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José Manuel Constantino: “Ajudaria muito a perceber o problema se a Santa Casa se dispusesse a tornar públicos todos os apoios que concedeu”

José Manuel Constantino: “Ajudaria muito a perceber o problema se a Santa Casa se dispusesse a tornar públicos todos os apoios que concedeu”
TIAGO MIRANDA

Apanhado de surpresa pelo anúncio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) de que estaria a repensar o modelo de apoio ao desporto, o presidente do Comité Olímpico de Portugal pede que a institui­ção torne públicos todos os apoios que concedeu na área — entretanto, uma reunião da Santa Casa com o secretário de Estado da Juventude e do Desporto desbloqueou a questão, evitando cortes no financiamento em 2023 e 2024. A menos de um ano dos Jogos Olímpicos, Constantino acredita ainda que Portugal pode igualar as quatro medalhas conseguidas em Tóquio.

A um ano dos Jogos, imagino que tudo o que não se quer ouvir é um patrocinador anunciar que vai cortar apoios.
É sobretudo difícil não conhecer toda a extensão do problema e conhecer apenas uma parte desse problema. A participação dos Jogos da Santa Casa na preparação olímpica é relativamente marginal. Tem a ver, sobretudo, com as questões relativas às bolsas de educação, de apoio aos atletas que estão a fazer formação universitária e que estão simultaneamente a fazer preparação para a participação nos Jogos Olímpicos. E naturalmente que a eventual supressão desses apoios tem consequências do ponto de vista do estado de espírito dos atletas, do ponto de vista das expectativas. Pese embora o facto de nós termos um contrato celebrado até 2024, e portanto, digamos, relativamente a essa matéria, até ao final do atual ciclo olímpico esta situação não tem qualquer interferência. Como eu tive já a oportunidade de dizer, trata-se de um valor [115 mil euros] que fica aquém daquilo que é necessário, sobre o qual o Comité Olímpico tem que pôr verbas próprias para poder cobrir todos aqueles que preenchem os requisitos de candidatura. Mas aquilo que me ocorre dizer nesta circunstância é precisamente o que disse anteriormente, de um ponto de vista mais global: nós precisamos de conhecer a exata dimensão deste problema.

O que falta saber?
Sobretudo, precisamos de conhecer isto: quem são as entidades desportivas que são objeto de apoio no âmbito dos contratos de patrocínio que os Jogos Santa Casa fazem? Quais são aquelas que estão sujeitas, se é que existem, a contratos de confidencialidade? E qual é a dimensão desse valor? Para nós podermos elaborar sobre o problema uma opinião mais consistente. Esses dados não estão disponíveis, porque a forma como eles são apresentados nos relatórios e contas, que de resto o Governo ainda não aprovou nos dois últimos anos, não permitem detectar com suficiente rigor aquilo de que estamos a falar. Portanto, ajudaria muito para perceber a dimensão deste problema saber quem são as entidades apoiadas, qual é o valor que foi atribuído a cada uma delas, quais são aquelas que são organizações desportivas de utilidade pública e outras que são organizações desportivas de natureza lucrativa, que também há e que têm um valor muito significativo do ponto de vista destes apoios.

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