda-costas no exterior do quarto do hotel de Khademalsharieh, segundo a fonte.

No Cazaquistão e agora em Espanha, a segurança da iraniana ficou assegurada, mas os seus pais e outros familiares que ainda estão no Irão têm recebido ameaças nos últimos dias.

Os protestos que começaram logo após a morte de Mahsa Amini, na sequência de um mandado de prisão por ter o hijab mal colocado, marcam um dos maiores momentos de revolta contra o regime desde a revolução de 1979 no país. As mulheres têm protagonizado alguns dos momentos mais marcantes, desde a remoção do hijab até à decisão de cortarem o cabelo.

Além de Sarasadat Khademalsharieh, outros atletas também deram a cara nos protestos e têm sofrido por isso. Elnaz Rekabi viu a sua casa ser destruída após participar numa competição de escalada sem o hijab e o futebolista Amir Nasr-Azadani foi condenado a pena de morte.

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