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Diogo Ribeiro: “É a primeira medalha para Portugal, é muito importante. Não esperava, de todo”

Diogo Ribeiro: “É a primeira medalha para Portugal, é muito importante. Não esperava, de todo”
FRANCK ROBICHON/EPA

Emocionado, Diogo Ribeiro admitiu aos meios da federação internacional de natação que não esperava conquistar já uma medalha nos Mundiais. E referiu a importância de tal feito tão pouco tempo depois do acidente de mota que quase acabava precocemente com a sua carreira

A medalha chegou subitamente, naqueles 22.80 segundos entre o momento em que se jogou à água e o toque na parede. Diogo Ribeiro, touca branca, no topo da piscina reservado à pista 1, de onde não costumam sair medalhados, levanta a cabeça, olha para o ecrã gigante e percebe logo ali que tinha feito história, festejando com um punho cerrado a bater na água.

A final nos 50 mariposa já era um feito, a medalha de prata foi um sonho cumprido. De Diogo muito se esperava desde que se tornou tricampeão mundial júnior em setembro do ano passado, em Lima, mas talvez não com esta rapidez, entrando de rompante na piscina dos grandes, com a convicção que sempre mostra nas declarações que faz. À partida para Fukuoka, no Japão, que volta a receber uns Mundiais depois de 2001, altura em que as piscinas eram dominadas por Iam Thorpe e começavam a conhecer um tal de Michael Phelps, o atleta do Benfica não se pôs de fora quando lhe perguntaram sobre medalhas, lançando aquele “tudo pode acontecer” que deixa a porta aberta à esperança.

A porta, na verdade, não estava aberta: estava escancarada, com Diogo a ultrapassar os feitos de Alexandre Yokochi, que foi 5.º nos Mundiais de 1985, aqui ao lado, em Madrid. Como ele, Diogo também já tinha uma medalha em Europeus sénior, conquistada em 2022 em Roma, também nos 50 mariposa. Em Paris, daqui a um ano, quem sabe se faz aquilo que apenas Yokochi conseguiu na natação portuguesa, chegar a uma final olímpica.

“Estou muito emocionado neste momento, por causa de todo o trabalho que eu e a minha equipa tivemos de lidar no ano passado. É fantástico”, sublinhou em declarações à World Aquatics, talvez ainda surpreendido pela magnitude do feito.

Falando aos meios da federação internacional, Diogo referiu o acidente de mota sofrido no verão de 2021, onde sofreu várias fraturas e perdeu mesmo um dedo da mão direita, mais tarde reconstruído, sem qualquer perda de sensibilidade para o atleta, que nesse ano se mudou de Coimbra para o Centro de Alto Rendimento do Jamor, em Lisboa, iniciando uma recuperação extraordinária, depois de ter temido não voltar às piscinas. “Por tudo isso, chegar aqui e conseguir uma medalha… não consigo explicar. É a primeira medalha para Portugal, é muito importante para nós”, referiu, assumindo que “não esperava, de todo” a medalha de prata, ele que era o mais jovem finalista.

“Estou super feliz e tudo o que quero agora é desfrutar disto com a minha equipa”, concluiu. Festejos que terão de ser contidos, já que o nadador ainda terá as provas de 50 livres, 100 livres e 100 mariposa para fazer, numa longa semana de competição em Fukuoka.

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