Deixa-me começar pelo evento teste de Paris. Quais foram as sensações?
Paris. Foi a prova mais importante, não só eu, mas a maior parte dos atletas estavam a preparar essa prova muito mais do que qualquer outra, porque muitos países tinham a qualificação lá e porque é a única oportunidade para experimentar a prova antes dos Jogos. O valor que é dado à prova é muito grande e está lá toda a gente na melhor forma possível, acaba por ser uma prova especial, uma prova em que provavelmente está a start list mais difícil que vamos encontrar no ano todo. No Campeonato do Mundo há muitos atletas que faltam a algumas etapas, de sete só cinco delas é que contam e ali ninguém falta, está toda a gente, diria que é até mais difícil que os Jogos em si, porque tens países que têm cinco atletas no top-20 e depois no máximo só três é que podem ir aos Jogos. Ou seja, há atletas muito bons que depois infelizmente não podem estar nos Jogos.
Certo.
É uma prova muito especial. Foi muito bem preparada. O que me lembro muito bem é ser o meu primeiro contacto com o que tem a ver com os Jogos. Ou seja, para 2021, embora tenha tentado lutar pela qualificação, nunca fui ao test event, não fui a Tóquio. Foi realmente o primeiro contacto em que se sentiu que isto são os Jogos.
Conhecendo o percurso, afinaste alguma coisa no treino? Houve alguma especificidade que te fez pensar no que vem e fez mudar algo no dia a dia?
Diria que no treino, não. O que mudo no treino podia vir de Paris como de outra prova qualquer. Consigo facilmente notar, numa WTS [World Triathlon Championship Series], se alguma coisa está em falta. Neste momento tem tudo corrido muito bem. O segundo lugar em Paris, claramente, mostrou que estava tudo no caminho certo. Aquilo que ajustamos são mais os detalhes conectados a essa prova. Ou seja, como é que nado, pedalo e corro. Sei que está tudo a funcionar bem pelas outras provas e resultados, mas depois consigo ver alguns erros que fiz em Paris. Por exemplo, na natação, onde é que me posicionei na partida. Tive uma partida que não foi muito boa. Normalmente, tento colocar-me nos lados, mas esta natação é muito especial porque tem uma corrente bastante forte, era um rio, tentei colocar-me no meio para apanhar essa corrente, mas não correu bem. A mesma coisa a voltar, tentei cortar caminho, tentei ir pelo caminho mais curto, mas aí estava a nadar contra a corrente. Acabei por perder tempo comparado com os outros. São mais detalhes desse tipo que são ajustados. Sei que no ciclismo, por estarmos a pedalar nos Champs Élysées, que é um empedrado muito antigo e rugoso, a corrente saltou-me duas vezes. São coisas dessas que tenho de ajustar para a próxima.
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